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Papa se reúne com bispos da América Central JMJ2019

Na viagem ao Panamá, Papa se reúne com bispos da América Central

Discurso articulado do Pontífice evocou figura de São Óscar Romero e pediu aos bispos proximidade ao povo e aos sacerdotes
Da Redação, com Santa Sé

Um discurso longo, articulado, evocando diversas vezes a figura de São Oscar Romero. Assim foi, em resumo, o discurso do Papa Francisco aos bispos da América Central nesta quinta-feira, 24. Francisco encontrou-se com eles na Igreja de São Francisco de Assis, dentro da programação de sua viagem ao Panamá por ocasião da Jornada Mundial da Juventude 2019.
“Sinto-me feliz por poder encontrar-vos e partilhar, de forma mais familiar e direta, os vossos anseios, projetos e sonhos de pastores a quem o Senhor confiou o cuidado do seu povo santo. Obrigado pela recepção fraterna”, disse o Papa abrindo seu discurso.
Francisco recordou a criação do Secretariado Episcopal da América Central (Sedac), em 1942, o primeiro organismo de comunhão episcopal na América. Segundo ele, trata-se de um espaço de comunhão, discernimento e empenho que enriquece a Igreja.
Entre os frutos proféticos da Igreja na América Central, o Papa destacou a figura de São Óscar Romero, canonizado recentemente, em outubro de 2018 no contexto do Sínodo dos Bispos dedicado aos jovens. “A sua vida e magistério são fonte constante de inspiração para as nossas Igrejas e particularmente para nós, bispos”.
Da vida do santo, o Papa destacou o “sentir com a Igreja”, princípio inspirador e a realidade de sua vida de pastor. “Romero sentiu com a Igreja, porque, antes de mais nada, amou a Igreja como mãe que o gerou na fé, considerando-se membro e parte dela (…) Em suma, para ele, sentir com a Igreja é tomar parte na glória da Igreja, que consiste em trazer no próprio íntimo toda a kenosis de Cristo”.
O Santo Padre ressaltou aos bispos que a kenosis de Cristo não é algo do passado, mas lembra que Deus salva na história, na vida de cada ser humano, e vai ao seu encontro. Daqui, a exortação aos bispos a fim de que não tenham medo de se aproximar do povo e tocar suas feridas, e fazer isso no estilo do Senhor.
“O pastor não pode estar longe do sofrimento do seu povo; mais ainda, poderíamos dizer que o coração do pastor mede-se pela sua capacidade de deixar-se comover à vista de tantas vidas feridas e ameaçadas”.

A kenosis de Cristo é jovem
Mencionando o contexto da Jornada Mundial da Juventude, Francisco recordou que este evento é oportunidade única de ir ao encontro e aproximar-se mais da realidade dos jovens, cheia de sonhos, mas também de feridas.
Dos jovens, o Papa destacou a inquietude, um ponto a ser apreciado, respeitado e acompanhado, uma vez que faz lembrar que o pastor nunca deixa de ser discípulo e está a caminho. Francisco exortou os bispos a promover programas e centros educativos que saibam acompanhar os jovens, antes que a cultura de morte se apodere e aproveite da sua imaginação.
Nesse ponto, o Papa citou tantas situações conflituosas que envolvem os jovens: violência doméstica, feminicídio, bandas armadas e criminosas, tráfico de drogas, exploração sexual de menores. E na raiz de muitas desses situações está a experiência da orfandade, constatou o Papa. “Lares desfeitos devido tantas vezes a um sistema econômico que deixou de ter como prioridade as pessoas e o bem comum, fazendo da especulação o «seu paraíso» onde continuar a «engordar» sem se importar à custa de quem. Assim, os nossos jovens sem o calor duma casa, nem família, nem comunidade, nem pertença são deixados à mercê do primeiro vigarista que lhes apareça”.

Migração
Citando a última carta pastoral do Sedac, que mencionava o impacto da migração nessa região, o Papa lembrou que muitos migrantes têm rosto jovem: procuram um bem maior para a própria família.
“Graças à sua universalidade, a Igreja pode oferecer uma hospitalidade fraterna e acolhedora, de modo que as comunidades de origem e destino dialoguem e contribuam para superar medos e difidências e fortalecer os laços que as migrações, no imaginário coletivo, ameaçam romper”.
O cuidado e proximidade aos sacerdotes
A última parte do discurso foi dedicada aos sacerdotes. Francisco falou aos bispos sobre a necessidade de acompanhar os padres, ocupar-se deles. “Isto faz de nós pais fecundos”, ressaltou.
Os padres, destacou Papa Francisco, estão na linha de frente com a responsabilidade de fazer com que o povo seja o povo de Deus. Eles estão sujeitos a inúmeras situações diárias que podem deixá-los vulneráveis, e por isso mesmo precisam da proximidade, compreensão, encorajamento e paternidade dos bispos.
“Há muitas coisas que fazemos todos os dias e que deveríamos confiar a outrem. Aquilo que, ao contrário, não podemos delegar é a capacidade de ouvir, a capacidade de acompanhar a saúde e a vida dos nossos sacerdotes”.
Na conclusão do encontro, Francisco rezou com os bispos uma Ave Maria, pedindo que ela ajude os pastores a servir melhor o Corpo de Cristo, o seu povo que caminha, vive e reza na América Central. E despediu-se ao seu modo tradicional: “Por favor, não vos esqueçais de rezar por mim”.

Próximos compromissos
O encontro com os bispos foi o segundo compromisso oficial do Papa Francisco em via viagem ao Panamá. Antes disso, ele encontrou-se com as autoridades do país, no Palácio Bolívar.
A próxima parada de Francisco é o Campo Santa Maria la Antigua – Cinta Costera, para a cerimônia de acolhida e abertura da JMJ.
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