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Homilia Quinta Feira Santa 2015

HOMILIA – 02/abril/2015           –  5ª.-FEIRA SANTA, MISSA DO CRISMA         
+ Dom Milton Santos – Arcebispo Metropolitano de Cuiabá 

Querido Povo de Deus; Institutos de Vida Consagrada: Femininos e Masculinos; Lideranças; Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão e da Palavra – Catequistas; Seminaristas; Diáconos; queridos Sacerdotes; Arcebispo Emérito Dom Bonifácio Piccinini: Hoje – Quinta-feira Santa de 2015 – esta celebração da Eucaristia é o momento para acolhermos na solidez e alegria da fé a celebração do ANO SANTO ESPECIAL que será proclamado oficial e solenemente no dia 12 de abril/2015, no Domingo da Divina Misericórdia, festa instituída por São João Paulo II.
Esta Eucaristia – Missa do Crisma – e, com a representatividade de toda a Arquidiocese de Cuiabá aqui presente, CONVOCO a todos para nos predispor-nos para viver intensamente o ANO SANTO ESPECIAL a partir do dia 08 de dezembro/2015 – Solenidade da Imaculada Conceição, com Ela… “a Mãe de Misericórdia” – até o dia 20 de novembro de 2016.

Aliás, o Lema, ou, idéia-força do Papa Francisco proclama este Ano Santo Especial: em latim se diz “miserando atque eligendo”; uma tradução do lema poderia ser: “com os olhos da misericórdia”. Estou somando também  com o meu Lema de Bispo: “Deus é Amor e Misericórdia!”
No primeiro Angelus após sua eleição, o Santo Padre dizia que: “Ao escutar misericórdia, esta palavra muda tudo. É o melhor que podemos escutar: muda o mundo. Um pouco de misericórdia  faz o mundo menos frio e mais justo. Precisamos compreender bem esta misericórdia de Deus, este Pai misericordioso que tem tanta paciência” (Angelus, 17 de março de 2013).
Também este ano, no Angelus de 11 de janeiro, disse: "Estamos vivendo no tempo da misericórdia. Este é o tempo da misericórdia. Há tanta necessidade hoje de misericórdia, e é importante que os fiéis leigos a vivam e a levem aos diversos ambientes sociais. Adiante!” E na mensagem  para a Quaresma de 2015, o Santo Padre escreve: “Quanto desejo que os lugares onde a Igreja se manifesta, em especial as nossas paróquias e nossas comunidades, cheguem a ser ilhas de misericórdia em meio do mar da indiferença”.
Hoje, nesta Missa do Crisma, temos mais um foco das nossas atenções e orações: o SACERDOTE MINISTERIAL, e, consequentemente, o foco está voltado também para estes homens e mulheres – especialmente! – que  fazem as vezes do SACERDOTE e exercem o próprio sacerdócio comum nos Ministérios Extraordinários da Palavra de Deus – o “Ministério de Catequistas!”, e, os Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão.               
HOJE  cada um de nós,  sacerdote no sacerdócio ministerial – renovará a sua profissão-de-amor.  Tudo se inicia em nós a partir do chamado que Deus nos faz: é a Vocação! A primeira leitura de hoje nos traz o jeito de acontecer a vocação de Isaías, e, também a nossa de Diáconos, Sacerdotes e Bispos.  Sermos conduzidos pela ação do Espírito Santo no AGORA para fazermos acontecer “a nova Evangelização: nova no ardor, nova Evangelização nos métodos; nova Evangelização nas expressões… olhando para a frente! A passagem de Isaías que ouvimos se repetiu no Evangelho!
Na segunda leitura, o Livro do Apocalipse coloca em nossos lábios a gratidão pelo chamado sacerdotal que nos impulsiona a vivermos a radicalidade do nosso Batismo: “Aquele que nos ama, que nos lavou de nossos pecados no seu sangue e que fez de nós um reino de sacerdotes para Deus e seu Pai, glória e poder pelos séculos dos séculos! Amém!” (Apc 1, 5b-6)
E, o Evangelho desta Missa do Crisma nos traz um Projeto de Vida cristão, e, por ser cristão é Projeto de Vida Sacerdotal: sermos Sacerdotes NO Espírito Santo!
“O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu, e enviou-me para anunciar a boa-nova aos pobres, para sarar os contritos de coração, para anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a restauração da vista, para pôr em liberdade os cativos, para publicar o ano da graça do Senhor.”
´Verbos…` para serem conjugados no dia-a-dia de 2015: “… ungir, anunciar, sarar os corações, restaurar a vista, pôr em liberdade, publicar!…
Esta é a evangelização de Jesus: não consiste, apenas, em palavras, doutrinação, conceitos, dogmas, documentos…, mas numa prática que leve as pessoas marginalizadas à posse da vida plena.
Certamente, cada um de nós diz do próprio jeito, com a própria intensidade: “O MEU SACERDÓCIO NÃO É MEU… É DE DEUS!
Somente sendo um SACERDOTE NO ESPÍRITO SANTO é que teremos o DOM DA ESPIRITUALIDADE E DA COMUNHÃO que não nos deixa pactuar com a superficialidade que mata a ação do ESPÍRITO. (Oração do Sínodo)
Hoje é o dia especial para cada um dizer: “O Espírito do Senhor está sobre mim…” Você – DIÁCONO, SACERDOTE, BISPO – Você é ungido para ser discípulo-missionário anunciando a Boa-Nova, a Boa-Notícia que consiste na libertação de quem se marginalizou, ou, foi marginalizado. Assim, as pessoas serão presos… soltos; cegos… enxergando; oprimidos… libertados… Então, por causa do nosso sacerdócio que é de Deus… as pessoas recomeçam vida nova; por causa de um SACERDÓCIO NO ESPÍRITO SANTO a partilha dos bens voltará a regular as nossas relações, e, as relações sociais.
Jesus fez a PARTILHA DO PÃO: um gesto muito simples e cotidiano. Com Jesus, esse ato transforma-se em algo a mais, e , na Última Ceia, assume um novo significado. Naquele momento, Jesus não distribui somente o pão, mas a si mesmo. Ele se doa…  Pela ação do ESPÍRITO SANTO o nosso sacerdócio é “eucaristizado”! A chave do nosso sacerdócio é o apaixonar-se por Cristo!
Afirma o Papa Francisco: “Quem celebra a Eucaristia não o faz porque quer parecer melhor que os outros, mas porque se reconhece sempre necessitado de ser acolhido pela misericórdia de Deus feita carne em Jesus Cristo. Devemos ir à Missa humildemente, como pecadores”.
Ainda, o Papa: "Caminhai decididamente para a santidade; não vos contenteis com uma vida cristã medíocre, mas a vossa pertença sirva de estímulo, a começar por vós mesmos, para amar mais a Jesus Cristo." "Amai a Igreja! Deixai-vos guiar por ela! Nas paróquias, nas dioceses, sede um verdadeiro pulmão de fé e de vida cristã, uma aragem fresca! "
"Hoje, em nome de Cristo e da Igreja, eu vos peço: por favor, não vos canseis de ser misericordiosos. Com os santos óleos, dareis alívio aos enfermos e também aos idosos: não vos envergonheis de tratar com ternura os idosos. Ao celebrar os ritos sagrados e elevar ao Céu, nas diversas horas do dia, a oração de louvor e de súplica, tornar-vos-eis voz do Povo de Deus e da humanidade inteira." "Conscientes de ter sido assumidos de entre os homens e postos ao seu serviço nas coisas de Deus, cumpri, com alegria e caridade sincera, a obra sacerdotal de Cristo, procurando unicamente agradar a Deus e não a vós mesmos. Sede pastores, e não funcionários; sede mediadores, e não intermediários."
 “O padre é homem de misericórdia e compaixão”, como o bom samaritano, como Jesus o bom pastor. “O padre está chamado a ter um coração que se comove”.
Aos 13 de dezembro de 1969, Jorge Mario Bergoglio, – hoje, Papa Francisco! – três dias antes de fazer 33 anos de idade, foi ordenado sacerdote.
Alguns dias antes, aquele jovem, emocionado e feliz, escreveu uma oração especial, que refletia o que ele estava sentindo e vivenciando naquele momento.
 A oração foi divulgada pelo jornal italiano Avvenire! Vou concluir esta Homilia com esta Oração do Papa Francisco, como neo-sacerdote:

“Quero crer em Deus Pai,
que me ama como um filho,
e em Jesus, o Senhor,
que infundiu seu Espírito na minha vida,
para fazer-me sorrir e levar-me, assim,
ao Reino eterno de vida.
Creio na Igreja!
Creio que, na história, que foi tocada
pelo olhar-de-amor de Deus,
no dia da primavera, 21 de setembro,
Ele saiu ao meu encontro para
me convidar a segui-lo.
Creio na minha dor,
infecunda pelo egoísmo, no qual me refugio.
Creio na mesquinhez da minha alma,
que busca receber sem dar… sem dar.
Creio que os outros são bons e que
devo amá-los sem medo e sem traí-los jamais,
sem buscar uma segurança para mim.
Creio na vida religiosa.
Creio que quero amar muito.
Creio na morte cotidiana, ardente, da qual fujo,
mas que sorri para mim, convidando-me a aceitá-la.
Creio na paciência de Deus, acolhedora,
boa como uma noite de verão.
Creio que o meu pai está no céu, junto ao Senhor.
Creio que o Padre Duarte também está lá,
intercedendo pelo meu sacerdócio.
Creio em Maria, minha Mãe,
que me ama e nunca me deixará sozinho.
E espero a surpresa de cada dia,
em que se manifestará o amor, a força,
a traição e o pecado,
que me acompanharão até o encontro definitivo
com esse rosto maravilhoso
que não sei como é,        
do qual fujo continuamente,
mas que quero conhecer e amar.
Amém.”

 

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