O Natal do Senhor

O Natal celebra o grande mistério da encarnação de Deus na história humana A teologia da encarnação se fundamenta, sobretudo, no sublimíssimo prólogo de S. João. São aqueles catorze versículos iniciais do primeiro capítulo do seu evangelho, dos quais dizia Santo Agostinho, deveria ser escrito com letras de ouro. Pois, o excelso evangelista, nesse texto, revela-nos: a eternidade e origem divina do filho de Deus, sua entrada no mundo e sua rejeição pelos homens. “Veio para os seus, e os seus não o acolheram(Jo1,11)”.

Revela-nos este texto que Jesus é a sabedoria de Deus encarnada. É a palavra eterna feita homem. Pela encarnação se realiza as promessas de Deus aos patriarcas e profetas. A salvação prometida por Deus torna-se realidade concreta com a vinda de Jesus Cristo, o único mediador desta salvação. Esta verdade é cantada pela liturgia da Igreja: “Vem Senhor, vem nos salvar, com teu povo vem caminhar”.

Parafraseando as palavras de Isaias, o Salvador esperado é o “Emanuel” (Is.7,14), isto é, o “Deus-conosco”. Nosso Deus é presença visível em Jesus, rosto humano de Deus e rosto divino do homem. Esta afirmação teológica do profeta Isaias, nos ajuda a compreender que Jesus não é uma saudosa memória do passado, uma ideia ou um ser abstrato. Porém, uma pessoa viva, real, concreta e atuante em nossa vida e na história. Ele é o Senhor da história e alegria do mundo! É por isso que a festa do Natal se reveste de certa magia e ternura, despertando nas pessoas sentimentos cristãos, muitas vezes adormecidos, tais como: Encontros festivos, confraternizações, solidariedade, gestos de bondade e solidariedade. São, verdadeiramente, sentimentos que encantam e enobrecem a alma humana. Estes frutos maravilhosos e radiosos do Natal, enriquecem nossas relações interpessoais e nos enchem de felicidade. O profeta Isaias, em outro texto messiânico nos apresenta o salvador como: “Conselheiro admirável, chefe perpétuo e príncipe da Paz”(Is. 9,5). Conforme esta profecia, Jesus é o príncipe da paz, aquele que veio para reunir os povos da terra numa só família. Ele é o ponto de comunhão e de encontro de todos os homens com suas diferentes culturas. Por isso, Natal é, também, a festa da paz.

Deus-menino veio aplainar o caminho da concórdia, da fraternidade e da reconciliação entre os povos. Este sonho de Deus, deve ser, também, o nosso sonho. Portanto, celebrar o Natal é se comprometer com a construção da cultura da paz e do encontro fraterno com todas as pessoas. Acima de nossas diferenças pessoais, culturais, ideológicas e teológicas, está a fraternidade humana. Todos somos irmãos em Cristo Jesus! Os sentimentos de ódio, rancor e vingança não fazem bem ao coração, prejudicam a nossa vida física, emocional e espiritual, tornando-nos pessoas amargas, depressivas, tristes e doentes. Para tanto, precisamos dar e receber o perdão das ofensas e ressentimentos! Finalmente, cuidemos para não transformar o Natal só em festa de comensalidade e consumo, ofuscando o brilho do verdadeiro Natal, que é o encontro pessoal com pessoa divina do Filho de Deus. O evangelista Lucas, em seu texto natalino relata:“Não havia lugar para ele na hospedaria”(Lc.2,7).

Como outrora, hoje, também, não há lugar para o Senhor Jesus em muitas famílias e setores da vida. Quantas pessoas estão fechadas para a experiência do encontro pessoal com o Filho de Deus. Com certeza, estas pessoas vivem com um grande vazio em seus corações. Pois, vivem sem a luz de Cristo! A crise do sentido da vida apontado pelos psicólogos e pensadores da modernidade, está ligada à indiferença ou, ás vezes, até à rejeição completa do sentido das coisas de Deus e de Jesus Cristo, único capaz de plenificar o vazio existencial. Vem crescendo, hoje, na sociedade brasileira, sobretudo entre os mais abastados, o indiferentismo religioso. Acolhamos o Verbo de Deus com alegria, na obediência da fé e na experiência do amor ao próximo!…

O augúrio de feliz Natal, é a expressão mais declinada e verbalizada nos lábios das pessoas neste tempo festivo. Que esta melodiosa e cordial saudação seja, verdadeiramente, expressão da incontida e justificada alegria pelo encontro com a adorável pessoa de Jesus Cristo, único salvador de todos os homens!

Pe. Deusdédit de Almeida é Sacerdote Diocesano e Pároco da Paróquia Coração Imaculado de Maria(Cuiabá)

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