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Um Ano para os sacerdotes e não só

Um Ano para os sacerdotes e não só

Iniciativas organizadas pela Congregação para o Clero

Marta Lago

 

Une necessidade e reconhecimento. De facto, o Ano sacerdotal requer a rigorosa renovação interior de todo o clero mundial; mas representa também o abraço e a gratidão coral do Papa e da Igreja pela fidelidade e sofrimento de tantos sacerdotes diante das incompreensões e dificuldades que podem encontrar.

Um Ano que já recolhe os frutos e continua a preparar outros novos, como revelou o Secretário da Congregação para o Clero, D. Mauro Piacenza, durante um recente encontro com um grupo de jornalistas. Com realismo e esperança, num período histórico não exactamente generoso para com os sacerdotes. Também a propósito da importância que, através da ampliação dos meios de comunicação, têm determinadas figuras sacerdotais “que, em geral, são de dissensão”. Todavia, os meios de informação – afirmou o prelado – geralmente prestam escassa atenção às figuras “do grande consenso, da grande comunhão, que são a quase totalidade dos sacerdotes que cumprem o próprio dever”.

O Arcebispo abriu as portas da Congregação e manifestou a sua preocupação pela cultura actual que tende a homologar o sacerdote e a rebaixá-lo o mais possível ao espírito do mundo, o qual elude a solidez da referência moral e prefere o subjectivismo. “Continuamente, é preciso remar contra a corrente no sentido evangélico do termo; fazendo guerras, mas “guerras de santidade”. A musculatura interior de um sacerdote – oração, vida interior e motivação profundas – deve ser num certo sentido como a do Rambo, se quiser resistir e para que a sua acção pastoral seja incisiva”. A Congregação para o Clero multiplica os esforços para promover esta renovação interior – “não uma revolução” – que de novo permita dar entusiasmo diante de tantos desafios. Referindo-se à convicção expressa por Paulo VI, segundo a qual o mundo escuta de mais boa vontade as testemunhas do que os mestres. “O que ensina o sacerdote – observou D. Piacenza – adquire valor através do próprio testemunho; é dessa forma que se torna crível. E para ser credível o sacerdote tem que ser profundamente crente”.

O Ano sacerdotal interpela toda a comunidade dos fiéis, não só aos sacerdotes. A eles cabe uma pastoral, como “arte de comunicação da salvação e da graça de Deus”, que responda às necessidades do presente, ajudando os leigos a incutir força moral nas realidades terrenas. Contudo, os grandes desafios do mundo contemporâneo interpelam directamente os leigos, nãos os “sacerdotes politicantes, os que fazem comícios ou as “estrelas”. O sacerdote que desempenha o seu sacerdócio até ao fim é o primeiro agente de promoção” da evangelização na sociedade. “Esta é a grande sinfonia da comunhão católica”, acrescentou o prelado.

Por isso o sacerdote é “dom” e “sinal”, não só para a Igreja, mas também para a sociedade civil, que pode ver nele uma referência útil “de pacificação, compreensão, misericórdia e humanização”. Assim como é de ajuda, para o próprio sacerdote e para os outros, o sinal exterior da sua identidade presbiteral, que “nalguns ambientes se aproveita para insultar, mas também para ser procurado”. Uma identidade que é preciso saber compreender e aprender, e se define através da configuração a Cristo. É a razão da obediência, do celibato, da pobreza. Porque “o Bom Pastor nada reserva para si. E não obstante todos os defeitos humanos, o sacerdote foi feito por Cristo, não se autopropôs”; ele deve ser “sempre o megafone do bom Deus que fala ao seu povo; o canal através do qual circula a água de modo puro e dessa forma possa chegar a salvação que é Jesus Cristo”.

Um modelo eminente desta formação é o Cura d’Ars, que sobressai durante o ano no final do qual será proclamado pelo Papa padroeiro de todos os sacerdotes do mundo. Figura extraordinária porque, simplesmente, agiu como sacerdote. “Fez só isto, e nada mais!”, afirmou o Arcebispo Piacenza. São João Maria Vianney “realizou-se” na Eucaristia e na confissão, doando-se totalmente à sua paróquia, na qual não se pode dizer que inicialmente existia muito amor a Deus. A sua missão foi transmiti-lo, no meio do “vento do deserto sariano” do secularismo; a mesma dificuldade que a Igreja experimenta hoje. Mas o Cura d’Ars “transformou tudo através da sua santificação”. É uma forte evocação e também uma grande consolação para o sacerdote do século XXI, sobrecarregado de tarefas. O Concílio Vaticano II já o tinha afirmado – explicou D. Piacenza – em linha que resplandece no Cura d’Ars: o chamamento a santificar-se não obstante o ministério, mas através do próprio múnus sacerdotal. “A boa vontade, o empenho e o deixar-se guiar pelo Mestre Divino” plasmaram a cátedra do ensinamento do Cura d’Ars, cuja pastoral foi excepcional porque foi aprendida “amando o Senhor, deixando-se amar por Ele e não pondo obstáculos à acção do Espírito Santo”. Uma lição de actualidade, prosseguiu o Secretário da Congregação para o Clero: “Um santo é sempre um grande pastor” que “orienta a sua preocupação por todos” desempenhando um “apostolado incisivo”.

Estes elementos delineiam a alma do Ano sacerdotal e a urgência de o comunicar adequadamente. Além disso, são o motor das iniciativas da Congregação para o Clero. Por isso, antes de tudo, foi recomendada a adoração eucarística nos cinco continentes, possivelmente perpétua, para a santificação dos sacerdotes. “A correspondência deveras está acima do que se poderia pensar”, confirmou D. Piacenza. Também, a exemplo de Santa Teresa de Lisieux, foi proposta uma forma de “maternidade espiritual” para fazer com que os leigos se unam aos esforços e às dificuldades apostólicas dos sacerdotes e para sensibilizar os fiéis a acolher os próprios pastores, verdadeiros pais de cada comunidade. Com todas as dioceses do mundo, a Congregação vaticana difunde através de internet (www.clerus.or e www.annussacerdotalis.org) cartas mensais do Prefeito, Cardeal Cláudio Hummes, e de D. Piacenza, juntamente com material de estudo, reflexão e comunicados. Entre os documentos – fruto do Ano sacerdotal – será publicado pela Congregação um vademecum para as confissões e a direcção espiritual.

Em Março celebrar-se-á – especialmente para os bispos, primeiros formadores dos sacerdotes, e os formadores em geral – o congresso teológico “Fidelidade de Cristo, fidelidade do Sacerdote”, sobre aspectos humanos, espirituais, teológicos e pastorais que configuram a vida sacerdotal.

O Ano será encerrado a 11 de Junho, com os três dias do Encontro internacional dos Sacerdotes. Portas abertas de par em par também aos seminaristas, diáconos permanentes, religiosos, religiosas e fiéis leigos. Um congresso mundial que, com o apoio técnico-logístico da Opera romana pellegrinaggi (www.josp.com) se realizará na Basílica de São Paulo fora dos Muros – a fim de realçar o dinamismo evangelizador e a conversão pessoal do Apóstolo das Nações – e na Basílica de Santa Maria Maior – como cenáculo para invocar o Espírito Santo com Maria, encontrando espaço também para a confissão, mensagem tangível da importância deste sacramento para os próprios sacerdotes e da disponibilidade necessária de sacerdotes para o seu exercício. No dia precedente – anunciou D. Piacenza – realizar-se-á uma vigília na Praça de São Pedro na presença de Bento XVI: oração, diálogo, canto e festa deixarão especo a experiências inéditas que não omitirão as perseguições por causa da fé e o “martírio da coerência” que sofrem muitos sacerdotes. A solenidade do Sagrado Coração de Jesus será celebrada igualmente “com Pedro, em comunhão eclesial” na Basílica vaticana, com a Eucaristia presidida pelo Papa. A conclusão do Ano sacerdotal assinalará inclusive o ponto de partida do renovado empenho universal da vocação sacerdotal.

Fonte: L’Osservatore Romano

  

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