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Cuiabá e suas Tradições Religiosas (300 anos de Cuiabá)

Assim sentenciou o grande Cícero: “Ignorar o que aconteceu antes de termos nascidos equivale a sermos sempre crianças”. Por isso, a celebração do Tricentenário nos impele a mergulhar em nosso passado para sermos iluminados por suas luzes e precavidos de seus defeitos. Foi sob o auspício do Senhor Bom Jesus, nosso padroeiro, que surgiu Cuiabá. Denominada, em 1719, pelo capitão Mor Pascoal Moreira Cabral e seus companheiros,  de Arrraial do Cuiabá. Logo em seguida, em 1721,  o Pe. Jerônimo Botelho celebra a primeira missa, à margens do Rio Coxipó Mirim, onde foi erguida a pequenina capela de N. Sra. da Penha de França, às margens das águas cantantes do Rio Coxipó.  Portanto, Cuiabá nasce sob as luzes da cruz de Cristo!  Por isso, nesta histórica data, vamos elevar os corações e mentes para Deus para  cantarmos juntos o “Te Deum”  de ação de graças dos corações exultantes e agradecidos pelas bênçãos divinas!  Que esta festividade seja, verdadeiramente, uma sinfonia de afetos, congraçamentos e alegrias emanadas da fé, proclamada pelas mais diversas tradições religiosas que  alavancaram a história desta  bela  e hospitaleira  cidade.

Na rica  cultura  cuiabana está escondida  uma fé muito viva, verdadeira e pura. Isto porque, desde sua fundação, Cuiabá se transformou  num repositório  incomparável de religiosidade, devoções e fé. Este fervor espiritual do povo se expressa, sobretudo, na festa do Senhor Divino e São Benedito. Com o passar dos anos surgiram, também, outras tradições religiosas, tais como: evangélicos, espíritas, judeus, muçulmanos, budistas e  afrodescendentes (Candoblé, Ubandas  e outras). Assim, o mosaico religioso da nossa cidade, hoje, é formado por  diferentes crenças. São tradições que professam a fé em Deus e guardam preciosos elementos humanos e espirituais. Embalados pelo progresso, pela secularização e homogeneização cultural, às vezes,  olvidamos o passado e não respeitamos as tradições  culturais e religiosas da nossa gente. E é esse passado que, em grande parte, explica o presente. Explica, por exemplo, o sentimento religioso e acolhedor do povo Cuiabano.  Esperamos que esta boa e respeitosa  convivência entre as tradições religiosas que marcaram este 300 anos, devem continuar  no futuro.  Pois, diante do crescente pluralismo contemporâneo, só há um caminho: o dialogo inter-religioso. O diálogo não é  uma tentativa de impor aos outros a própria  visão de fé. Não é tática de conquista.

Mas é estreitamento da comunhão, da fraternidade, da reconciliação e da mútua estima entre as diferentes tradições religiosas. Porquanto, o diálogo possibilita escutar o outro com respeito, procurando discernir o que há de bom e verdadeiro em cada crença religiosa e cooperar com tudo aquilo que favorece a mútua compreensão e a paz. Assim proferiu o teólogo católico Hans Kung: “Não haverá paz entre as nações, se não existir paz entre as religiões. Não haverá paz entre as religiões, se não existir diálogo entre as religiões”. Vejo que um dos grandes tesouros desta cidade são suas igrejas! Nunca é demais afirmar que a religião é um elemento moderador e disciplinador do caráter do ser humano.  Assim a coexistência pacífica das diferentes tradições religiosas e Igrejas, além de contribuir com a formação moral do nosso povo, embeleza artisticamente a  cidade e cria uma mística fé num ambiente secularizado.

Finalizo relembrando a fala poética do saudoso e imortal D. Aquino sobre Cuiabá: “Oh! Cuiabá das lendas brasileiras. Foste o sonho de glória das bandeiras. Eldorado de luz e de bonança. O teu futuro está profetizado: foste a cidade de ouro no passado. És a cidade verde na esperança”. Sim, que Cuiabá seja a cidade da esperança e das oportunidades para todos!  Parabéns Cuiabá! Que o Senhor Bom Jesus derrame, ricamente, as bênçãos divinas sobre nossa   lendária  e tricentenária cidade!
Pe. Deusdédit é Pároco da Paróquia Coração Imaculado de Maria  (Cuiabá) e membro do CONIC (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs)

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