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Caminho de Felicidade(6o domingo do tempo comum)

EVANGELHO: CAMINHO DE FELICIDADE
6o  domingo do tempo comum.
1ª Leitura – Jr 17,5-8
2ª Leitura – 1Cor 15,12.16-20
Evangelho – Lc 6,17.20-26
Querido irmão e irmã internauta, hoje vamos meditar a palavra do Santo Evangelho. No evangelho de hoje existe um forte convite a viver na esperança, na alegria da esperança. Esta esperança nos é apresentada como caminho de felicidade e aqui está o centro do evangelho de hoje: não existe felicidade que se repete para ninguém, a felicidade é um caminho que cada um de nós fazemos. Nasce do olhar, da percepção da presença de Deus no nosso meio, quando rezamos, quando sorrimos para alguém, quando enchemos de ternura os nossos “bom dias” às pessoas, pois somos felizes porque vivemos na alegria de nosso Deus. São Paulo usa uma expressão muito feliz quando diz que “o tempo se abreviou”. Quer dizer que a felicidade se tornou próxima, presente em nosso meio, o Reino de Deus se abriu para nós de forma definitiva e única, em Jesus Cristo, “a Palavra abreviada do Pai”, no qual está contido todas a riquezas da graça de Deus, por isso podemos ser felizes, nada pode nos impedir de vivermos o nosso caminho de felicidade, a não ser nós mesmos, os nossos apegos, a distorção da realidade.
Na liturgia das horas deste domingo, a Igreja coloca na boca de todos os fiéis as palavras de Santo Efrém. São palavras simples e profundas:
A palavra de Deus, diante das diversas percepções dos discípulos, oferece múltiplas facetas. O Senhor coloriu com muitos tons sua palavra. Assim, quem quiser conhecê-la, pode nela contemplar aquilo que lhe agrada. Nela escondeu inúmeros tesouros, para que neles se enriqueçam todos os que a eles se aplicarem.
Veja que lindo, “a palavra de Deus, diante das diversas percepções dos discípulos, oferece múltiplas facetas – para sermos felizes. Ela é única para cada um de nós, não se repete, mas convida a fazermos o nosso próprio caminho de felicidade.
Assim podemos dizer que o evangelho das bem-aventuranças (que em português se pode traduzir por felicidade) nos sugere também uma outra reflexão. Um cristão não deve se conformar com a mentalidade deste mundo por medo de ser criticado ou pelo desejo de que todos digam bem dele, isto colocaria em risco a nossa autêntica felicidade. O Senhor nos diz: “Ai de vós quando todos os vos elogiarem. Do mesmo modo fizeram os pais deles com os falsos profetas”. Se as pessoas nos criticam porque não vivemos bem o evangelho, porque não testemunhamos com a vida a Palavra de Deus, porque falamos mal uns dos outros, é sinal que devemos mudar, nos converter. Mas se somos criticados porque não seguimos os critérios do mundo, devemos permanecer firmes na nossa esperança e na fidelidade ao evangelho. Assim a felicidade prometida pelo Senhor já será realidade em nós agora.
Em palavras simples temos que aprender a nos desprogramar-nos de nossa rigidez. O contrário da felicidade é o medo, e o medo nos torna pessoas inseguras, a ponto de acreditarmos que cada pessoa tem a posse da verdade, isto se contrapõe ao que Santo Efrém nos disse acima, a verdade é única, mas a forma de percebê-la é também única para cada um, não se repete para ninguém, ela gera comunhão, partilha e diálogo. Se isto não se concretiza somos paralisados pelo medo, bloqueamos em nós a presença de Deus, sua ternura, nos esquecemos que ele não violenta e nem agride, mas age na serenidade de um amor sem limites e mediadas. Mas se ao contrário, estivermos dispostos à mudança, abrindo-nos à realidade como ela é, como ela se apresenta em sua profundidade mais íntima, veremos como tudo muda à nossa volta, descobrimos que era a nossa mente que estava enganada. Podemos assim nos lembrarmos daquele ditado que diz: “Em vez de carpetar o mundo todo para não tropeçar, é melhor que você calce os seus sapatos” Assim podemos nos perguntar se é possível conseguir a felicidade?
Quando abandonamos as nossas alucinações, veremos que a felicidade sempre esteve em nós, o problema é que fomos obrigados a engolir determinadas exigências da cultura, dos desejos impostos pelo poder, dos medos que nos faz ceder a todos os mecanismos de manipulação e domínio, e assim a felicidade é sufocada e afogada dentro de nós. Reconhecer isto já é um grande passo. Nasce novamente a humildade de bebermos da bondade de Deus, sem com isto entrarmos em competição e rivalidade, pois quem é feliz não compara e nem compete, se é feliz e basta, o oposto disto é doença, insegurança, fadadas a total desilusão. Santo Efrém nos da a dica quando nos aconselha a nos aproximarmo-nos da fonte, sem a sede de ambição que tudo destrói, vivemos numa cultura do consumismo onde a todo momento surgem estratégias de manipulações e consumismos, e acabamos nos tornando cobaias de laboratórios, e não mais seres e pessoas portadoras de dignidade: “que a tua sede não esgote a fonte, e que a fonte sacie a tua sede. Pois, se tua sede se sacia sem que a fonte se esgote, quando estiveres novamente sedento, dela poderás beber. Se, porém, saciada tua sede também se secasse a fonte, tua vitória redundaria em mal.” (Sto Efrém, LH III, 173-174). Deus os abençoe!        

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