Viva o Senhor Divino

A multissecular e rica tradição da festa do Senhor Divino em Cuiabá é comemorada desde os tempos da Monarquia Imperial brasileira, no 50º dia depois da páscoa. Chamada, também, solenidade de pentecostes. Esta festa tem sua origem em Portugal, na primeira década do século XIV, incentivada pela Rainha Isabel, esposa do Rei Dom Diniz. A festa ganhou corpo em Portugal, com a construção da Igreja ao Divino Espírito Santo em Alenquer. Esta devoção chegou ao Brasil nos tempos coloniais.

Em Cuiabá ela floresce no período da ocupação desta região pelos bravos bandeirantes Portugueses e Paulistas, com registros históricos apontando para o ano de 1813. A festa já passou por diferentes fases, formas e manifestações culturais, de acordo com a evolução e metamorfose dos tempos. Passou pelas carruagens, cavalhadas e touradas no campo D’Ourique, até entrar na contemporaneidade marcada pela modernização da cidade e pelo advento da Internet. Por exemplo, nas últimas edições da festa do Senhor Divino, comissão organizadora (Corte), vem fazendo o uso intenso da internet e redes sociais para divulgar e “bombar” através das mídias sociais, os festejos do Senhor Divino. Esta festa sempre foi marcada pelo brilhantismo e esmero, tanto na fase de preparação como na sua realização. 0s festejos começam com a Novena mensal na residência dos devotos, que se inicia nove meses antes da solenidade.

É uma novena marcada pelo fervor espiritual e piedosa participação, seguida de uma pequena confraternização oferecida pela família anfitriã. Após a novena mensal temos a novena comunitária na Catedral, nove dias antes da solenidade do Senhor Divino (6 a 16, às 18:30). No primeiro dia da novena comunitária, inicia-se, também, a peregrinação da bandeira do Senhor Divino pelas Ruas da cidade.

A grandiosa festa do Senhor Divino, no dia de Pentecostes, é comemorada com a missa de ação de graças, seguida de uma piedosa procissão, escolha da nova corte e uma animada quermesse na Praça Alencastro. Alguns símbolos marcam esta rica e antiquíssima religiosidade Cuiabana: a Corte, designa a comissão de coordenação da festa; Bandeira do Senhor Divino, de cor vermelha, simboliza o fogo que desceu sobre os apóstolos e a virgem Maria (At. 2, 1-4). A coroa: nas solenidades festivas, é usada pelo imperador e imperatriz e, nas esmolas, pelos presidentes de Bandeira e confraria. Salva: Bandeja de prata que serve para sustentação da coroa e do Cetro. Cetro: simboliza o poder de mando e decisão do imperador. É, também, levado às residências dos fiéis por ocasião da esmola, pelos confrades e confreiras. Pão Bento: Uma antiga tradição revela que as famílias guardavam em um saquinho, nas vasilhas de mantimentos, o pão que recebia na visita da bandeira, acreditando que, com isso, atrairia a abundância de alimentos e fartura. Medalhas do Senhor Divino: essa medalha contém a imagem da pomba que representa o Divino Espírito Santo e, após ser abençoada, é distribuída aos fiéis com objetivo de proteger e livrar de todos os males, quem a receber.

A teologia católica, através do credo apostólico, proclama que há um só Deus em três pessoas e três pessoas num só Deus. São três pessoas realmente distintas, consubstanciais ao Pai, inconfundíveis, imutáveis, indivisíveis e inseparáveis. Jesus é a palavra e o Espírito santo o sopro, que saem de uma mesma boca que é o Pai eterno. É um grande mistério de fé! Ora, a fé é aceitar aquilo que não entendemos. Advertiu Santo Agostinho: “a fé não é para orgulhosos, mas para os simples e humildes de coração. Pois, a fé apresenta verdades que não podemos penetrar nem compreender”. A teologia católica nos ensina que o Espirito santificador é o amor entre o Pai e o Filho, o qual foi derramado, abundantemente, sobre todos os seus membros. Ele habita os corações das pessoas pelo batismo, dando-lhes entusiasmo, coragem e vigor espiritual.

Enfim, O culto de adoração ao Senhor Divino, terceira pessoa da santíssima Trindade, mobiliza, todos os anos, milhões de fiéis devotos ao redor do mundo e se manifesta com vigor em Cuiabá. Que a comunhão santificadora do Espírito Santo, fortaleça os vínculos da amizade social e afetos humanos em nossa cidade, sobretudo entre ao devotos.. … E viva o Senhor Divino!

Pe. Deusdédit é Cura na Catedral Basílica do Senhor Bom Jesus de Cuiabá

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