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Epifania e diálogo inter-religioso

A Epifania do Senhor, importante celebração do tempo do Natal, é a festa do encontro de Jesus, luz do mundo, com os povos da terra e suas culturas, incluindo a cultura pagã, representada pelos Magos. Jesus, salvador de toda a humanidade, entra no mundo dialogando com os homens e mulheres da terra, sem distinção de raça,  cultura,  cor, credo ou ideologia.  A visita dos Magos ao berço de Jesus revela a sede profunda que os povos têm de Deus. Esta sede está presente em todas as tradições religiosas.  Foi por isso que o Concílio vaticano II afirmou: “A Igreja volta seu pensamento a todos os que admitem Deus e que guardam em suas tradições, preciosos elementos religiosos e humanos (Gaudium Et spes, 92). Ora, no contexto de pluralidade religiosa de hoje, devemos buscar o diálogo inter-religioso com todas as pessoas e instituições de diferentes tradições religiosas, sempre na perspectiva de um enriquecimento mútuo e cooperação missionária para o bem da humanidade. Precisamos cultivar uma espiritualidade intercultural que nos ajude a interagir com a diversidade dos povos e suas ricas tradições religiosas. No seu livro “religiões no mundo”, o Teólogo Hans Kung afirmou:  “Não haverá paz entre as nações, se não existir paz entre as religiões e não haverá paz entre as religiões, se não existir diálogo entre as religiões”. No salmo 97  rezamos assim: “Todos os povos proclamarão a salvação que vem de Deus”.

Assim, a visita dos Magos, além de manifestar o universalismo salvífico de Jesus, nos ensina  que todos os povos da terra e suas diferentes culturas, são dados como herança Àquele que é o Rei dos Reis.  Porquanto, Jesus veio ao mundo para ser o ponto de comunhão de todos os povos e medida de todas as culturas. Hoje, é absolutamente imprescindível, na ação missionária, a valorização das diferentes culturas  e o reconhecimento de que a sementes do verbo já estão presentes, escondidas,  na vida, na cosmovisão de todos os povos da terra e suas culturas.. Na encíclica sobre a ecologia, o Papa Francisco afirmou:“a visão consumista do ser humano, incentivada pelos mecanismo da economia globalizada atual, tende a homogeneizar as culturas e a debilitar a imensa variedade cultural, que é um tesouro da humanidade (Laudato Si, 144).

Os Magos oferecem seus tesouros mais preciosos como presentes a Jesus: Ouro, incenso e mirra. Numa interpretação simbólica: O Ouro, representa a realeza divina de Jesus e reconhecimento de Jesus como o Rei dos Reis. O Incenso, símbolo da divindade é o reconhecimento que Jesus é verdadeiramente o filho de Deus. A Mirra anuncia o sofrimento de Jesus. Pois,  Ele é o Servo sofredor de Javé, segundo as palavras do profeta Isaías (Is. 53,1..). Em fim, os Magos captaram numa estrela, aquilo que as autoridades de Jerusalém, muito próximo de Belém, não conseguiram captar. Eles chegaram em Jerusalém indagando: “Onde está o Rei dos Judeus que acaba de nascer?” Herodes e sua corte, ficaram alarmados com o questionamento dos Magos. Que todos nós saibamos captar os sinais da visita de Deus nos fatos, acontecimentos e situações da vida, incluindo as doenças, provações e humilhações que passamos!  Deus nos envia o seu recado de muitos modos e maneiras. Cada pessoa tem diante de si a estrela–guia.

Assim afirmou o poeta Olavo Bilac: “As estrelas estão por aí”. É preciso captar, com humildade, o direcionamento que ela deseja apontar para a vida!  Que o Rei das nações, que outrora chamou os Magos para adorá-Lo, possa despertar nos corações adormecidos e indiferentes, o espirito de adoração a Deus. Pois, mergulhados numa cultura secularizada e “dessacralizada” onde as pessoas vivem como se Deus não existisse. E que todos nós sejamos “estrelas–guias” às pessoas desorientadas, sem rumo e necessitadas da reconfortante companhia de Deus. Lembremos a sentença do Divino mestre: “Sem mim nada podeis fazer (Jo 15,5). Coloquemos, neste novo ano que se inicia, todos os nossos  projetos, empreendimentos e  atividades produtivas, sob a proteção do altíssimo!

Feliz e abençoado o ano todo!

Pe.Deusdédit de Almeida é sacerdote Diocesano e Pároco da Paróquia C. Imaculado de Maria (Cuiabá)

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