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O Papa a Scholas Occurrentes: educar é ouvir, criar cultura, celebrar

“Scholas nasceu de uma crise, mas não levantou os punhos para lutar com a cultura, nem baixou os braços para se resignar, nem saiu chorando: Que calamidade, que tempos terríveis! Saiu para ouvir o coração dos jovens, para cultivar a nova realidade”, disse Francisco na videomensagem, inaugurando a Universidade do Sentido no Dia Mundial do Meio Ambiente.
Mariangela Jaguraba – Vatican News

Na mensagem de vídeo, divulgada nesta sexta-feira (05/06), o Papa Francisco falou aos jovens que participam do encontro virtual, através da plataforma Zoom, promovido por Scholas Occurrentes, para celebrar a Universidade do Sentido.
“É uma grande alegria poder chamá-los de “comunidade”. Comunidade de amigos, comunidade de irmãos, irmãs”, diz o Papa, recordando o início da criação da universidade: “Dois professores, em meio a uma crise, com um pouco de loucura e um pouco de intuição. Uma coisa não programada, vivida enquanto se prosseguia. A crise naqueles tempos deixava uma terra de violência e aquela educação uniu os jovens, gerando sentido, gerando beleza”.
Segundo o Papa, três imagens desse caminho ele conserva em seu coração, “três imagens que guiaram os três anos de reflexão e encontro: o louco de “La strada” de Fellini, “A vocação de Mateus” de Caravaggio, e “O idiota” de Dostoevskij.
Crise significa ruptura, mas também oportunidade
“O sentido, o louco, o chamado, Mateus e a beleza. As três histórias são a história de uma crise. E nas três, a responsabilidade humana está em jogo. Crise significa ruptura, corte, abertura, perigo, mas também oportunidade.”
Quando as raízes precisam de espaço para continuar crescendo, o vaso acaba se rompendo. A questão é que a vida é maior que a nossa própria vida e, portanto, se quebra. Mas isso é a vida! Cresce, se rompe.
Pobre humanidade sem crise! Toda perfeita, toda arrumada, toda engomada. Pobre! Uma humanidade assim seria uma humanidade doente, muito doente. Graças a Deus que isso não acontece. Seria uma humanidade adormecida.
Scholas saiu para ouvir o coração dos jovens
“Por outro lado”, disse ainda o Papa, “assim como a crise nos anima chamando-nos ao aberto, o perigo se apresenta quando não nos ensina a nos relacionar com essa abertura. Portanto, as crises, se não forem bem acompanhadas, são perigosas, porque é possível se desorientar. O conselho dos sábios, mesmo para as pequenas crises pessoais, conjugais e sociais é: “Nunca entre na crise sozinho, seja acompanhado”.
“Na crise, o medo nos invade, nos fechamos como indivíduos, ou começamos a repetir o que muito pouco serve, esvaziando-nos de sentido, escondendo o próprio chamado, perdendo a beleza. Isso é o que acontece quando alguém atravessa uma crise sozinho, sem reservas. Essa beleza que, como disse Dostoevskij, salvará o mundo”, sublinhou o Papa.
Scholas nasceu de uma crise, mas não levantou os punhos para lutar com a cultura, nem baixou os braços para se resignar, nem saiu chorando: Que calamidade, que tempos terríveis! Saiu para ouvir o coração dos jovens, para cultivar a nova realidade. Isto não está funcionando? Vamos procurar ali.
Educar é ouvir, criar cultura, celebrar
“Scholas olha através das fendas do mundo, não com a cabeça, mas com todo o corpo, para ver se através da abertura retorna outra resposta. E isso é educar. A educação ouve ou então não educa. Se não se escuta, não se educa. A educação cria cultura ou não educa. A educação nos ensina a celebrar ou não educa.”
Alguém poderia me dizer: “Mas como, educar não é saber as coisas?” Não. “Isso é saber”, sublinhou o Papa. “Educar é ouvir, criar cultura, celebrar. E deste modo Scholas foi crescendo”.
Vi nas Scholas professores e estudantes japoneses dançarem com colombianos. É impossível? Eu vi isso. Vi jovens israelenses brincando com jovens palestinos. Eu os vi. Os estudantes haitianos pensarem com os de Dubai. As crianças moçambicanas desenhar com as de Portugal. Vi, entre Oriente e Ocidente, uma oliveira criar a cultura do encontro.
Gratidão, sentido e beleza
O Papa concluiu, dizendo que “nesta nova crise que a humanidade está enfrentando hoje, onde a cultura demonstrou que perdeu sua vitalidade” ele deseja “comemorar o fato de que Scholas, como comunidade que educa, como uma intuição que cresce, abre as portas da Universidade do Sentido. Porque educar é buscar e ensinar o sentido das coisas”.
“Nunca se esqueçam dessas três palavras: gratidão, sentido e beleza. Elas podem parecer inúteis, sobretudo hoje. Quem cria uma empresa procurando gratidão, sentido e beleza? Não produz, não produz. No entanto, dessas coisas que parecem inúteis dependem toda a humanidade, o futuro.”

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