Por um Natal solidário

As palavras do prólogo do evangelho de João: “e a palavra se fez carne e veio morar entre nós” (Jo 1,14), constituem a grande mensagem do Natal. A finalidade do mistério da encarnação não pode ser outra que a redenção do ser humano que se cumprirá plenamente com a Páscoa. Contemplamos no mistério da encarnação o maravilhosos encontro da vida divina com a vida humana. A euforia da compra dos presentes e a ânsia de consumo, às vezes, acaba obscurecendo a alegre notícia comunicada pelo anjo aos pastores: “Eis que vos anuncio uma grande alegria: Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um salvador, que é o Cristo Senhor (Lc 2,10)”. Natal é convite para buscar o essencial: a salvação ofertada gratuitamente por Deus em seu amado Filho.

A salvação prometida por Deus aos homens em sua mensagem aos patriarcas e profetas, torna-se realidade concreta com a vinda de Jesus, o messias esperado. Deus cumpriu sua promessa! As profecias se realizaram! Quando chegou a plenitude dos tempos, fixada pelo desígnio insondável do Pai, o Filho de Deus assumiu natureza do homem para reconciliar a humanidade com o seu criador e divinizar o homem. A revelação bíblica, nas palavras do profeta Isaias, nos apresenta Jesus como o “Emanuel”, isto é, o “Deus-conosco”. Alguém que vem para ser nosso companheiro de jornada e história. O Natal de Jesus é, portanto, a plena inserção de Deus no contexto vivencial humano. A visita salvadora de Jesus é um gesto de solidariedade com a humanidade sofredora! Ao contemplarmos o presépio de Belém, somos convidados a fazer a experiência do amor gratuito e solidário.

O amor solidário tem dois aspectos: alteridade e gratuidade. Alteridade: o outro é aquele que está ao meu lado ou se aproxima de mim. Gratuidade: é querer e fazer o bem, sem querer nada do outro! Infelizmente, a mensagem de paz, de justiça, de solidariedade e fraternidade que Jesus nos anuncia parece ainda desconhecida para o mundo, onde prevalece o individualismo exacerbado, a discórdia, a injustiça, a violência, a concentração da renda e o descaso pela saúde dos mais necessitados. O Natal quer nos comunicar a mística da vida fraterna e solidária com as pessoas. É a grande festa da solidariedade universal. Esta data se reveste de uma certa ternura e magia, despertando nas pessoas sentimentos cristãos, muitas vezes adormecidos, como: alegria, amizade, confraternização, gestos de bondade e reconciliação com o próximo. Neste ano será um Natal mais silencioso em vista da pandemia. Mesmo assim, esta solenidade não perderá o seu brilho e seu esplendor por se tratar de um mistério de fé.

O espírito de adoração a Deus neste Natal, será expresso através do nosso apreço e solidariedade com a saúde coletiva e, também, com a vida e o bem estar de todos. Para tanto, precisamos ficar em silêncio dentro de nossas casas, , transformando nossos lares numa Igreja doméstica. Entretanto, a missa presencial sem aglomeração, com uso de máscaras e com álcool em gel, estão acontecendo nas nossas Igrejas. Mesmo distanciados, vamos dar um abraço imaginário e de coração em todas as pessoas que amamos e, até, nos nossos desafetos! Não esqueçamos que os bons e verdadeiros amigos são, também, presentes que recebemos de Deus. São presentes que se fazem presentes o ano inteiro! Acolhamos com alegria o Divino Salvador.

Natal é vida que nasce. Converter-se e acolher Jesus é seguir uma estrada cujo fim realiza o mais profundo desejo do coração humano: amar a Deus, que nos amou primeiro. Natal é convite para o homem trilhar o caminho da retidão, da solidariedade, da compreensão, da tolerância, da humildade e da mansidão com nossos irmãos. Vamos adorar o Rei dos Reis neste natal! Feliz Natal e um Ano novo abençoado, com vacinas e sem pandemia! Lembrando que o Papa Francisco dedicou o ano de 2021 a são José, através da Carta Apostólica “Patris Corde”(Coração de Pai.), para comemorar os 150 anos da declaração do Esposo de Maria como padroeiro da Igreja Católica.

Pe. Deusdédit é Cura da Catedral Basílica do Senhor Bom Jesus (Cuiabá)

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