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Pe. Pedro defende acolhida e diz que, quem é contra,“Nunca soube o que é migrar”
Da Redação Rádio Difusora Bom Jesus de Cuiabá: Elaine Coimbra
A Casa do Migrante (Pastoral do Migrante) há 27 anos exercer seu compromisso com amor incondicional para com o próximo. Desta vez é a acolhida de 100 venezuelanos que chega à Cuiabá em busca de esperança e oportunidade. Na tentativa de conquistar a carta de “alforria” que viabilizará emprego, alimento, saúde, moradia e dignidade perdida em meio ao colapso instalado na Venezuela diante da intensa crise política.
Em entrevista na Rádio Difusora Bom Jesus de Cuiabá, 630AM, o diretor da Casa do Migrante, Pe. Pedro Freitas Rodrigues, explica que atender um pedido da ONU é viver a caridade e exercer a solidariedade que deve se manifestar naturalmente entre os homens provando a comunhão dos santos em prol dos necessitados.
O diretor conta que já recebeu reclamações “de pessoas perguntando por que Cuiabá precisa acolher esses venezuelanos, já que a cidade tem seus problemas? Penso que tais atitudes sejam de pessoas de coração pequeno, mente fechada e que nunca soube o que é migrar, pelo fato de não terem saído da cidade onde moram”.
Assim, Pe. Pedro defende a acolhida e explica que os venezuelanos estão fugindo de um país que não oferece qualidade de vida e emprego. Reforça ainda que recepção desses migrantes já é feita há tempos, como por exemplo, médicos e enfermeiros que já passaram pela Pastoral, que geralmente ficam em torno de dois a três dias, a fim de regularizar documentos (como os passaportes que é feito totalmente gratuito em parceria com a Polícia Federal), e depois segue em destino para outros países, ou seja, Mato Grosso é uma ponta de escapa para aqueles que perderam quase tudo menos a esperança!
Para entender os motivos que levam os profissionais da saúde da Venezuela pedir acolhida no Brasil ou em Cuiabá, Pe. Pedro argumenta “o salário de um médico lá, está em torno de 15 dólares, convertido para a moeda local, resulta em 550 mil Bolívar, e o que se consegue comprar com esse valor na Bolívia? Dois frangos, 5 kg de arroz, 1kg de feijão e de açúcar. O café lá é caríssimo, então eles escolhem se compram o frango ou café(…) nesse valor não inclui ainda despesas com aluguel e remédios. E se convertêssemos para o Brasil, 500 mil Bolívar não chegaria a 100 reais. Como essas pessoas podem sobreviver lá? não têm condições…”, intercedeu.
Ao ser questionado sobre as dificuldades econômicas no Brasil, como desemprego, razão para não acolher o pe. Pedro ilustra que em terras brasileiras “70% dos brasileiros escolhem o que querem fazer, são divulgados com frequência concursos públicos, pessoas que têm emprego de meio período garantido na empresa privada e podem dedicar em outro emprego. Já os venezuelanos não têm essa facilidade para trabalhar e muito menos escolher o local onde deseja trabalhar mesmo tendo qualificação profissional”.
A Casa do Migrante que oferece ajuda humanitária, uma das ordenanças do Papa Francisco, que em suas homílias sempre pede para acolher aqueles que fogem da guerra e da fome, já acolheu mais de 200 mil migrantes. E todos receberam alimentos, roupas, pouso, encaminhamento para emprego, qualificação profissional e auxílio para regularização de documentos, isso graças ao apoio das parcerias e doadores.
A sobrevivência da Casa em sua grande maioria é garantida por pessoas caridosas e sensíveis com a causa em ajudar o próximo, “A caridade não procura seu próprio interesse” (1 Cor 13,5).
Assim quem deseja contribuir para acolhida dos 100 venezuelanos que deve chegar à próxima semana, podem entregar os donativos na Paróquia Divino Espírito Santo, que fica no Bairro CPA 1, em Cuiabá, bem em frente ao terminal ou na própria Casado Migrante, no Bairro Carumbé.
Entre as principais necessidades são de colchões, móveis, roupas, sapatos, lençol, toalhas, materiais de limpeza e de higiene pessoal (escovas de dente, sabonetes e creme dental) e alimentação.
Dúvidas ou informações pelo telefone 3641-1451 ou 3641-2413.
