SEMANA DA UNIDADE CRISTÃ
“Pai que todos sejam um para que o mundo creia”(JO 17,21).
A comunidade dos discípulos de Jesus, para ser verdadeiramente cristã, deve ser, também, ecumênica, conforme o comovente pedido de Jesus ao Pai. A oração de Jesus é simultaneamente revelação e invocação. Revela a profunda unidade de Jesus com o Pai no E. Santo, como fonte de unidade para o mundo e para as Igrejas, é, também, uma invocação do dom perene que receberemos de Deus até o fim dos tempos. Todos os anos, na novena do Espírito Santo, celebramos a Semana de oração pela unidade cristã. Neste ano será de 2 a 9 de Junho, com o tema: “Procurarás a justiça, nada além da justiça” (Dt 16, 18-20).
A semana de oração de 2019 nos convida a celebrarmos a justiça fundamentada na graça de Deus, conforme sugere o tema. Essa justiça nos desafia a olharmos para a complexidade dos problemas da humanidade, a rever as relações de poder e a compreender que os interesses individuais ou dos grupos econômicos não podem ser colocados acima dos seres humanos, da integridade da criação e do bem estar da humanidade. Oramos pela unidade em contextos onde a corrupção, a ganância e a injustiça promovem desigualdade e divisões. No entanto, como indivíduos e comunidades cristãs, ficamos, ás vezes, em cumplicidade com a injustiça. Precisamos pedir perdão e darmos juntos, o testemunho em favor da justiça, tornando-nos instrumentos da graça curadora de Cristo diante das fraturas do mundo. Cada ano o roteiro da semana é preparada por grupos ecumênicos de diferentes Países.
Neste ano foi preparado por cristãos ecumênicos da Indonésia, um País multirreligioso e com uma diversidade étnica surpreendente. É conhecido como o País com a maior população Muçulmana do mundo. Menos de 10% da população é cristã. No entanto, a pluralidade, ao invés de ser motivo de alegria e celebração, tem sido causa de divisões e agressões. Lembramos que a Oração e o diálogo, constituem os dois pilares do ecumênico. A oração deve ser tanto individual, como oração comunitária entre as Igrejas. O diálogo não deve ser entendido como tática de conquista. Porém, como instrumento de aprofundamento sobre os elementos de verdade e de santificação das diferentes Igrejas e tradições religiosas. Pelo diálogo fecundo aprendemos uns com os outros e adquirimos conhecimento mútuo dos irmãos e das Igrejas. Por isso, sem conversão não há ecumenismo! A busca da comunhão é uma conversão cotidiana.
Todas as divisões que ocorreram ao longo da história, foram provocadas pela intolerância, autossuficiência, orgulho humano e falta de diálogo. As divisões estão em contradição com a graça de Deus que reconciliou o mundo consigo em Cristo. As divisões não são herança natural da nossa história Cristã, mas uma negação do dom de Deus em J. Cristo. Lembremos que todos os anseios de unidade amadurecem a partir de uma renovação dos corações, movida pelo desejo de identificação com Cristo, e alimentada pelo sincero propósito de reconhecer humildemente nossos erros pessoais, de corrigir em nós tudo quanto possa enfraquecer nossa união com o Pai, o filho e o E. Santo.
O CONIC (Conselho nacional de Igrejas cristas do Brasil), criado em 1982, em Porto Alegre, é o organismo nacional que promove a comunhão e as relações ecumênicas entre as Igrejas cristãs e, também, educa para um ecumenismo que respeita a identidade de cada denominação numa diversidade reconciliada. O CONIC é responsável pela animação das celebrações ecumênicas na semana de oração pela unidade cristã no Brasil (SOUC).
Pe. Deusdédit M. Almeida é sacerdote Católico e membro do CONIC(Cuiabá)