Celebrar a Páscoa

CELEBRAR A PÁSCOA

1.Origem da Páscoa: Segundo os estudiosos, a Páscoa (Pesah) era  uma festa primitiva, pré-Israelita, de pastores nômades, celebrada na primavera para: 1. Agradecer a Deus pelos nascimentos das ovelhas; 2. Para pedir a proteção divina contra os maus espíritos, manifestados nas doenças (pestes) contra o rebanho e a família; 3. Para pedir a fertilidade do rebanho e das novas pastagens. O ritual primitivo consistia no sacrifício de um animal e com o sangue dele era tingido a entrada da tenda.
2.A Páscoa Israelita: A festa da Páscoa foi incorporada no calendário litúrgico das festas judaicas com um sentido salvífico (conf. Lv. 23,5). O ritual da festa da Páscoa no Antigo Testamento é apresentado em Êx 12,1-28. A narrativa da Instituição da Páscoa começa com estas palavras: “Este mês será para vocês o principal, o primeiro mês do ano” (Ex 12,1s…).  O rito consistia na celebração de um banquete  no primeiro mês do ano (14 de Nisan). O cordeiro devia ser assado inteiro e partilhado em família. Os comensais comiam-no em pé, com sandálias nos pés, acompanhado de Pão sem fermento, ervas amargas (amargura da escravidão) e prontos para a viagem. Estes símbolos litúrgicos expressam a pressa de sair da opressão para uma nova vida.   É o desejo ardente de libertação.  Com o sangue do cordeiro imolado era tingido  os umbrais das portas para afastar o anjo destruidor, que matou os primogênitos no Egito.
Com o acontecimento do exodo (passagem do mar vermelho),  a Páscoa  transforma-se numa Instituição perpétua , como memória da libertação do povo de Deus, celebrada anualmente para reavivar  a fidelidade ao Deus libertador.
3.Páscoa Cristã (nova páscoa):  No  Novo testamento Jesus Cristo confere um sentido novo para a festa da Páscoa. Durante os festejos da Páscoa judaica, Jesus, livremente, entrega sua vida ao Pai pela redenção do mundo. É a Páscoa de Jesus, sua paixão, morte e gloriosa ressurreição.  O apóstolo Paulo nos diz: “Cristo por nós se fez obediente até a morte e morte de cruz (Fl 2,8)”. Ele é o cordeiro imolado para a vida do mundo. Com seu precioso sangue Jesus consolida, definitivamente, a nova e eterna aliança, reconciliando os homens com Deus e entre si. “Quando eu for elevado da terra, atrairei todos a mim (Jo 12,32)”.
É por isso que a Páscoa de Jesus constitui o eixo central de toda obra salvadora de Deus. É, indiscutívelmente, o acontecimento mais importante da história da salvação. O Pai entrega o seu filho, num gesto de amor sem limite pelos homens, e o filho entrega sua vida num gesto de total obediência ao Pai e total  generosidade para com o mundo.
4.A nossa Páscoa: A nossa Páscoa é a participação na Páscoa de Cristo. Somos chamados a morrer com Cristo e ressuscitar com ele, conforme as palavras de São Paulo “Portanto, se ressucitastes com Cristo Buscai as coisas do alto (Col 3,1)”. 
Portanto, a celebração da Páscoa deve renovar nossa esperança no mundo de paz, sem guerras, sem violência e sem ódio. Disse Jesus “Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus”  (Mt 5,9).É o lema da Campanha da fraternidade. Estamos todos estarrecidos e perplexos com o crescimento da violência urbana. Só em Janeiro e fevereiro aconteceram 68 assassinatos em Cuiabá!..
Que o Espírito de reconciliação, de concórdia, de diálogo e paz, possa sempre  iluminar  nossa vida.  Precisamos viver uma vida pacificada internamente e externamente: com a família, com os amigos, colegas de trabalho, com a comunidade e com a natureza.  Jesus é a referência da paz e do perdão: “Pai perdoa-lhes! eles não sabem o que estão fazendo!…(Lc 23,34)”. A lição de Jesus é amar os inimigos, fazer o bem àqueles que nos fazem o  mal,  pagar o mal com o bem  e orar pelos que nos perseguem! Verdadeiramente, o perdão é a grande característica que distingue o ser e o agir do  cristão.
Que Jesus ressuscitado, o Senhor  do mundo e da história, nos ajude a construir a civilização do amor e do perdão.
Que o esplendor da luz da ressurreição  brilhe em sua vida e em sua familia!

Feliz e santa Páscoa!

Pe. Deusdédit M. de Almeida – Vigário Geral da Arquidiocese de Cuiabá 
                                                         Pároco da Paróquia S. José Operário

Você pode Gostar de:

Um dogma cuiabano

Há 169 anos, o Papa Pio IX proclamava o dogma da “Imaculada Conceição”, na presença …