Festejando a Páscoa

A Páscoa é mais importante festa do calendário judaico-cristão, cuja descrição está no sagrado livro do Êxodo: “Este mês será para vocês o principal, o primeiro mês do ano…este dia será para vós uma festa memorável em honra do Senhor, que haveis de celebrar por todas as gerações, como Instituição perpétua” (Ex 12,1.14). O rito pascal antigo, consistia na celebração de um banquete no primeiro mês do ano, no qual era imolado um cordeiro, o qual devia ser assado inteiro e partilhado em família. Os comensais comiam-no em pé, com sandálias nos pés- acompanhado de Pão sem fermento e ervas amargas. Estes símbolos litúrgicos expressavam amargura da escravidão, a pressa para sair da opressão e prontidão para a partida.

É o desejo ardente de libertação e da liberdade. A proeminência desta memorável celebração une os Judeus do mundo inteiro, até hoje. É parte da identidade cultural judaica. Nesta celebração é lembrada e atualizada a memória da libertação do povo Hebreu do jugo dos Egípcios por uma série de intervenções salvadoras, das quais, a mais forte foi a décima praga: o extermínio dos primogênitos Egípcios (Ex.11,5).

Assim, a páscoa transformou-se numa Instituição perpétua, como memória da libertação do povo de Deus e com o objetivo de reavivar a fidelidade aos compromissos da aliança com o verdadeiro Deus. O mesmo texto bíblico, que narra a Instituição da Páscoa judaica, é proclamado, também, na celebração Católica da Quinta-feira Santa. Porquanto, para a tradição católica, a Páscoa judaica é uma das tipologias ou imagens bíblicas do Antigo Testamento que anunciam a Eucaristia, augustíssimo sacramento, instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo no novo testamento. No Novo testamento Jesus Cristo deu um sentido novo para a festa da Páscoa. É o que chamamos de Páscoa cristã: sua passagem deste mundo para o Pai. É por isso que os evangelistas registram o horário das 15h00 para a morte de Cristo, pois, é o mesmo horário em que os Judeus sacrificavam os cordeiros pascais no templo (matança dos cordeiros). Durante os festejos da Páscoa judaica, Jesus, livremente, entrega sua vida ao Pai pela redenção do mundo. O apóstolo Paulo nos diz: “Cristo por nós se fez obediente até a morte e morte de cruz (Fl 2,8)”. Jesus, o Filho de Deus, é o cordeiro imolado para a vida do mundo.

Com seu precioso sangue Ele consolidou, definitivamente, a nova e eterna aliança, reconciliando os homens com Deus e entre si. A Páscoa cristã é, portanto, o núcleo ou eixo central da fé e da liturgia cristã. É, indiscutivelmente, o acontecimento mais importante da história da salvação. O Pai entrega o seu filho, num gesto de amor sem limite pelos homens, e o filho entrega sua vida num gesto de total obediência ao Pai. Somos, pois, chamados a morrer com Cristo e ressuscitar com ele, conforme as palavras de São Paulo “Portanto, se ressuscitastes com Cristo Buscai as coisas do alto (Cl 3,1)”. A vida nova em Cristo transcende e ultrapassa as circunstâncias da experiência terrena e humana. Ser nova criatura significa buscar a reconciliação, a concórdia, o diálogo, o perdão, compreensão e amabilidade no trato com as pessoas, pressupostos indispensáveis para a construção da civilização do amor e da cultura da paz. Lembramos que acima das diferenças pessoais, culturais, ideológicas, teológicas e diferentes visões de mundo, está a fraternidade humana. Pois, Somos filhos de um mesmo Pai.

A amizade social transcendem nossas diferenças. Jesus, luz pascal, é a referência da paz e do perdão: “Pai perdoa-lhes! eles não sabem o que estão fazendo! (Lc 23,34)”. A grande lição da páscoa é, portanto, o amor aos inimigos, mediante o perdão. O perdão, reconforta e cura as feridas de uma alma ressentida. A vida é bela demais para ser empobrecida pelo rancor, pelo ódio e pela amargura. Que Jesus Cristo, a luz pascal, ilumine, proteja e abençoe ricamente a nossa querida Cuiabá, que canta, neste ano, o “Te Deum” de ação de graças pelos 304 anos. Cidade cantada em poesia por D. Aquino: “Oh! Cuiabá, das lendas brasileiras. Foste o sonho de glória das bandeiras. Eldorado de luz e de bonança. O teu futuro está profetizado: foste a cidade de ouro no passado. És a cidade Verde na esperança!” Parabéns Cuiabá! Casa do Senhor Bom Jesus, do Senhor Divino e S. Benedito!
Feliz, santa e renovadora Páscoa para todos!

Pe. Deusdédit – Vigário Geral da Arquidiocese de Cuiabá

 

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