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Sacralidade da pessoa humana

Sacralidade da pessoa humana
Foto: Oração da Campanha da Fraternidade de 2014     Ó Deus, sempre ouvis o clamor do vosso povo e vos compadeceis dos oprimidos e escravizados. Fazei que experimentem a libertação da cruz e a ressurreição de Jesus. Nós vos pedimos pelos que sofrem o flagelo do tráfico humano. Convertei-nos pela força do vosso Espírito, e tornai-nos sensíveis às dores destes nossos irmãos. Comprometidos na superação deste mal, vivamos como vossos filhos e filhas, na liberdade e na paz. Por Cristo nosso Senhor. AMÉM!

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil ( CNBB)  promoverá a 50ª Campanha da fraternidade, iniciada em 1964.  Esta Campanha é lançada na Quarta-feira de Cinzas. Na arquidiocese de Cuiabá, o lançamento foi no dia 4 de Março (Terça-feira),  no 28º  VINDE E VEDE. O tema da  CF-2014 é “Fraternidade e tráfico humano” e o lema, “É para a liberdade que Cristo nos libertou”(GL 5,1). Esta campanha tem como objetivo geral: “Identificar as práticas de tráfico humano em suas várias formas e denunciá-lo como violação da dignidade e da liberdade humana, mobilizando os cristãos e a sociedade brasileira para erradicar esse mal, com vista ao resgate da vida dos filhos e filhas de Deus”. O fundamento desta campanha está na bíblia.. Assim diz o livro sagrado: “Façamos o homem a nossa imagem e semelhança”(Gn1,26). Desta afirmação bíblica, deriva toda reflexão acerca da dignidade humana. 

A Campanha da fraternidade- 2014, escolheu como tema uma das formas  de criminalidade atuais que mais envergonham a humanidade. No mundo, devemos combater todas as indignidades. A vida é a arte de lutar contra as indignidades! Porquanto, a sacralidade da vida humana deve ser sempre exaltada e proclamada  como um valor supremo e absoluto. Ora, o tráfico  humano é um crime que atenta contra a dignidade da  pessoa humana, limitando sua liberdade, desprezando sua honra, agredindo seu amor próprio e fragilizando a sua vida. A palavra “tráfico” está ligada, para quase todas as pessoas, ao comércio ilegal de drogas e armas, atividades extremamente lucrativas. Entretanto a CF 2014 insiste no tráfico muito mais ilegal e imoral do que outros tráficos, que é o tráfico humano. Em vez de drogas ou armas, as “mercadorias” traficadas são pessoas humanas! São crianças traficadas para famílias ricas; mulheres e homens vendidos à prostituição ou submetidos a trabalhos degradantes. Mais cruel ainda é a situação de pessoas vendidas para serem usadas no comércio de órgãos humanos para transplantes. No Brasil, as formas de tráficos mais conhecidas são: a exploração que atinge principalmente as mulheres, mas também crianças e adolescentes, no mercado do sexo, e a de trabalhadores escravizados em propriedades rurais e em confecções. Este tipo de tráfico movimenta perto de 32 bilhões de dólares por ano. Deste montante, 85% provêm da exploração sexual. É, portanto, um mercado atraente e altamente lucrativo! Estudo da Organização Internacional do Trabalho, divulgado em Junho de  2012, afirma que o número de pessoas atingidas pelo tráfico humano é de 20,9 milhões. O tráfico humano é alavancado e adubado por três fatores fundamentais: pobreza familiar, impunidade e ganância. Esta preocupação cresce com a copa do mundo de futebol e as olimpíadas de 2016, eventos que aumentarão o afluxo de turistas ao Brasil. É preciso redobrar o cuidado! Sobretudo, com o “turismo sexual”. A Igreja Católica pretende, através da Campanha da fraternidade, fortalecer a parceria com o Estado, movimentos sociais organizados e outras organizações da sociedade que já estão atuando no combate ao trafico humano. São muitas iniciativas sociais bonitas e admiráveis, já em andamento, que precisam ser potencializadas e incentivadas. Pois, a missão de cuidar, proteger, defender e promover a vida ameaçada é um imperativo antropológico e cristão! É dever de toda a sociedade!  Assim, torna-se imprescindível o acolhimento afetivo, o apoio humano e fraterno, às vítimas do tráfico humano. Elas precisam de ajuda! Por isso, cada um de nós deve buscar ser uma presença que consola, conforta e ajuda as pessoas vítimas do tráfico, na retomada de um caminho de resgate da dignidade  e da cidadania. O tema da campanha será trabalhado nas comunidades durante a quaresma, através dos grupos de reflexão e oração. A quaresma é  tempo de preparação para a santa páscoa. É tempo de conversão. A conversão implica recomeçar a partir de Jesus Cristo. Então tenhamos os olhos fixos Naquele que, na cruz, se fez solidário com os sofredores. Pois, a promoção dos direitos humanos depende também, de homens e mulheres justos, preocupados com o bem comum. Por isso, a conversão dos corações é essencial neste processo, pois, apenas leis nacionais e internacionais não bastam. Por tanto, nosso caminhar quaresmal não pode ser insensível às situações que atentam contra a dignidade da pessoa humana e seus direitos fundamentais, como o tráfico humano. A Igreja, por sua capilaridade, pretende utilizar sua imensa rede de fiéis, para divulgar e conscientizar os cristãos e mobilizá-los para o enfrentamento do tráfico humano. Enquanto Cristãos, somos desafiados ao compromisso de erradicação do tráfico humano em suas várias expressões, seja no trabalho escravo, tanto no meio rural como urbano, seja no comércio de órgãos, na exploração sexual ou na adoção ilegal. São situações que agridem gravemente os direitos inalienáveis da pessoa  humana. Lutamos contra as indignidades humanas, motivados pela  fé e pelo nosso amor Deus.
Deusdédit M. de Almeida é Padre da Arquidiocese de Cuiabá-(Pároco da Paróquia Coração Imaculado de Maria e Vigário Geral da Arquidiocese de Cuiabá)

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