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Solenidade do Coração de Jesus

A Igreja Católica celebra esta sexta-feira, em todo o mundo, a Solenidade do Coração de Jesus. Embora tenha fundamentos bíblicos, patrísticos e tradicionais, a devoção ao Coração de Jesus só começou a crescer na Igreja nos meados do séc. XVII, em reposta ao rigorismo do jansenismo e, mais tarde, contra o racionalismo e laicismo, favorecida pelo clima sentimental e romântico desses tempos. A devoção dirige-se à pessoa de Jesus, como sinal vivo do amor de Deus pelos homens, reflectindo-se particularmente na devoção à Eucaristia (especialmente na festa do Corpo de Deus) e a Cristo-Rei.

Em Portugal, esta devoção, ligada à devoção das Chagas de Cristo, data pelo menos de 1728 e teve como grande impulsionadora a rainha D. Maria I, que obteve do Papa a prescrição da festa do Coração de Jesus em todo o reino e ergueu em sua honra a Basílica da Estrela. A ligação desta devoção ao Apostolado da Oração também contribuiu para a sua expansão.

Revelações e difusão

Para a difusão do culto concorreram principalmente as revelações a Santa Margarida Maria Alacoque, em Paray-le-Monial, de 1673 a 1675. S. Cláudio de la Colombière, jesuíta, confessor da vidente, considerou verdadeiras as revelações. Pouco depois, em 1676, ele foi enviado à Inglaterra. Devido a acusações falsas foi preso e adoeceu gravemente.

Foi mandado novamente à França em 1679, o seu estado de saúde não o permitiu de difundir a devoção ao Sagrado Coração. Inculcou-a aos estudantes jesuítas, dos quais era director espiritual.

Entre esses estudantes estava Giuseppe Gallifet s.j. (1663-1749), que assimilou fortemente a mensagem das revelações. Ordenado sacerdote dedicou uma atenção extraordinária em ilustrar e difundir as revelações e a devoção ao Coração de Jesus.

Num tempo relativamente breve, as revelações de S. Margarida concorreram para um movimento extraordinário de devoção. Após a morte de S. Margarida Maria Alacoque, as Visitandinas da França, encorajadas pela difusão da devoção, apresentaram vários pedidos à Santa Sé: a aprovação da festa litúrgica; a sua celebração na sexta-feira depois da festa de Corpus Christi; a faculdade, para todos os sacerdotes que naquele dia tivessem celebrado nos mosteiros da Visita-ção, de rezar a Missa "Venite", composta pelo Pe. Gallifet.

Apesar de uma resposta negativa em 1697, a devoção continuava a difundir-se.

As Visitandinas pela segunda vez apresentaram o pedido de aprovação da festividade ao Papa Bento XIII, que era conhecido pela sua piedade. A decisão final foi: "Non proposita", que no estilo da Cúria Romana significava que a festividade não se aprovava. Dois anos depois (1729) foi reproposta e obteve um terceiro amargo e seco: "Negative".

Aprovação pontifícia

Após uma quarta tentativa, a 2 de Janeiro de 1765, a Sagrada Congregação dos Ritos aprovaria a festa do Sagrado Coração "pro regno Poloniae, pro catholicis Hispaniarum regnis, necnon pro archi-confraternitate sub titulo eiusdem santis-simi cordis in Urbe". A decisão foi confirmada pelo Papa Clemente XIII, no dia 6 de Fevereiro do mesmo ano, que porém omitiu a frase "pro catholicis Hispaniarum regnis". A festa litúrgica era limitada à Polónia e à Arqui Confraria do Sagrado Coração de Roma.

Na primeira metade do século XIX, contudo, não havia quase nenhuma diocese que não tivesse obtido da Santa Sé o indulto de celebrar a liturgia do Sagrado Coração. Pio IX (1856) estendeu a festa à Igreja universal, que é actualmente celebrada na sexta-feira da 2.ª semana a seguir ao Pentecostes, oito dias depois da festa do Corpo de Deus.

Em 2006, ano em que se assinalaram os 50 anos sobre a encíclica "Haurietis aquas", Bento XVI escreveu uma carta ao Padre Peter-Hans Kolvenbach, Prepósito-Geral da Companhia de Jesus, na qual lembrava que "ao promover o culto ao Coração de Jesus, a Encíclica ‘Haurietis aquas’ exortava os crentes a abrirem-se ao mistério de Deus e do seu amor”.

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