Ano Santo do perdão.

Ano Santo do perdão.
No ano santo da misericórdia, somo convidados a uma reflexão sobre o perdão. A incapacidade de perdoar é uma das feridas deixadas pelo pecado na pessoa humana. Verdadeiramente, o  perdão é um grande ato de misericórdia. O evangelho, livro repleto de sabedoria divina e humana, aparece inúmeras vezes, mensagens sobre  o perdão. O texto mais incisivo sobre o perdão é o de Mt 18,21-22.

 Neste texto Pedro, muito pragmático, arrisca a pergunta, já respondida pelos Rabinos da época, os quais admitiam um máximo de três ou, no limite, quatro perdões. Significa que para os Rabinos, o perdão era limitado. Mas para Jesus, o perdão é sem limite. O discípulo de Jesus, deve perdoar sempre! Foi o que Jesus respondeu a Pedro. Na verdade, Jesus expressa o principio fundamental já expresso no Pai-nosso. No Pai nosso, nós apresentamos uma proposta a Deus, com duas possibilidades: Perdoai-nos assim como nós perdoamos nossos devedores. Ora, com este recado, Jesus nos dá a receita do perdão incondicional, como único remédio capaz de curar todas as feridas causadas pelas contendas, pelos conflitos pessoais e  comunitários.

Adverte W. Shakespeare: “aquele que odeia pode ser comparado à pessoa pouco inteligente, que a cada dia engole uma colherada de veneno, imaginando que o veneno fará mal ao inimigo”. Recentes estudos de caráter científico feitos por universidades dos EUA revelam que o ódio adoece as pessoas e dificulta a cura. Várias doenças são causadas pela somatização do ódio, do sentimento de vingança e a incapacidade de perdoar. O escritor Stephen Covey utiliza a expressão: “Dormir com o inimigo”. Significa levar para dormir conosco em nosso coração e em nossa mente, uma pessoa ou uma situação que nos fez mal. Quando perdoo é meu coração e a minha mente que ficam livres da amargura.  Pois, o amargor e mal-estar  corroem a vida. Perdoar é varrer da memória o episódio que um dia nos machucou de forma tão cruel. A sabedoria africana se expressa: “Faze como a palmeira: atiram-lhe pedradas e ela deixa cair suas tâmaras”. No Brasil se diz: ”Sê como o Sândalo que perfuma o machado que o fere”. Portanto, não é suficiente revidar uma injustiça, uma ofensa.

Somos convidados a muito mais: a fazer o bem a quem nos fez o mal. Assim disse Jesus “amai vossos inimigos e rezai pelos que vos perseguem. “Não pagueis o mal com o mal, nem ofensa com ofensa“ (Mt 5,44). “Guerra chama guerra”(P. Francisco). A virtude do perdão, no seu duplo aspecto, perdoar e pedir perdão, é uma característica especial da misericórdia. É quase um ato de martírio. É só através do perdão que a humanidade consegue interromper a espiral de violência provocada pela vingança. O perdão tem uma força capaz de reconstruir uma pessoa, assim como o ódio é capaz de destruir a pessoa em sua interioridade. Reze e peça a Deus pelas pessoas que te fizeram ou te fazem sofrer.

Pessoas que te ofenderam e te magoaram.. Lembrando sempre que as pessoas que nos maltratam, têm, também, suas dificuldades, tristezas, decepções, frustrações, suas cargas negativas do passado e sofrimentos. Se pagamos o mal com o bem, estaremos figurando entre os discípulos do Divino Mestre. Pois, somente o bem é capaz de vencer o mal. Perdoar é zerar o mal.

O perdão cura, alivia e salva. Perdoar é a maior recompensa que podemos dar a nós mesmos. .O exemplo mais emocionante e edificante de perdão foi dado por Jesus do alto da cruz. Com plena harmonia interior, olhou para seus algozes e suplicou: “Pai, perdoai-os porque não sabem o que fazem” (Lc 23,34). Ali nasceu a humanidade nova, perdoada, redimida e feliz.

Pe. Deusdédit Monge,Vigário Geral da Arquidiocese de Cuiabá

 

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