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Documento de Aparecida e do Projeto Nacional de Evangelização

Queridos irmãos e irmãs, hoje quero compartilhar com vocês este texto sobre a formação de nossas lideranças leigas e a vida de nossas comunidades de fé à luz do Documento de Aparecida e do Projeto Nacional de Evangelização, tendo como meta o desejo de um Brasil em Missão Continental. O texto está aberto a ser remodelado (por isso o disponho para que seja discutido com você, caro irmão na fé, você pode deixar sua apreciação e também sugestões, que serão bem vindas). Tem as duas partes finais que não terminei, eu o elaborei para uma formação de liderança leiga da Paróquia Sagrada Família, realizada no dia 30 de maio de 2010 ,

Introdução:
A cada domingo nós cristãos professamos nas nossas liturgias o Símbolo da fé, ou seja: o Credo apostólico ou Niceno-Constantinopolitano. É interessante saber que todas as grandes tradições cristãs (Católicos, Evangélicos e Ortodoxos), tiram sua fé na Igreja dessa Profissão, mas é mais interessante ainda ver que o mesmo texto não expressa a unidade e a mesma compreensão do mistério-Igreja para as três tradições, cada qual, a seu modo, faz uma compreensão particular do mistério que é a Igreja. Isto nos leva a concluir que nós não estamos de acordo neste ponto de nossa fé. Cremos no mesmo Deus Trindade-Amor, cremos na vida de Cristo, no seu mistério de encarnação-morte; ressurreição-ascencao e, por fim, em Pentecostes, no Espírito de Amor, sopro da vida, presença viva e alegre de Deus em nós. Mas quando falamos da Igreja, então nos dividimos em confissões. Há tantas diferenças entre nós. Cada grupo se diz Igreja. Então devemos nos ater ao significado para compreender o que vem a ser Igreja e assim podermos viver como discípulos missionários de Cristo![2]É esta a proposta da V Conferência de Aparecida que chama a Igreja toda a uma conversão pastoral e estrutural! Conversão dos métodos, da linguagem, da ação que consiga hoje ser uma resposta do Reino de amor, justiça e paz entre todos nós, na proposta da oração que Jesus nos ensinou como caminho novo da nova humanidade, nascida do laço da fraternidade universal que se apóia na consciência evangélica do Pai nosso, do Pai comum, revelado por Cristo.
Isto nos leva num primeiro momento a avaliar o nosso itinerário hoje, como Igreja, comunidade dos discípulos-missionários. Neste sentido, seguiremos a tarefa primordial que o Documento de Aparecida nos indica, e que aqui vamos tentar expor como quatro exigências:
Retomar o método “ver – julgar – e agir” como passo das formações das comunidades à luz das comunidades primitivas cristãs!
Revitalizar o valor da experiência batismal, ou do caminho desejado e querido pelos nossos bispos, que insere a Igreja toda na dinâmica da “Iniciação à vida cristã”. Isto requer a conscientização do batizado para que ele viva como sujeito na Igreja, o que exige das comunidades paroquiais e das pequenas comunidades o fortalecimento do sujeito da fé eclesial “através de um encontro pessoal com Jesus Cristo”. 
Num terceiro momento se insiste sobre a necessidade de um planejamento pastoral como instrumento pedagógico de participação, corresponsabilidade e inserção na vida comunitária mais do que como técnica (Diretrizes, 95-98, n. 59) 
Por fim, devemos enfrentar seriamente o desafio urbano já apontado pelos bispos como a grande necessidade de nossa época, não só porque todo o nosso povo seja urbano, mas porque o centro urbano hoje invade – por meio da mídia, dos canais televisivos – todos os ambientes de nossa sociedade brasileira.
O Ver
Para nós católicos, a V Conferencia de Aparecida situa-se hoje como um ponto de partida decisivo e inovador. A V Conferência Latino-americana e Caribenha, ocorrida em Aparecida (Brasil), tornou-se um marco decisivo para os cristãos católicos. Em relação à Igreja, Aparecida fez uma séria análise da situação da Igreja hoje. Assumiu uma postura. Aparecida percebeu três situações da Igreja em nosso continente! Percebeu a grande falta de vocações ao ministério presbiteral, o crescimento das Igrejas evangélicas[3] (a grande região amazônica soma hoje quase cinqüenta por cento das comunidade evangélicas do Brasil: Amazônia, Pará, Mato Grosso, Maranhão e uma parte de Goiás e Tocantins).
Na análise de Leonildo S. Campos, dos anos 40 ao ano 2000, “os católicos, em números absolutos, saíram dos 122.365.302 (83,3%) para atingir somente um total de 125,517.222 (73,9%), um aumento de apenas 3.151.920 ou 2,5%, tendo uma queda de 9,4 pontos percentuais. Esses dados devem ser estudados a nível paroquial e comunitário para percebermos como o catolicismo está perdendo sua atuação e sua força de atração, não entra ninguém e saem muitos.  
Aqui podemos nos questionar enquanto Igreja: que opção concreta estamos tomando? Que rumo queremos? As nossas periferias são abandonadas, abarrotamos hoje os grandes centros urbanos. As paróquias centrais estão cheias de padres, enquanto que o interior é deixado e às vezes até abandonado. Neste sentido Aparecida chama as igrejas particulares a uma conversão estrutural, fazendo uma opção viva por uma Igreja de discípulos-missionários.
A partir deste cenário Aparecida percebe que são três realidades eclesiais bem concretas que devemos afrontar e fazer uma opção de linha de ação:
A primeira linha é a constatação de uma linha pastoral de manutenção, onde se percebe uma estagnação institucional da Igreja, que vai na linha das administrações de sacramentos, fixação ritualista, pouca mobilidade social e forte tendência à inflexibilidade ante às grande mudanças em nosso cenário brasileiro de profundas mudanças nas relações, nas novas e sadias visões de relações de gêneros, nas diferentes formas de se exprimir de hoje.
Uma segunda linha percebe a forte influência causada pelos novos movimentos, sua incidência na vida e na dinâmica da Igreja, forte estilo de adaptação, correspondência à mentalidade imediatista e fragmentária, em alguns setores existem até uma forte tendência a elitização e exclusão de grupos que não são afins ou que não caibam no perfil do movimento, o que leva a uma exclusão ao interno das Igrejas locais.
Uma terceira linha apreciada e vista com carinho por Aparecida é a revitalização das Paróquias, como centro de pequenas redes de comunidades de comunidade, onde se busca dinamizar por dentro as forças de agregação e de missionariedade, com um jeito mais evangélico e menos burocrático de compreender a Igreja, no estilo mariano, de uma Igreja mãe, aberta e acolhedora, sem restrições para os de fora e por isso mais missionária e incidente na vida social de nosso povo.
 É neste cenário que Aparecida opta por uma nova pastoral de conjunto e de mudanças estruturais. Os bispos acolheram com entusiasmo esta proposta nascida do anseio e da necessidade de uma Igreja de discípulos-missionários, rompendo com a imagem pesada do padre empresário e burocrático, para propor uma nova imagem do padre, a do servo-lider, rico do carisma do discernimento capaz de despertar ou de perceber as riquezas de liderança presentes em nossas comunidades e paróquias, incentivando tais pessoas a continuar na linha do discipulado para formar mais agentes que aprendam a lógica do discipulado-missionário. Sabe-se que isso requer de nós um esforço de ações e uma opção livre e viva para reavivarmos a memória concreta e única de Jesus de Nazaré, o mestre e amigo da Galiléia. Tal opção também nos leva a redescobrir o rosto de Cristo no irmão, nos pequeninos, nos pobres, os grandes destinatários do reino de Deus. É uma opção clara pela teologia paulina kenotica do Verbo que se despojou de si mesmo, que sendo rico, se fez pobre para nos enriquecer com a sua riqueza. Do Deus humanado, com gestos humanos, com a vida concreta de dores e alegrias, de esperanças e angustias que acompanham a cada um de nós, mas que nele nos abre a uma nova esperança que faz brilhar o novo horizonte de paz que nos vem dele e nele!
Julgar  – fator de discernimento necessário
Feita tal consideração, passamos para o segundo momento “o julgar”, iluminando nossa realidade com a luz da Palavra de Deus. Essa realidade, quando vista com realismo, sem fingimento, feita de seriedade e cientificidade nos conduz a uma revisão da  nossa auto-consciência como Igreja de Cristo. Nos faz questionar até que ponto nossas comunidades estão sendo presença do Reino de Deus. É hora então de fazermos uma opção clara de eclesiologia para uma renovação viva e dinâmica da Igreja, pois, a Igreja não é uma realidade pronta e acabada. Ela não se repete, é sempre nova! Cada época, cada tempo tem seus desafios e suas dores, suas alegrias e suas conquistas!
É este o fator decisivo da formação do rosto concreto de nossas comunidades, expressão da vida em Cristo, da vida do evangelho. Cabe-nos hoje avaliar estes dons próprios de nosso período. Nós estamos passando hoje por uma grande “mudança de época”, saímos do regime de cristandade, a Igreja católica perdeu sua hegemonia social. Hoje, o Papa não é mais o maior representante do mundo, como saiu no último relatório da Revista Internacional Forbes.[4] Isto implica um giro muito grande na compreensão da Igreja. Ele foi colocado na 110 posição. Em termos de Estado, sua palavra não é mais definitiva e universal, mas se aglomera às palavras de especialistas, cientistas e dos outros grandes lideres políticos-sociais e religiosos do mundo inteiro. Estamos em situação de exílio, mas também num tempo de grande graça para nós. Não è momento de se intimidar. Paralisar é morrer! A Igreja nunca foi concebida como “massa”, sua identidade se forma na participação e na experiência viva da presença de Cristo. Nós estamos no coração da teologia da Igreja que tem o dever de “manter viva a memória concreta e única de Jesus de Nazaré. E para poder atualizá-la, devemos, com nossas maneiras, jeito, sensibilidade aprender a narrar e testemunhar uma história concreta de vida n’Ele”.[5]o nosso agir.
Então a primeira exigência interna da comunidade de fé é pensar em comum a própria fé e a própria missão. Isto implica então em gerar na comunidade, grupos familiares, grupos de liderança leiga, o sentido de saber traduzir em sua própria linguagem, com sua sensibilidade, com seus esquemas, que leve em conta o próprio contexto sócio-cultural em que cada comunidade se desenvolve, a fé no Senhor Jesus e no Evangelho de salvação. A comunidade neste sentido deve aprender a acolher e recolher a tradição teológica e espiritual recebida para fazê-la própria e traduzi-la hoje. Isto implica em aprender a elaborar “o seu próprio credo”. Não se trata de inventar a fé e nem de querer aqui “descobrir a roda”, mas de tornar viva a Palavra do Santo evangelho, como palavra dinâmica, viva, eficaz que faz arder os corações de cada discípulo de hoje, que quer se aproximar de Jesus. A este nível precisamos refazer nossos projetos, rever nossas ações pastorais, se for necessário, à luz do Evangelho recomeçar tomando de novo a
direção que nos aponta o Espírito Santo hoje: “Eis que diz o Espírito Santo à Igreja” (Apocalipse).[6]Um dos critérios mais eficazes do nosso agir para termos em mente e no coração o projeto de Jesus é aquele de resgatar o método de leitura orante e viva da bíblia no seio de nossa comunidade, pois a bíblia é o livro-fonte de nossa fé. Assim aprendemos a falar com Deus e deixamos Deus falar a nós. A leitura orante da Palavra de Deus nos ajudar a descobrir o verdadeiro rosto de Jesus, hoje tão ameaçado pelo jogo midiático, pelo perigo das manipulações da vida e das ações de Jesus, que tendem a reduzi-lo a um mestre de bondade, um patrão-empresário, ou a um hippie revolucionário. Nossa época é plural, e plural também são as imagens que se elaboram de Jesus. Há um pluralismo de imagens! Mas Jesus de Nazaré se apresenta ao homem de hoje como mistério santo, mistério inesgotável, que não podemos reduzir e nem capturar em imagens fechadas, elas até podem ajudar a compreender o mistério da vida de Cristo, mas nunca esgotá-la. Perceber isso não é relativizar o dado bíblico-dogmático, mas evidenciar o espaço amplo da teologia, da espiritualidade, da catequese, da liturgia e também de todas as ciências sagradas, na contínua penetração do mistério.[7]Esta mesma Palavra quando meditada e atualizada é capaz de produzir frutos de vida eterna em nós, pois ela traz como conteúdo central a novidade do novo homem, brotado de sua filiação divina, capaz de instaurar o reinado de amor e solidariedade que rompe os limites e fronteiras das divisões humanas, produzidas pelo egoísmo, pela violência, pelas ideologias de consumo e do não compromisso transformador do Reino de Deus.
“A palavra de Cristo responde muito mais do que o homem pergunta. Ela possui uma originalidade e novidade que exercem uma função crítica no que toca ao homem e uma função de proposta de novidade de vida pela qual, perante Cristo, o homem (e também as nossas comunidades) se vê questionado e vê abrir-se para ele inesperados horizontes de vida”.[8] II – Jesus – Proposta de possibilidade das reconstruções dos vínculos comunitários
Acima acenamos um pouco de nosso cenário plural, cheio de imagens da pessoa de Jesus Cristo. Muitas delas válidas, mas limitadas. É necessário alargar o horizonte, refazê-lo à luz da tradição e das experiências do cotidiano de nosso povo. Quando nos dispomos a isso, também nos dispomos a reencontrar nosso lugar na comunidade de fé, e redescobrir o lugar que Jesus Cristo tem nesta comunidade. Saber disso nos mantém atentes e despertos para não cairmos em automatismos pastorais, não criarmos situações ilusórias e mais ainda nos ajuda a viver com maturidade os sonhos de Deus. Isto implica em não partir do ideal sem uma séria consideração do real. O real é palpável, o ideal é fruto da inteligência e das idéias. O real nos fala abertamente. Se fizermos o caminho inverso, partindo do ideal correremos o risco de criarmos uma comunidade excludente e discriminatória. Fechada ao diálogo e impositora de idéias, e assim massacraremos a vida. Trata-se de ver a situação concreta de nossas comunidades e famílias, marcadas por laços frágeis, matrimônios falidos, filhos em constante perigo das ameaças das tribos de drogas e álcool, famílias de segunda união, pessoas amigadas. É necessário muita sensibilidade para isso. Fechar os olhos será muito perigoso. Sabemos que o real dói, mas é com ele que temos que contar. O belo é que o evangelho acolhe a todos e todas, não exclui ninguém! Quando não se está disposto a isso então se corre para aquilo que é fácil de dominação, fica-se na liturgia, corre-se para a sacristia, com o medo de ver a realidade concreta.
Tal percepção nos conduz a uma nova consciência missionária, à necessidade de um cotidiano evangelizador. Vemos que nossas comunidades precisam fazer opções urgentes nesse novo cenário. Isto implica em perceber que o novo cenário mudou também a forma de conceber a realidade, a mentalidade atual não repousa mais sobre pressupostos fixos. Ela repousa sobre uma perspectiva em mutação, em continua transformação, em oscilação. Neste sentido o perfil do novo evangelizador precisa assumir uma postura muito semelhante àquela de Jesus de Nazaré. Postura de diálogo, de humildade, de respeito ao diferente, de um contínuo e renovado sair de si em busca do outro. Isso nasce da experiência pessoal de Jesus Cristo.
As comunidades então são confrontadas com a pessoa de Jesus, “que sendo rico se fez pobre, para nos enriquecer”. Aqui está a perspectiva assumida por Aparecida e que pode ser a luz sobre as nossas comunidades. Somos comunidades simples, mas isto não impede de sermos comunidades solidárias e fraternas. Podemos arrancar de nossas pobrezas, riquezas espirituais e até materiais capazes de restaurar a vida das pessoas de nossas comunidades.
Redescobrir o rosto de Cristo nos pequeninos nos leva a apropriar-nos do tempo da graça de Deus para nossa sociedade. Isto tornará mais leve nossas incidências na sociedade sempre em contínuo e acelerado processo de mutação. Veremos que neste momento de mudanças, existem ainda fortes eixos norteadores e orientativos: a necessidade do grupo, a busca de ser acolhido e compreendido. A forte característica de possuir a própria liberdade e se descobrir como pessoa com dignidade. Isto nos leva a ver que então temos já uma esperança para o renascer comunitário, mas que deve levar em conta o valor que os sujeitos de hoje redescobriram do desenvolvimento da própria autoconsciência.
Feito esta descoberta percebemos então que só através de uma experiência pessoal com a Pessoa de Jesus Cristo estaremos prontos para começar uma experiência comunitária de fé; mas não podemos nos esquecer que somente dentro de uma comunidade de fé (que leve em consideração a necessidade que os sujeitos humanos ali presentes tem da experiência pessoal) é capaz de nos possibilitar uma experiência concreta.
Jesus nos leva então a ver o seu ideal de irmãos! De que somos filhos do mesmo Pai, de que algo mais profundo e dinâmico, atuante na história humana, perpassa todas as reais fibras de nossa existência para levar-nos ao sonho de Deus Pai que é nos construir como comunidade de fé, de esperança e amor. Pois comunidade supõe um grupo unido e relacionado por vínculos fortemente pessoais. Isto implica o sentimento de pertença e participação. A esta altura podemos nos perguntar se nossa comunidade, se nossa liderança deixa espaço para uma real compreensão da eclesiologia de comunhão do Concílio Vaticano II? O Concílio em seu documento sobre a Igreja e nos outros documentos acenava a necessidade do leigo nas estruturas, de uma nova compreensão da Igreja como povo de Deus, trata-se de uma imagem mais bíblica e personalista da Igreja, portanto menos burocrática e jurídica. Ela não deixa de ser hierárquica, mas se concebe e se auto-compreende como dinamismo vivo de todos os batizados. É daqui que podemos tirar conseqüências substanciais para entendermos o sentido de comunidade de fé. O especifico da comunidade é o estado de espírito que a anima, que implica “entendimento compartilhado”, vencendo assim todas as formas de uma “cultura de morte” ao nosso redor das sociedade pos-moderna, viveiro consumista do anonimato, geradora das vítimas da indiferença, e justificadora das situações de exclusão que deixam as pessoas em situações de desespero e miséria.
Aqui entra então o projeto de Deus Pai e sonho de Jesus: Formar comunidade de amor, vista como espaço de relações marcadas pela familiaridade, intimidade, informalidade, como valores integradores “humanos”. Para isso a comunidade deve ser então um lugar de inclusão, vencendo as barreiras do preconceito, da intolerância, dos juízos sobre os outros. Em poucas palavras ter as atitudes de Jesus, verdadeiro senhor de si mesmo e por isso aberto ao diferente, ele soube lutar contra toda forma excludente e discriminatória. Só assim podemos construir comunidades. Muitas vezes, e, infelizmente, ainda em vários setores de nossa Igreja existe este perfil excludente e discriminatório. Basta pensar na própria vida sacramental da Igreja, onde os sacramentos muitas vezes se tornam formas sociais de exclusão e perde até o valor simbólico de união. Lembro-me de uma experiência que tive a alguns anos em uma comunidade rural, onde as pessoas não comungavam. Então perguntei-lhes o porque. Quase todas não eram casadas. Eu me propus a realizar os matrimônios, mas a respostas que eles me deram me faz pensar até hoje! Os maridos acham que o matrimonio não é sinal de bênção mas de maldição, por isso preferem manter-se amigados, pois no momento em que casam se se separam, perdem o céu, mas se estão como estão pode ser que Deus os salve! Veja só: casar ali não é mais expressão de alegria, mas de medo, o sacramento não traz salvação, mas terrorismo do céu!
Referência Bibliográfica
José Comblin, Os Desafios da cidade no século XXI, Paulus, 2002.
José Comblin, Desafios aos cristãos do século XXI, Paulus, 2000.
Cnbb – Em Busca dos Sinais dos tempos: Reflexão crítica sobre a historia dos dias atuais, 2010.
Cnbb – Igreja, Comunidade de comunidades: Experiências e avanços. Projeto Nacional de Evangelização – O Brasil na Missão Continental, 2009.
Celam, CEB’s e pequenas comunidades eclesiais, o texto foi elaborado por José Marins, Missão Continental, Edições Cnbb, 2008.
Celan, Jesus Cristo, vida plena para os povos, texto elaborado por Victor M. Ruano Pineda, Edições Cnbb, 2008.
Celan, Mudanças de época e dialogo intercultural: Um olhar na realidade social, texto elaborado por Fernando Pliego Carrasco. Edições Cnbb, 2008.
Celan, A Pastoral Urbana, texto elaborado por Benjamin Bravo, Edições Cnbb, 2008.
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[1] Este estudo está aberto a ser remodelado (por isso o disponho para que seja discutido com você, caro irmão na fé, você pode deixar sua apreciação e também sugestões, que serão bem vindas). Tem as duas partes finais que não terminei, eu o elaborei para uma formação de liderança leiga da Paróquia Sagrada Família, realizada no dia 30 de maio de 2010.
[2] C. Caliaman, Creio na Igreja Catolica, Paulus, São Paulo, 2007.
[3] O Brasil possui hoje uma população majoritariamente cristã (89% da população). Mas o que chama a atenção é que no transcorrer do século XX, foi perceptível uma diminuição no interesse pelas formas tradicionais de religiosidade no pais, e no crescimento dos que se dizem sem religião.  Estes dados eu tirei da CNBB, 480 Assembléia Geral da CNBB, o texto é de Dom José Alberto Moura – Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-religioso.
[4] http://www.forbes.com/2009/11/09/world-most-powerful-leadership-power-09-intro.html
[5] W. Kasper, Gesù, il Cristo, Queriniana, Brescia, 1977, 18.
[6] É interessante ver a situação concreta da Arquidiocese de Cuiabá. Estamos completando cem anos de Arquidiocese, mas podemos fazer perguntas muito sérias sobre nossa situação. Cem anos de Arquidiocese e ainda não temos um centro de Pastoral para a formação de liderança leiga a nível de Arquidiocese, hoje não temos um centro de formação teológico-pastoral que possa formar lideres-servos para apoiar os nossos párocos. Falta estruturar a Pastoral carcerária e convidar agentes e diretor espiritual para visitar os presídios como Igreja dos pequenos, levando em conta o chamado do juízo final de Mt 25 (Estive preso e viestes me visitar …. ou não viestes me visitar”. Muitas outras coisas podem ser aludidos aqui. Mas também temos riquezas que não podem ser esquecidas, como, p. exemplo, o grande evento que foi o nosso Sínodo Arquidiocesano, que traz grandes linhas de princípios, mas que agora deve ser aplicado por meio de assembléias diocesanas (CAP), formando assim as diretrizes norteadores de uma Pastoral de
Conjunto. A nível de Regional os bispos e os coordenadores diocesanos de Pastoral vão iniciar um trabalho que promete ser de grande esperança para formar o rosto de nossa Igreja em Mato Grosso.
[7] N. Ciola, Introdução à cristologia, Loyola, São Paulo, 1992, 13.
[8] M. Bordoni, Gesù di Nazaret Signore e Cristo. Saggio di cristologia sistematica, I, Problemi di metodo, Herder, Roma,  1982, 18.

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