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Tempo da Quaresma

Cantalamessa: silêncio sobre Espírito Santo atenua caráter trinitário da liturgia.
O Papa Francisco e a Cúria Romana ouviram, nesta sexta-feira (19/02), na Capela Redemptoris Mater, no Vaticano, a primeira pregação da Quaresma feita pelo frei capuchinho Raniero Cantalamessa. Na pregação intitulada “A adoração em Espírito e verdade. Reflexão sobre a Constituição Sacrosanctum Concilium” o religioso frisou que após o Concílio Vaticano II houve um despertar do Espírito Santo. “Ele não é mais ‘o desconhecido’ na Trindade. A Igreja tornou-se mais consciente de sua presença e de sua ação”, disse.

O papel do Espírito Santo
Segundo o religioso, “se há uma área em que a teologia e a vida da Igreja Católica foi enriquecida nestes 50 anos de pós-concílio, é certamente a relacionada ao Espírito Santo”, mas ressalta que “existem vazios e lacunas a serem preenchidos, em especial, sobre o papel do Espírito Santo. Já tomava nota desta necessidade São João Paulo II, quando, por ocasião do XVI centenário, em 1981, do concílio ecumênico de Constantinopla, escrevia em sua Carta Apostólica, a seguinte afirmação”: “Todo o trabalho de renovação da Igreja, que o Concílio Vaticano II tão providencialmente propôs e iniciou […] não pode ser realizado a não ser no Espírito Santo, isto é, com a ajuda da sua luz e do seu poder “. A Constituição conciliar Sacrosanctum concilium, sobre a Sagrada Liturgia, “nasce da necessidade, sentida por um longo tempo e por muitos, de uma renovação das formas e ritos da liturgia católica. A partir deste ponto de vista, os seus frutos foram muitos e, no conjunto, benéficos para a Igreja”.

Espírito, protagonista escondido
Segundo Cantalamessa, o Espírito Santo permanece ainda um pouco escondido em relação às Pessoas da Santíssima Trindade. Um problema encontrado no texto conciliar sobre a renovação litúrgica: “Toda celebração litúrgica é, por ser obra de Cristo sacerdote e do seu Corpo que é a Igreja, ação sagrada por excelência, cuja eficácia, com o mesmo título e no mesmo grau, não é igualada por nenhuma outra ação da Igreja ”. “Nós indivíduos ou atores da liturgia, hoje, somos capazes de perceber uma lacuna nesta descrição”, disse o frei ao Papa e à Cúria Romana. “Os protagonistas aqui realçados são dois: Cristo e a Igreja. Falta alguma alusão ao lugar do Espírito Santo. Também no resto da Constituição, o Espírito Santo nunca é sujeito de um discurso direto, só nomeado aqui e ali, e sempre oblíquo.”

A liturgia como obra do Espírito Santo
“Se a liturgia cristã é o exercício da função sacerdotal de Jesus Cristo, a melhor maneira de descobrir a sua natureza, é ver como Jesus exerceu a sua função sacerdotal em sua vida e em sua morte. A tarefa do sacerdote é oferecer ‘orações e sacrifícios’ a Deus. Agora sabemos que era o Espírito Santo que colocava no coração do Verbo feito carne o grito “Abba”! que encerra toda a sua oração. Lucas observa explicitamente quando escreve: “Naquela mesma hora Jesus exultou de alegria no Espírito Santo e disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra…”. A própria oferta do seu corpo em sacrifício na cruz aconteceu, segundo a Carta aos Hebreus, “em um Espírito eterno”, isto é, por um impulso do Espírito Santo. O silêncio sobre o Espírito Santo, inevitavelmente, atenua o caráter trinitário da liturgia. Cantalamessa deu algumas “orientações práticas para o nosso modo de viver a liturgia e fazer que com ela execute uma das suas principais tarefas, que é a santificação das almas”.

Espírito e oração de adoração
“O Espírito Santo não autoriza a inventar novas e arbitrárias formas de liturgia ou modificar de própria iniciativa aquelas existentes. Ele é o único, no entanto, que renova e dá vida a todas as expressões da liturgia”, disse ele. “O Espírito Santo vivifica especialmente a oração de adoração que é o coração de toda oração litúrgica. A sua peculiaridade deriva do fato de que é o único sentimento que podemos alimentar somente e exclusivamente pelas pessoas divinas”.

Espírito e oração de intercessão
“O Espírito Santo intercede por nós e nos ensina a interceder pelos outros. A intercessão é uma componente essencial da oração litúrgica. Em toda a sua oração, a Igreja não faz outra coisa a não ser interceder: por si mesma e pelo mundo, pelos justos e pelos pecadores, pelos vivos e pelos mortos. Também esta é uma oração que o Espírito Santo quer animar e confirmar”. “A oração de intercessão é, portanto, agradável a Deus, porque é livre de egoísmo, reflete mais de perto a gratuidade divina e está de acordo com a vontade de Deus, que quer que todos os homens sejam salvos”, concluiu Cantalamessa. 

Por Rádio Vaticano

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