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Dia Mundial dos Pobres 2019

DIA MUNDIAL DOS POBRES
O Papa Francisco instituiu, em 2017, o dia mundial dos pobres a ser celebrado no último domingo do tempo comum do ano litúrgico. Neste ano acontece no dia 17 de Novembro e tem como tema: “A esperança dos pobres jamais se frustrará”(Sl 9,19). O salmista invoca o juízo de Deus, para que seja restabelecida a justiça e vencida a iniquidade. O tema lembra que a vida dos pobres é movida e motivada pela esperança. A esperança é uma das virtudes que nos faz pensar que o amanhã será melhor do que hoje e que a “esperança não decepciona” (Rm 5,5).

O dia mundial dos pobres é uma oportunidade para um exame de consciência, na Igreja e na sociedade, acerca da pobreza no mundo e suas causas. Segundo o Banco Mundial, quase metade da população do mundo está vivendo abaixo da linha da pobreza. No Brasil, segundo uma recente pesquisa do IBGE, existem 13,5 milhões de brasileiros (as) em extrema pobreza. E quais as causas geradoras desta pobreza? É obvio que pobreza não é uma fatalidade e nem o resultado de fenômenos naturais, como enchentes ou seca. Entre as principais causas da pobreza podemos apontar: o crescimento demográfico, muito maior nas camadas mais pobres, do que nas camadas mais ricas; a globalização do mercado que concentra poder e riqueza, diminuindo os postos de trabalho nas industrias e no campo (automação); a baixa escolaridade e o modelo desenvolvimentista praticado pelas nações.

Modelos que priorizam o capital e não o ser humano geram nações socialmente injustas, desiguais e com alto índice de pobreza. Sabemos que o mercado por si só não regula as relações produtivas e nem uma economia voltada para a vida. Mas deve ter a participação ativa e disciplinadora do Estado com suas políticas públicas. Porque a tendência do mercado é premiar os fortes e punir os fracos, com baixa remuneração da força de trabalho. A iniquidade do sistema econômico consiste em conferir prioridade ao mercado, ao lucro, ao capital financeiro em vez de reconhecer e promover, em primeiro lugar, a dignidade da pessoa humana, sobretudo dos mais pobres.

A doutrina social da Igreja ensina que todo modelo de desenvolvimento socioeconômico deve considerar a centralidade da pessoa humana e deve ser acompanhado da justiça social: distributiva e restaurativa. Pois, a injustiça social é uma ofensa a Deus, que nos criou à sua imagem e ofensa à dignidade pessoa humana. Nesta linha, exaltamos a democracia participativa como um bem supremo e instrumento de mediação histórica na construção de uma sociedade justa, sem excluídos e sem excludentes. Indiscutivelmente, a verdadeira democracia tem uma natureza socializante, enquanto busca a justiça social, a superação da desigualdade e da miséria.

Na busca de superação da pobreza e da miséria, da humanização das relações econômicas e sociais, a Igreja condena as ideologias totalitaristas e ateias (comunismo) e o apetite desordenado e voraz pelo lucro (capitalismo). Entretanto, surpreende-nos saber que existe alimento suficiente no mundo para eliminar a fome, e, temos recursos e tecnologia para superação da fome. Porém, falta-nos o espírito solidário e evangélico para renunciar os privilégios, e libertar-nos dos vírus do egoísmo, do consumismo e do desperdício.

A solidariedade é muito mais que atos esporádicos de generosidade, mas, sobretudo, criação de uma mentalidade que pense na coletividade, na primazia da vida de todos. A solidariedade é uma reação espontânea de quem reconhece a função social da propriedade e o destino universal dos bens como realidades anteriores à propriedade privada. Assim afirmou S. João Paulo II: “sobre cada propriedade privada, pesa uma hipoteca social”. Em fim, o resgate da dignidade dos pobres não pode limitar-se à assistência emergencial ou socorro imediato, mas exige a transformação da sociedade e da economia, numa nova ordem voltada para o bem comum.

É o que costumamos chamar de economia solidária. Finalizo com as palavras do Papa Francisco na sua mensagem para o dia mundial dos pobres: “A esperança do pobre desafia as várias formas de morte, porque sabe que é particularmente amado por Deus e, assim, triunfa sobre o sofrimento e a exclusão… Os pobres salvam-nos, porque nos permitem encontrar o rosto de Jesus Cristo”

Pe. Deusdédit é sacerdote Diocesano e Pároco da Paróquia Coração Imaculado de Maria (Cuiabá)

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