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Fora da bondade não há salvação

Estou crescendo enquanto medito a vida do papa João XXIII, Il Papa Buono. Quando vejo vidas assim tão transparentes e boas, vem-me subitamente uma maior paixão pela Igreja, algo eleva meu espírito e assim me apaixono pelo Deus bom.

Quando vejo homens bons, repletos de bondade e ternura, cresce em mim, como no primeiro dia da criação, aquele sentimento de inocência e de desejos pueris, são flores desta humanidade sequiosa de verdade e amor, de justiça e paz que faz-nos ainda desejar e acreditar na verdade mais pura de todo ser e presente em cada ser. Vê-los é parar, é ver o mundo parar em espetáculo celeste, como as estrelas que no firmamento nos elevam os olhos e nos fixam no infinito.Poucos são os momentos de vôos, mas quando temos a coragem de alçá-los abre-se diante de nós a plenitude celeste, e a eternidade se transfigura ante os nossos olhos, basta ver a simplicidade do sorriso de uma criança, o olhar meigo e terno de uma mãe amante, a presença fascinante de um amigo, o cheiro perfumado de uma humanidade que busca, que deseja algo do eterno. Mas não me isento de ver que também no sub-humano posso ver a possibilidade do infinito uma vez que o próprio Deus se embrenhou e instalou o seu amor em todo não-amor, em toda ausência de esperança, para que ali possamos ver o convite de Deus, dirigido a cada um de nós, para nos associarmos a ele e com Ele e junto d’Ele cantar a esperança de um mundo novo e melhor, é isto que chamamos de presença de PLENITUDE, feita de laços solidários gerados de um amor concreto.
Para mim, está aqui toda a beleza do que é a Igreja e a plenitude de amor, algo que me faz ousar em dizer que não é “dentro” da Igreja que está a salvação, mas dentro da salvação está a Igreja, como que o seu coração, sua maior possibilidade de realizacao. É na salvação de Deus que a Igreja  encontra o seu lugar e o seu espaço como espaço humanizante e humanizadora, escola da vida e da fé.
É isto que me anima a cada manhã olhar para o alto e ver o brilho do sol que nos sorri e assim esperar um dia ver o sol sem ocaso, o dia sem fim «la luce senza tramonto», naquele belo filme “Coração valentei”, tem uma parte que Wilhian diz à sua amada: “fui ao mundo, conheci quase todos os lugares, mas a França me devolveu o meu verdadeiro lugar : o amor, o coração” (interpretação pessoal). O amor è a chave de tudo, é a fonte, como diz Peguy.
É por isso que podemos ainda hoje fazer belas opções, expressão da maior beleza de liberdade para um homem que sabe o valor do viver, a alegria da aventura da vida, só isso passa a ser importante pois ser renomados, não é belo, não é assim que se eleva ao alto.
Quem fez uma tal descoberta desperta-se, abre os olhos e descobre que não existe mais a necessidade de ter arquivos, de produzir, produzir e produzir. Assim vejo que o grande objetivo da criação é nos restituir nós a nós mesmos. Devolver-nos o belo direito sobre este dom de viver em plenitude, isto não se coaduna de forma alguma com o clamor das platéias, o suspiro das multidões, nem muito menos com os grande aplausos do sucesso; o belo é sermos nós mesmos quem somos.

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