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“Deus nos quer livres e Seu amor nos liberta”, afirma Papa

“Seja feita a vossa vontade” foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência desta quarta-feira, 20
Da redação, com Vatican News

Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal (Canção Nova)

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Prosseguindo as nossas catequeses sobre “Pai Nosso”, hoje nos concentramos na terceira invocação: “Seja feita a vossa vontade”. Essa é lida em unidade com as duas primeiras – “santificado seja o vosso nome” e “venha a nós o vosso reino” – de forma que o todo forme um tríptico: “santificado seja o vosso nome”, “venha a nós o vosso reino”, “seja feita a vossa vontade”. Hoje falaremos da terceira.


Antes do cuidado do mundo da parte do homem, há o cuidado incansável que Deus usa com o homem e com o mundo. Todo o Evangelho reflete esta inversão de perspectiva. O pecador Zaqueu sobe sobre uma árvore porque quer ver Jesus, mas não sabe que, muito antes, Deus havia se colocado próximo a ele. Jesus, quando chega, lhe diz: “Zaqueu, desce logo, porque hoje vou à tua casa”. E no fim declara: “O Filho do homem de fato veio buscar e salvar quem estava perdido” (Lc 19, 5.10). Eis a vontade de Deus, aquela que nós rezamos para que seja feita. Qual é a vontade de Deus encarnada em Jesus? : Procurar e salvar o que estava perdido. E nós, na oração, pedimos que a busca de Deus vá a bom fim, que o seu desejo universal de salvação se realiza, primeiro, em cada um de nós e depois em todo o mundo. Vocês pensaram o que significa que Deus esteja em busca de mim? Cada um de nós pode dizer: “Mas, Deus me procura?” – “Sim! Procura-te! Procura-me”: procura cada um, pessoalmente. Mas é grande Deus! Quanto amor há por trás de tudo isso.
Deus não é ambíguo, não se esconde atrás de enigmas, não planejou a vinda do mundo de maneira indecifrável. Não, Ele é claro. Se não compreendemos isso, arriscamos não entender o sentido da terceira expressão do “Pai Nosso”. De fato, a Bíblia está cheia de expressões que nos contam a vontade positiva de Deus com relação ao mundo. E no Catecismo da Igreja Católica encontramos uma coleção de citações que testemunham essa fiel e paciente vontade divina (cfr nn. 2821-2827). E São Paulo, na Primeira Carta a Timóteo, escreve: “Deus quer que todos os homens sejam salvos e alcancem a consciência da verdade” (2, 4). Esta, sem sombra de dúvida, é a vontade de Deus: a salvação do homem, dos homens, de cada um de nós. Deus, com o seu amor, bate à porta do nosso coração. Por que? Para nos atrair; para nos atrair a Ele e levar-nos adiante no caminho da salvação. Deus está próximo de cada um de nós com o seu amor, para nos levar pela mão à salvação. Quando amor está por trás disso!
Portanto, rezando “seja feita a vossa vontade”, não somos convidados a dobrar a cabeça servilmente, como se fôssemos escravos. Não! Deus nos quer livres; é o amor Dele que nos liberta. O “Pai Nosso”, de fato, é a oração dos filhos, não dos escravos; mas dos filhos que conhecem o coração do seu pai e estão certos do seu desígnio de amor. Ai de nós se, pronunciando essas palavras, levantássemos os ombros em sinal de rendição diante de um destino que não podemos mudar. Ao contrário, é uma oração cheia de confiança ardente em Deus, que quer para nós o bem, a vida, a salvação. Uma oração corajosa, também combativa, porque no mundo há tantas realidades que não são segundo o plano de Deus. Todos as conhecemos. Parafraseando o profeta Isaías, poderemos dizer: “Aqui, Pai, há a guerra, a prevaricação, a exploração; mas sabemos que Tu queres o nosso bem, por isso te suplicamos: seja feita a vossa vontade! Senhor, derrube os planos do mundo, transforme as espadas em arado e as lanças em foice; que ninguém se exercite mais na arte da guerra!” (cfr 2, 4). Deus quer a paz.
O “Pai Nosso” é uma oração que acende em nós o mesmo amor de Jesus pela vontade do Pai, uma chama que leva a transformar o mundo com o amor. O cristão não acredita em um “fato” inelutável. Não há nada de aleatório na fé dos cristãos: há, em vez disso, uma salvação que espera manifestar-se na vida de cada homem e mulher e de realizar-se na eternidade. Se rezamos é porque acreditamos que Deus pode e quer transformar a realidade vencendo o mal com o bem. A este Deus tem sentido obedecer e abandonar-se também na hora da prova mais difícil.
Assim foi para Jesus no jardim do Getsemani, quando experimentou a angústia e rezou: “Pai, se queres, afasta de mim este cálice! Todavia, não seja feita a minha, mas a tua vontade” (Lc 22, 42). Jesus é esmagado pelo mal do mundo, mas se abandona confiante ao oceano do amor da vontade do Pai. Também os mártires, em sua provação, não procuravam a morte, procuravam o pós- morte, a ressurreição. Deus, por amor, pode levar-nos a caminhar sobre caminhos difíceis, a experimentar feridas e espinhos dolorosos, mas nunca nos abandonará. Sempre estará conosco, próximo a nós, dentro de nós. Para quem crê, essa, mais que uma esperança, é uma certeza. Deus está comigo. A mesma que encontramos naquela parábola do Evangelho de Lucas dedicada à necessidade de rezar sempre. Diz Jesus: “Por acaso não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que estão clamando por ele dia e noite? Porventura tardará em socorrê-los? Digo-vos que em breve lhes fará justiça” (18,7-8). Assim é o Senhor, assim nos ama, assim nos quer bem. Mas, quero convidá-los agora, todos juntos, a rezar o Pai Nosso. E aqueles de vocês que não sabem o italiano, rezem na própria língua. Rezemos juntos.

Oração do Pai Nosso.

Catequese do Papa Francisco – 20/03/19

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