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Fraternidade e diálogo: Compromisso de Amor

FRATERNIDADE E DIÁLOGO: COMPROMISSO DE AMOR
A Campanha da fraternidade ecumênica(CFE), celebrada a cada cinco anos, representa um das experiências ecumênicas mais valiosas da missão evangelizadora em nosso País. Sua realização, mais do que identificar temas e lemas para serem refletidos, é um sinal de esperança no campo ecumenismo entre as Igrejas cristãs e da cooperação missionária em favor da promoção e defesa da vida, da justiça, e da cultura da paz na sociedade. Objetivo ou foco maior da campanha ecumênica é responder ao comovente apelo e de Jesus, na vigília do seu sacrifício: “Pai que todos sejam um para que o mundo creia (Jo17, 21).

Por ser ecumênica, o texto base contempla outras visões religiosas e não apenas a visão Católica. Pois, o ecumenismo se faz a partir dos pontos de coincidências e comuns entre as Igrejas cristãs. Na verdade, “o que nos une é infinitamente maior, do aquilo que nos separa ou divide” (São João XIII). Após a realização do Concílio Vaticano II (1962-65), convocado pelo Papa João XXIII, intensificaram-se as relações fraternas entre algumas Igrejas cristãs. Entretanto, só no ano dois mil, com a celebração do grande Jubileu do Redentor, acontece a primeira Campanha ecumênica. Esta quinta campanha da fraternidade, nos propõe o diálogo sobre um lema que une as Igrejas Cristãs: “Cristo é nossa paz: do que era dividido fez uma unidade” (Ef 2,14). O lema nos sugere que a fé em Jesus Cristo nos compromete a derrubarmos os muros das divisões e do ódio, construindo pontes de amor e paz. A unidade é fruto do Espírito, derramado abundantemente em pentecostes.

O Espírito Santo nos ajuda a reconhecermos como humanidade diversa, convivendo com as diferentes culturas e tradições religiosas. Porquanto, o grande milagre de pentecostes foi a construção da unidade na diversidade de dons e línguas. A diversidade presente na criação não é negativa, mas é a revelação da irrestrita amorosidade de Deus para com a humanidade. Assim disse Jesus: “tomai cuidado com o fermento de Herodes” (Mc 8,15). Fermento do Sanguinário Herodes é a brutalidade, a crueldade, a violência e o ódio. Um questionamento: nossa prática cristã promove a paz ou potencializa o ódio? Nosso discurso constrói pontes ou aumenta o muro da separação entre as pessoas? Semeamos a compreensão ou discórdia entre as pessoas?

A sociedade A brasileira vive momentos difíceis por causa dos muitos muros construídos: do racismo estrutural, do machismo, do feminicídio, das desigualdades sociais e econômicas, da dificuldade de conviver com opiniões diferentes, da polarização ideológica e ataque às Instituições democráticas do Estado de Direito. O texto base traz como paradigma a conversão de Paulo, que passou de perseguidor violento das primeiras comunidades cristãs a uma pessoa que promoveu a convivência fraterna, a coexistência nas comunidades, e a superação dos preconceitos entre Judeus e Gentios. Finalizo com uma mensagem do Cardeal José Tolentino Mendonça, trazida pelo texto base: “Livra-nos Senhor do Coronavírus, mas também de todos os outros que escondem dentro dele. Livra-nos do Pânico disseminado, que em vez de construir sabedoria, nos atira para o labirinto da angústia. Livra-nos do vírus do desânimo, que nos retira a fortaleza de alma com que melhor se enfrentam as horas difíceis. Livra-nos do vírus do individualismo que faz crescer as muralhas, mas explode em nosso redor todas as pontes. Livra-nos do vírus da comunicação vazia em doses massivas, pois essa se sobrepõe à verdade das palavras que nos chegam do silêncio”.

Lembramos que o edifício da paz, tão precioso e precário ao mesmo tempo, só pode ser construído sobre as bases de uma ética de solidariedade, de justiça, de amor, de um fecundo diálogo, de uma relação amorosa e respeitosa entre as religiões. Lições da história: o primeiro milênio foi marcado pela unidade cristã, o segundo milênio foi marcado pelas divisões. O terceiro milênio, esperamos firmemente que seja marcado pelo diálogo religioso e inter-religioso, pela tolerância, pela reintegração da unidade cristã, pela estima mútua e afeto fraterno entre as Igrejas.

Pe. Deusdédit é cura da Catedral Basílica do Senhor bom Jesus de Cuiabá.

 

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