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Memoria histórica do sino

Memoria histórica do sino

Em miniatura o sino é nomeado pela primeira vez no livro do Êxodo. Deus ordenou a Moisés guarnecer de campainhas de ouro a orla inferior do manto de Aarão, o primeiro Sumo Sacerdote, e acrescentou: “Aarão será revestido desse manto quando exercer suas funções, a fim de se ouvir o som das campainhas quando entrar no Santuário diante do Senhor, e quando sair” (Ex. 28, 35).
Entre os gregos e romanos, as campainhas eram usadas em diversos atos civis e religiosos, desde a abertura dos banhos públicos até a consagração de algum templo.
Durante o período das perseguições, deveriam ser silenciosos os meios de chamar os cristãos para as reuniões, de modo a não despertar a atenção dos pagãos. Depois de Constantino, a Igreja do Ocidente passou a servir-se de trombetas para essa finalidade, e a do Oriente usava duas lâminas de cobre, que se batiam uma contra outra.
Segundo relato de Santo Isidoro de Sevilha, falecido em 636, sua origem é a região da Campânia, Itália, muito provavelmente a cidade de Nola.
Nos tempos de Carlos Magno, que reinou de 768 a 814, os sinos eram já muito conhecidos. O sino nasceu católico, sua invenção foi reservada à Igreja. Não se trata do Batismo sacramental, que nos torna filhos de Deus, mas de um cerimonial de consagração, como se faz com os vasos sagrados. A benção do sino era uma cerimônia outrora reservada ao bispo, e somente aos sacerdotes tinham o direito de tocá-lo.
Quando estiver suspenso no campanário, seu bronze sonoro convocará os vivos, chorará os mortes, reunirá o clero, dará brilho às solenidades. Ele será arauto de Deus, colocado entre o céu e a terra.
Aliado ao surgimento dos primeiros sobre saltos inflacionários e a multiplicação das moedas, esses fatos irão exigir a concepção de um tempo bem diferente: aquele medido matematicamente.
Dai o aparecimento dos relógios a partir do sec. 14, que começam a ser instalados em torres públicos. Seus sinos irão marcar com exatidão as horas das transações comerciais e os turnos dos operários, como já previa um doc. De 1355, de Air-sur-la-lys, na França .
Assim o velho sino das Igrejas, voz de um mundo que morre, vai passar a palavra a uma nova voz, a dos relógios dessa época.

O Sino em Cuiabá
O sino foi trazido pela Igreja para ser instrumento de comunicação e orientar também a vida do povo nas localidades. Desde então, o homem também utilizou este instrumento para conduzir o seu rebanho de volta para o curral e se estes afastavam do lugar, onde eram deixados, pelo badalar do sino colocado em uma das ovelhas encontravam-se as demais.
Nas vilas e cidades o sino tinha várias utilidades para comunicar aos moradores os acontecimentos. Para cada situação tinha um ritmo de badalar e a comunidade já tinha conhecimento do que estava acontecendo.
Por exemplo:
– Quando um preso era levado para a guilhotina ou enforcamento;
– No momento de invasão de inimigos em tempo de guerra;
– Na morte de uma pessoa ilustre da comunidade;
– Na morte de um cidadão comum;
– No momento festivo da comunidade;
– No nascimento de uma criança;
Nas celebrações litúrgicas o significavam “Deus está chamando” e eram tocados três vezes, antes de iniciar a missa, sendo de cada 10 minutos, no ultimo toque dava-se inicio à celebração litúrgica.
Em Cuiabá, o sino foi trazido por padres europeus e seguiram as mesmas orientações que perduraram até hoje, onde encontramos comunidades que soam o sino para avisar da missa que vai acontecer. Citemos algumas Igrejas: Santuário Maria Auxiliadora; Coração Imaculado de Maria; Cristo Redentor; Catedral do Bom Jesus de Cuiabá e outras.
Na década de 60 e 70, com a demolição da antiga Igreja, em que Padre Firmo Pinto Duarte era o cura e D. Orlando Chaves, SDB, Arcebispo Metropolitano, juntamente com a cuiabania, tendo construído uma Igreja de estilo moderno acharam por bem colocar em suas torres os sinos e o relógio para orientar o povo. Os relógios das torres foram ofertados pela colônia libanesa em homenagem a cidade de Cuiabá e pela construção da catedral, em 24 de maio de 1973, ano em que Dom Orlando comemorava os 50 anos de vida sacerdotal.
Na Catedral o sino era soado de hora em hora; porém, a sociedade começou a sentir incomodados, então os sinos passaram a ser tocados para informar a hora das missas e na hora do Ângelo ou das Aves Marias, isto é, às seis da manhã, ao meio dia e seis da tarde.
Os sinos e os relógios para mantê-los são muito altos o custo, a Igreja depende de ajuda do Estado para sua conservação e manutenção, por isso, muitos anos ficaram parados. Somente hoje 23 de fevereiro de 2014 em função dos jogos da copa do mundo que acontecerá em Cuiabá foram agendados a verba para pô-los em funcionamento.

Padre Felisberto Samoel da Cruz
Historiador da Arquidiocese de Cuiabá

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