O documento, como o Sínodo celebrado no Vaticano, busca que os fiéis católicos de todo o mundo redescubram que «no Sacramento do altar, o Senhor vai ao encontro do homem, criado à imagem e semelhança de Deus, acompanhando-o em seu caminho».
«Neste Sacramento o Senhor se faz comida para o homem faminto de verdade e liberdade. Visto que só a verdade nos faz autenticamente livres, Cristo converte-se para nós em alimento da Verdade», declara.
Ao reunir as propostas surgidas no Sínodo da Eucaristia, no qual o novo Papa introduziu intervenções livres, o texto começa reafirmando «o influxo benéfico que teve para a vida da Igreja a reforma litúrgica posta em andamento a partir do Concílio Ecumênico Vaticano II».
«Os juízos positivos foram muito numerosos — recorda o pontífice –. Se constataram também as dificuldades e alguns abusos cometidos, mas não obscurecem o valor e a validade da renovação litúrgica, a qual tem ainda riquezas não descobertas do todo».
O documento apresenta meditações sobre o mistério da Eucaristia e as compagina com indicações de caráter prático que buscam renovar o amor e a veneração dos católicos pelo sacramento.
Foi apresentado na manhã desta terça-feira na Sala de Imprensa da Santa Sé pelo cardeal Angelo Scola, Patriarca de Veneza, que foi o relator geral do Sínodo sobre a Eucaristia, e pelo arcebispo Nikola Eterovic, secretário geral do Sínodo dos Bispos.
Celibato sacerdotal; comunhão a divorciados que se casaram novamente
«Sacramentum caritatis» recorda que o acesso à comunhão na missa celebrada na Igreja Católica está reservada às pessoas em plena comunhão com a Igreja Católica. Ao mesmo tempo, vê no desejo de poder concelebrar um dia a Eucaristia com os irmãos ortodoxos e com os filhos da Reforma um importante impulso para conseguir a unidade plena.
O documento confirma o «sentido profundo do celibato sacerdotal, considerado justamente como uma riqueza inestimável». Ante a escassez de sacerdotes, pede «ter a valentia de propor aos jovens a radicalidade do seguimento de Cristo, mostrando seu atrativo».
A exortação ratifica a indissolubilidade do matrimônio, recorda que não podem aceder à comunhão os que se divorciaram e contraíram novas núpcias, mas assegura que a Igreja acompanha estas pessoas «com especial atenção».
Boa parte do texto está dedicada a propor aspectos para viver mais intensamente a Eucaristia ou para refletir sua beleza. Oferece indicações para a homilia, para o rito da paz, ou para a despedida da assembléia.
Catequese
Para que possa acontecer esta renovação do amor dos católicos pela Eucaristia, o bispo de Roma considera de vital importância aplicar uma «catequese mistagógica», que introduza «no significado dos sinais contidos nos ritos».
«Este imperativo é particularmente urgente em uma época como a atual, tão imbuída pela tecnologia, na qual se corre o risco de perder a capacidade perceptiva dos sinais e símbolos. Mais que informar, a catequese mistagógica deve despertar e educar a sensibilidade dos fiéis ante a linguagem dos sinais e gestos que, unidos à palavra, constituem o rito», declara.
Adoração eucarística
Outro elemento chave necessário para que cresça o amor pela Eucaristia, segundo o Papa, é a adoração do Sacramento. «A adoração fora da Santa Missa prolonga e intensifica o acontecido na própria celebração litúrgica». «Neste ato pessoal de encontro com o Senhor amadurece logo também a missão social contida na Eucaristia e que quer romper as barreiras não só entre o Senhor e nós, mas também e sobretudo as barreiras que nos separam uns aos outros».
Doutrina Social da Igreja
«A oração que repetimos em cada Santa Missa: “Dá-nos hoje nosso pão de cada dia”, nos obriga a fazer todo o possível, em colaboração com as instituições internacionais, públicas ou privadas, para que cesse ou ao menos diminua no mundo o escândalo da fome e da desnutrição que sofrem tantos milhões de pessoas, especialmente nos países em vias de desenvolvimento», afirma.
«O cristão leigo em particular, formado na escola da Eucaristia, está chamado a assumir diretamente a própria responsabilidade política e social», declara.
Para conseguir este objetivo, «é necessário promover a Doutrina Social da Igreja e dá-la a conhecer nas dioceses e nas comunidades cristãs».
A conclusão constata: «Quantos santos fizeram autêntica a própria vida graças a sua piedade eucarística!». Entre estes, menciona três beatos, Madre Teresa de Calcutá, o jovem desportista e engenheiro italiano Piergiorgio Frassati (1901-1925) e o jovem professor croata Ivan Mertz (1896-1928).
«A santidade teve sempre seu centro no sacramento da Eucaristia», conclui a exortação