Um olhar sobre a família

Um olhar sobre a família
Participei, em Salvador(2011),  do  II º Congresso Teológico sobre a família, representando o regional Oeste. Este evento comemorativo, marcou os  30 anos do lançamento da Exortação Apostólica: “Familiaris Consortio” de João Paulo ll (1981), documento que lançou as luzes e sombras sobre a família no mundo contemporâneo.
No primeiro dia foi um olhar das Ciências humanas sobre a família. Vários pesquisadores apresentaram suas visões sobre a atual conjuntura e sobre a situação da família hoje. Impressiona-nos alguns dados:
1- Aumentou drasticamente o número dos Divórcios, sobretudo após a PEC 66/2009. Estas separações são causadas, sobretudo, pela precocidade e improvisamente do casamento, a falta de tempo e imaturidade para o diálogo, a má influência dos meios de comunicação, com destaques para as novelas que fazem apologia  ao adultério, às separações e às relações homo-afetivas.  Realmente, o ambiente sócio-cultural não favorece o arranjo familiar. Vivemos uma mudança de época, marcada pela oscilação dos critérios de compreensão de todos os setores da vida, ou seja, uma mudança globalizada Mudança de época é, de fato, tempo desnorteador, pois afeta critérios de compreensão dos valores mais profundos. Entretanto, o que mais marca este tempo são as visões relativistas e individualistas do comportamento humano e da família. A visão relativizada da vida e da família, é inclinada para o subjetivismo ético (cada um faz sua ética) e ao permissivismo ( tudo é permitido). Com efeito, em matéria de costumes, de sexualidade, de matrimônio, estamos realmente numa sociedade permissiva, na qual são exaltados valores subjetivos ou parciais, não provados no plano ético. Entre  eles, a liberdade individual elevada a um absoluto, o bem-estar sob sua forma hedonista (a busca do máximo prazer possível).
2- Aumentaram 200% os casais com um único filho no Brasil. Significa que o Brasil, como nação, está envelhecendo rapidamente. Quem cuidará dos idosos nas famílias num futuro próximo? Como se sustentará o sistema previdenciário com menos contribuintes?
3-A figura das avós educadoras:  1.700,00 crianças, no Brasil, estão sendo educadas pelas avós. Muitas delas foram abandonadas pelos Pais. Por isso, são afetivamente carentes. São crianças em estados de riscos, com forte propensão para desenvolver comportamento anti-social.   .
No Segundo dia foi um olhar da Teologia sobre a família e o Matrimônio. A família, como instituição divina,  deve ser fundada sobre a  verdade do verdadeiro amor humano e cristão. Na cultura atual, no âmbito da vida afetiva, apenas a emoção imediata, o bem-estar afetivo e o desejo físico são considerados como constitutivos da natureza do amor humano, excluindo a dimensão espiritual do amor. Ora, o mistério do amor humano só se esclarece em Jesus Cristo, o qual entregou-se totalmente pela humanidade. A partir de Jesus Cristo podemos  compreender o sentido do verdadeiro amor. Por isso, o amor conjugal cristão, inspirado em Jesus Cristo, deve ter duas dimensões  interligadas: alteridade e gratuidade
No terceiro dia foi um enfoque da família na perspectiva pastoral da Igreja no Brasil. Atualmente tem-se multiplicado os congressos e encontros sobre a problemática da família. No passado a instituição familiar era dada como certa. Hoje a realidade social e cultural está profundamente alterada, influenciando o arranjo familiar.. No campo da família, por exemplo,  há uma clara percepção da diminuição da natalidade.    No passado a família falava uma mesma linguagem, tanto cultural como religiosa. Hoje, a família está divida por diferentes visões e concepções religiosas de seus membros (católicos, evangélicos, espíritas, filosofias orientais, cultos Afro-descendentes,  etc). Alteridade se refere ao outro, ao próximo, àquele que, em Jesus Cristo, é meu irmão ou minha irmã. É aquele parceiro ou parceira que está ao lado com suas diferenças, convidando ao respeito mútuo, ao encontro, ao diálogo e ao intercâmbio de vida. A sabedoria consiste em aprender com a diferença do outro.  Gratuidade: Imitar Jesus Cristo, que foi ao encontro dos outros, nada esperando em troca. Portanto, amar é querer bem ao outro, sem querer nada do outro.  É a gratuidade do relacionamento!. Portanto, alteridade e gratuidade, como expressões do amor humano e cristão, são fontes de paz, de felicidade, reconciliação e harmonia familiar. Também,  os casais em 2ª.união, são chamados para o sentido da alteridade e gratuidade.
Padre Deusdédit- assessor eclesiástico da Pastoral Familiar

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