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Sínodo buscará caminhos para uma Igreja com rosto amazônico

O cardeal Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo (SP) e presidente da Comissão Episcopal Especial para a Amazônia, foi um dos participantes da 6ª coletiva da 56ª Assembleia Geral da Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), na tarde desta quarta-feira, 18, em Aparecida (SP). Ele falou sobre a preparação do Sínodo dos Bispos convocado pelo Papa Francisco para outubro de 2019 com o tema “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”.

Segundo dom Cláudio, a ideia de um Sínodo sobre a Pan-Amazônia já estava sendo pensada há algum tempo. “Desde que foi eleito, o Papa Francisco havia manifestado que queria ouvir os bispos da Amazônia” afirmou, recordando que, quando ele veio ao Brasil, para a Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro (2013), no seu discurso aos bispos brasileiros, ele fez uma longa alusão ao desejo de uma Igreja com “rosto amazônico”, autóctone, inclusive com um clero indígena.
O cardeal ressaltou, ainda, que na ocasião da convocação da assembleia sinodal, em 15 de outubro de 2017, o Pontífice afirmou que esse Sínodo tem o objetivo de encontrar novos caminhos e possibilidades para a Igreja na Amazônia.
Dom Cláudio acabou de retornar do Vaticano, onde participou, no dia 12, da reunião do Conselho Pré-Sinodal, que conta com a participação de cinco brasileiros. O objetivo do encontro era o documento preparatório do sínodo, que conterá um questionário para ser respondido nas Igrejas locais para serem encaminhados ao Sínodo. “O papa esteve praticamente todo o tempo conosco, ouvindo o que estamos propondo para o sínodo”, contou.
“Segundo o Papa, os primeiros interlocutores desse Sínodo são os indígenas e o povo simples, como os ribeirinhos e todos aqueles que trabalham no interior da Amazônia. Então, precisamos chegar até eles para que possam falar”, acrescentou dom Cláudio.
O cardeal Hummes apontou duas grandes realidades que serão destacadas no Sínodo: a Igreja missionária na região e a própria Amazônia enquanto área ambiental que precisa ser preservada. “Precisamos ter sempre muito claro que se trata de um encontro de Igreja, não de ONGs ou qualquer outra entidade civil ou governamental”, salientou.
Como se trata de um Sínodo dos Bispos, dom Cláudio explicou que só o episcopado terá direito a voto nas propostas finais da assembleia, mas também contará com a participação de padres, religiosas, leigos e indígenas que irão assessorar e serem ouvidos pelo papa.
Quanto ao “rosto amazônico” desejado por Francisco, o cardeal esclareceu que se trata de uma Igreja inculturada. “Ainda temos um longo caminho a percorrer na enculturação da fé cristã nas culturas indígenas e na cultura amazônica de modo geral”. Nesse aspecto, o Sínodo discutirá a necessidade de um clero autóctone, sobretudo indígena, para garantir a vida sacramental cotidiana dos povos amazônicos, escassos na região pela falta de padres.
Ainda sobre a questão indígena, dom Cláudio chamou a atenção para que, além de indigenista, a Igreja seja indígena: “Uma Igreja indigenista luta pelos direitos dos indígenas. Isso é importante e deve continuar. Mas também queremos ser uma Igreja que nasce de dentro dos próprios indígenas, onde eles são os sujeitos da sua história religiosa, são os protagonistas e sujeitos da sua história religiosa”.
Por fim, o cardeal afirmou que acredita que esse Sínodo dos Bispos pode se tornar um momento histórico de novos horizontes, não só para a Amazônia como para toda a Igreja universal.

Por Fernando Geronazzo

Fonte: CNBB

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