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VII Centenário da morte de Dante Alighieri

Seguindo a rica tradição dos Pontífices anteriores, o Papa Francisco publicou uma carta Apostólica, em Março de 2021, com o título: CONDOR LUCIS AETERNAE-(Esplendor da luz eterna), para marcar o VII centenário da morte do insigne poeta Florentino: Dante Alighieri (Florença-Itália – 1265-1321). Esta carta Apostólica marca, também, o centenário da carta Encíclica do Papa Bento XV (1921): “In plaeclara summorum”( no mais ilustre do mais elevado), publicada na comemoração do VI centenário da morte do sumo Poeta(1921). A tradição Católica sempre reverenciou e demonstrou profundo apreço por este brilhante, iluminado e imortal Poeta Católico que encantou o mundo com suas obras literárias.

Na visão Católica, Dante Alighieri é considerado “um profeta da esperança e testemunho da sede de infinito presente no coração humano. Com a beleza da poesia, soube exprimir melhor que muitos outros a profundidade do mistério de Deus e do amor” (CLA, p.5). É um poeta extraordinário cuja alma, há 700 anos atrás, evolando-se do corpo realizava, a misteriosa viagem pela eternidade: Inferno, Purgatório e Paraíso. Os três cânticos incomparáveis do poema que ele modestamente batizara de Comédia, mas no futuro que se seguiu, por unanimidade, foi crismado com o epíteto supremo de “Divindade”. Assim ficou chamada de: A Divina Comédia. Essas três colunas magnificas do Poeta, são dogmas solenes da nossa fé cristã. São verdades eternas que o cristão deve sempre trazer continuamente diante dos olhos. Sobre estes três pilares, construiu Dante Alighieri a sua gigantesca arquitetura, cujas linhas mestras são todas projetadas pela teologia Católica.

A fé cristã se manifesta tão brilhantemente na obra do estupendo Poeta. Dante, dentro do contexto medieval, como ninguém, conseguiu unir a fé com a razão. Na sua viagem, Dante se deixa guiar pelo dileto Virgílio (poeta Romano), símbolo da razão humana e Beatriz, sua paixão e sua musa angelical, símbolo da fé ou ciência Divina. Fé e razão foram as duas asas que levou Dante a voar para contemplar o esplendor das verdades eternas que ele divinamente proclamou. Vemos nele a suprema elevação da arte poética imortalizada sobre as asas da religião e do amor. Assim discursou D. Aquino, na comemoração do VI centenário da morte de Dante Alighieri(1921): “A poesia do amor palpitou em ondas de harmonia na lira excelsa de Dante Alighieri”. Entretanto, a mais proeminente e eloquente obra de Dante, Indiscutivelmente, foi a Divina Comédia.

Obra que o imortalizou e o consagrou na história. Assim proferiu São Paulo VI: “A Divina comédia não se propôs apenas a ser poeticamente bela e moralmente boa, mas se propôs a ser capaz de mudar radicalmente o homem e leva-lo da desordem à sabedoria, do pecado à santidade, da miséria à felicidade, da visão terrificante do inferno à contemplação beatificante do Paraiso”. A Divina Comédia representou um julgamento moral e político de Dante, às vezes extremamente severo, mas que simbolizou o sonho de transformar a humanidade, mostrando-lhe as verdades eternas que ele descobriu.

Para compreendermos a sua severidade, temos que voltar na linha do tempo até a idade média. Somente assim vamos compreender melhor a finalidade intrínseca da Divina Comédia. Finalidade essa, nem sempre claramente apreciada e avaliada. Porquanto, todo homem é filho do seu tempo! É uma miopia intelectual, julgar o passado com a cabeça de hoje. Impossível compreender os antepassados e seus feitos, com objetividade e justiça, se não se reconstituir as grandes linhas de pensamento e ação da respectiva época. Enfim, em sua magnifica obra poética, Dante Alighieri reconhece que somente quem é movido pelo amor pode verdadeiramente apoiar o seu semelhante na transformação de sua vida, e, consequentemente, na construção da sua felicidade.

Disse S. Paulo VI a respeito deste gênio da poesia: “Em Dante Alighieri, todos os valores humanos: intelectuais, morais, afetivos, culturais e civis, são reconhecidos e exaltados. Daí nasce o apelativo de Sumo poeta e o atributo de Divina dado à comédia…é o poema da melhoria social na conquista da liberdade, que está isenta da escravidão do mal e nos leva a encontrar e amar a Deus” (“Altissimi cantus”-1965- Paulo VI).
Pe. Deusdédit é Padre da Catedral Basílica do Senhor Bom Jesus de Cuiabá.

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