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Homilia Caminhada das Famílias

“CAMINHADA  DA  FAMÍLIA  COM NOSSA SENHORA…”
                    

+Dom Milton Santos – Arcebispo Metropolitano de Cuiabá – 08/MAIO/2016
Principalmente com esta Santa Missa e através da presença da TV-Aparecida transmitindo ao vivo para o Brasil e para o mundo, e, através da Web-Rádio – a Internet – também a Rádio Difusora Bom Jesus de Cuiabá, estamos fazendo a experiência de um “Brasil-Romeiro-de-Nossa Senhora Aparecida”  com esta celebração do Jubileu dos Trezentos anos de Aparecida! Este nosso Jubileu se iniciou na manhã deste “Dia das Mães”  com a “Caminhada da Família  com Nossa Senhora…”  Com Nossa Senhora Aparecida e em  Nossa Senhora Aparecida… MÃES, recebam o nosso carinho, os nossos – PARABÉNS!
O Jubileu dos Trezentos anos de Aparecida para nós se soma ao Ano Jubileu da Misericórdia proposto pelo Papa Francisco. Por isso, temos aqui no Memorial Papa João Paulo II a “Porta Santa”. O AMOR-MISERICÓRDIA DE DEUS passa também – de maneira tão especial – pelo coração-misericórdia Imaculado de Nossa Senhora!

Nas cenas estilizadas, aparecendo em 1717 a pobres pescadores, que trabalhavam para fartar a mesa dos nobres, Nossa Senhora Aparecida assume – com seu Filho Jesus – a opção preferencial pelos pobres e marginalizados. Com Nossa Senhora Aparecida identificam-se todos os que são oprimidos e postos à margem em nosso país. Além do mais, ela quis aparecer negra, identificando-se, assim, com os escravos de ontem e de hoje!

Por isso, também esta celebração com todo o Brasil dos trezentos anos de Aparecida significa redescobrir os valores libertadores pelos quais ansiamos, pelos quais suspiramos e pelos quais lutamos!
A Palavra de Deus desta Solenidade de Nossa Senhora Aparecida mostra em Ester  a mais leiga das novelas do Antigo Testamento: ela, mediante sua graciosidade e feminilidade, conquista o coração do violento rei… A sua confiança em Deus e a beleza física são as armas com as quais tenta anular a sentença fatal contra o povo ao qual ela pertence.  Ester é para nós uma figura de Nossa Senhora: mostra uma espiritualidade da resistência! Transformado por esta espiritualidade da resistência de Ester disse o rei: “Qual é o seu pedido? Darei a você até a metade do meu reino!” (7,2b) Coração de mulher-mãe é assim: assume o desafio de arriscar-se… Diz Ester ao Rei: “Se o Senhor quiser fazer-me um favor, se lhe parecer bem, o meu pedido é que me conceda a vida, o meu desejo é a vida do meu povo!” (7,3)

Prezado irmão, prezada irmã,  olhamos para o Evangelho desta Solenidade de Nossa Senhora Aparecida que nos traz uma cena de família com um Casamento – as Bodas em Caná da Galiléia! O Evangelista João mostra a presença atenta de Maria: “… a mãe de Jesus estava lá!” (Jo 2,1). Mas, eu passo a palavra para um “romeiro de Aparecida” muito especial que faz referência tanto à Rainha Ester como ao Evangelho desta Missa de Nossa Senhora Aparecida. Este “romeiro de Aparecida” é “SÃO JOÃO PAULO II”. O Papa João Paulo II “mora” conosco através deste local “MEMORIAL PAPA JOÃO PAULO II”, mas, não só… Nós temos aqui junto ao altar uma relíquia direta de São João Paulo II que pessoalmente eu trouxe de Roma: uma gota do seu sangue embebida em sua roupa consequência do atentado que sofrera aos 13 de maio de 1981 na Praça de São Pedro… O Papa João Paulo II foi “romeiro de Nossa Senhora Aparecida…” como nós estamos sendo hoje!

A presença de João Paulo II entre nós através deste local e da “gota do seu sangue” nos compromete a sermos devotos de Nossa Senhora como ele o foi já a partir do seu Slogan: “ Totus tuus, Maria!” – “Sou todo teu, Maria!”

No dia 04 de julho de 1980 o Papa João Paulo II comentou em sua homilia em Aparecida, SP a leitura do Livro de Ester do qual já falamos brevemente. Disse o Papa: “Este templo é morada do “Senhor dos senhores e Rei dos reis” (cf. Ap 17,14). Nele, tal como a Rainha Ester, a Virgem Imaculada, que “conquistou o coração” de Deus e em quem “grandes coisas” faz o Onipotente (Cf. Est 5,5; Lc 1,49), não cessará de acolher numerosos filhos e de interceder por eles: “Salva meu povo, eis o meu desejo!” (cf. Est 7,3).

O Papa João Paulo II comentou e fez a sua interpretação do fato ocorrido no dia 16 de maio de 1978, terça-feira, quando Rogério Marcos de Oliveira, na época um jovem protestante de 19 anos, tentou roubar a pequena imagem de Nossa Senhora Aparecida…

Disse o Papa João Paulo II: “Sei que, há pouco tempo, em lamentável incidente, despedaçou-se a pequenina imagem de Nossa Senhora Aparecida. Contaram-me que entre os mil fragmentos foram encontradas intactas as duas mãos da Virgem unidas em oração. O fato vale como um símbolo: as mãos postas de Maria no meio das ruínas são um convite a seus filhos a darem espaço em suas vidas à oração, ao absoluto de Deus, sem o qual tudo o mais perde sentido, valor e eficácia. O verdadeiro filho de Maria é um cristão que reza. A devoção a Maria é fonte de vida cristã profunda, é fonte de compromisso com Deus e com os irmãos. Permanecei na escola de Maria, escutai a sua voz, segui os seus exemplos. Como ouvimos no Evangelho, ela nos orienta para Jesus: “Fazei o que ele vos disser!” (Jo 2,5). E, como outrora em Caná da Galiléia, encaminha ao Filho as dificuldades dos homens, obtendo d´Ele as graças desejadas. Rezemos com Maria e por Maria: Ela é sempre a “Mãe de Deus e nossa”.

Mas, neste momento passo a palavra também para o Papa Francisco, também ele “Romeiro de Aparecida” que disse que queria vir à “casa de Maria” em Aparecida antes de iniciar a Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro aos 24 de julho/2013. Disse o Papa Francisco: …” também eu venho hoje bater à porta da casa de Maria, que amou e educou Jesus, para que ajude a todos nós…
É preciso… “deixar-se surpreender por Deus. Quem é homem e mulher de esperança – a grande esperança que a fé nos dá – sabe que, mesmo em meio às dificuldades, Deus atua e nos surpreende. A história  serve de exemplo: três pescadores, depois de um dia sem conseguir apanhar peixes, nas águas do Rio Paraíba, encontram algo inesperado: uma imagem de Nossa Senhora da Conceição. Quem poderia imaginar que o lugar de uma pesca infrutífera, tornar-se-ia o lugar onde todos os brasileiros podem se sentir filhos (e filhas) de uma mesma Mãe?

Deus sempre surpreende, como o vinho novo, no Evangelho. Deus sempre nos reserva o melhor. Mas, pede que nos deixemos surpreender pelo seu amor, que acolhamos as suas surpresas. Confiemos em Deus! Longe d’Ele…, o vinho da alegria, o vinho da esperança, se esgota. Se nos aproximamos d’Ele, se permanecemos com Ele, aquilo que parece água fria, aquilo que é dificuldade, aquilo que é pecado, se transforma em vinho novo de amizade com Ele.

A iniciativa do milagre foi de Deus e da Virgem Maria, mas foi necessária uma abertura ao mistério divino. Se os pescadores, ao encontrar o corpo da imagem, a tivessem jogado de volta no rio, provavelmente o milagre não aconteceria. Felizmente, “os pescadores não desprezam o mistério encontrado no rio. Embora fosse um mistério que tenha aparecido incompleto, não jogaram fora seus pedaços. Esperam a plenitude, e esta não demorou a chegar. Há aqui algo de sabedoria que devemos aprender. Há pedaços de um mistério, como partes de um mosaico, que vamos encontrando. Nós queremos ver muito rápido a totalidade; e Deus, pelo contrário, Se faz ver pouco a pouco. Também a Igreja deve aprender esta expectativa”.

O milagre de Aparecida começa com a busca de pescadores pobres, que “possuem um barco frágil, inadequado; têm redes decadentes, talvez mesmo danificadas, insuficientes”. Na sua busca por peixes, encontram a imagem da Imaculada Conceição, primeiramente o corpo, depois a cabeça. “Em Aparecida, desde o início, Deus dá uma mensagem de recomposição do que está fraturado, de compactação do que está dividido. Muros, abismos, distâncias ainda hoje existentes estão destinados a desaparecer. A Igreja não pode descurar dessa lição: ser instrumento de reconciliação”

“A Igreja tem sempre a necessidade urgente de não desaprender a lição de Aparecida […] As redes da Igreja são frágeis, talvez remendadas; a barca da Igreja não tem a força dos grandes transatlânticos que cruzam os oceanos. Contudo, Deus quer se manifestar justamente por nossos meios pobres, porque é sempre Ele quem está agindo”.

A atitude destes dois “romeiros de Aparecida” – São João Paulo II e o Papa Francisco – nos incentive e fortaleça em cada um de nós “a verdadeira espiritualidade… também de “Romeiros de Aparecida” neste nosso centro-oeste do Brasil!

Quem sabe cheguemos a ser um “romeiro-contemplativo” até do jeito de Dom Helder Câmara: “MÃE, NÃO QUERO NADA. VIM APENAS TE VER…”
 

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