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47a Assembléia da CNBB

Em entrevista à Assessoria de Imprensa da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o secretário-geral, Dom Dimas Lara Barbosa, falou sobre suas expectativas dois dias antes [ontem, 20 de abril] para o início da 47ª Assembleia Geral dos Bispos. Confira nas palavras de Dom Dimas o que vai acontecer de mais importante durante os dez dias de Assembleia que envolverá 330 bispos, além de 36 assessores, 19 funcionários, 17 secretários regioanais, entre outros.

Qual a expectativa para essa 47ª Assembleia Geral da CNBB?Estamos com a pauta bastante ampla e apertada, o que significa que a nossa Igreja é muito dinâmica. Isso para quem está organizando o evento é muito atípico, porque a Assembleia não pode ser muito pesada e ao mesmo tempo tem que ser eficiente. Os temas são de tal importância que vale qualquer sacrifício que isso possa exigir de nós bispos e assessores também. Basta lembrar o tema central que nós não apenas aprovaremos as novas “Diretrizes da Formação Presbiteral”, mas também discutiremos as implicações dessa formação numa perspectiva mais ampla, como também os temas prioritários: “O Brasil na Missão Continental” e “Iniciação à Vida Cristã”. São temas de grande atualidade que vêm responder de maneira muito concreta aos desafios propostos no Documento de Aparecida (Dap), para que passemos a ser discipulos e missionários, e a partir de uma experiência com Cristo nos tornemos também missionários na situação concreta que o Senhor nos envia. Nós devemos discutir também temas relacionados com a Amazônia, como é o caso de um instituto de formação missionária para essa região, depois os outros temas que também fazem parte do dia a dia da Igreja e que, sem dúvida, vão nos ocupar bastante. Então, a expectativa é boa. Aliás, eu particularmente, estou ansioso para colher os resultados dessa Assembleia, também porque elas decidirão diretamente nos rumos que a Igreja no Brasil vai tomar nos próximos anos.
O que mais chama a atenção no estudo da formação dos padres?A formação é um processo. Há vários anos na CNBB se vem discutindo que é importante ter presente não apenas algumas regrinhas a serem observadas, mas é todo o processo formativo em todas as suas dimensões que devem ser apreendidos no todo. A formação não é só intelectual, ministrada nos cursos de filosofia e teologia, ou mesmo no propedêutico [preparatório para o estudo da filosofia e teologia], mas inclui a formação espiritual, humano-afetiva, pastoral [formação para a vida em comunidade], e um aprofundamento da experiência da vida de fé, ou seja, o próprio candidato ao ministério ordenado deve experienciar a mistagogia, que faz parte da tradição da Igreja: ser introduzido na vivência do mistério pascal de Cristo.
Quais os maiores desafios da formação sacerdotal na atualidade?Primeiro precisamos ter em mente que tipos de padres queremos ter, para que tipo de Igreja. Padres como todos os missionários, leigos e leigas, agentes de pastoral, são chamados para anunciar o Evangelho num meio específico. Numa cultura e num tempo que também são singulares. É por isso que é muito importante que se contemple durante esta Assembleia, a formação permanente daqueles que já são ministros ordenados. Mas, os grandes desafios da formação são aqueles próprios do nosso tempo. Os Seminaristas não são jovens de outro mundo, são jovens provenientes das famílias que nós temos com todas as crises a que estão submetidas em nossa sociedade. Eles vêm de um mundo pluricultural, globalizado, individualista, violento, marcado pela desvalorização da dignidade da pessoa humana, pelas tecnologias da informação, pela internet. Esses são os jovens que vêm para nossos seminários, muitos deles, inclusive, provenientes de famílias desestruturadas, com uma formação escolar, muitas vezes precária, como costuma acontecer em tantas das nossas escolas. Muitos chegam semialfabetizados, por causa da má qualidade das escolas que frequentaram. Então, o jovem seminarista não é, repito, alguém de outro mundo, pelo contrário, é um jovem comum, das nossas sociedades, que  precisa ter na formação respostas para conseguir identificar o caminho, o processo formativo que o leve a amadurecer a própria opção vocacional, a experiência de Deus e do serviço aos irmãos.
A Assembleia da CNBB é a única oportunidade dos bispos do Brasil se encontrarem. Como o senhor vê esse encontro olhando na perspectiva de unidade e fraternidade da Igreja?
Fundamental. A necessidade de, em primeiro lugar, planejar a pastoral foi apontada pelo então papa João XXIII antes mesmo de já existir essa prática. A prática do planejamento pastoral é relativamente recente na história da Igreja no Brasil. Depois a complexidade da nossa sociedade é cada vez mais crescente e desafiadora, a tal ponto que nenhum bispo, por mais dotado que seja, pode dar conta dela toda. Hoje você não encontra nenhuma filósofo, sociólogo ou analista que queira dar conta da realidade como um todo. Então, a experiência do planejamento conjunto é fundamental. Mais ainda a experiência da colegialidade do episcopado, que faz parte de um colégio episcopal em comunhão com o sucessor de Pedro, sucesse ao colégio apostólico e essa experiência de colegialidade, a gente exprime de várias formas, nas assembleias dos regionais, ou províncias eclesiásticas. Mas de uma maneira mais plena, na Assembleia Geral dos Bispos. Então, são momentos preciosos e mesmo que um dia descobríssemos formas tecnológicas para substituí-los, como por exemplo as video-conferências, que nós queremos aproveitar em breve para uso dos bispos por meio da CNBB, ressalto: nenhuma tecnologia substitui a beleza e o específico de um encontro pessoal de uma Assembleia. É ali que o colégio dos bispos fala, se manifesta e exerce de maneira colegiada o seu ônus de pastor.
Quais dificuldades são impostas para se organizar uma Assembleia Geral que envolve mais de 300 bispos, além de assessores, peritos, funcionários e colaboradores?
Nós já temos uma larga experiência na realização de Assembleias gerais. Essa experiência acumulada permite uma revisão de modo que os erros cometidos numa Assembleia deverão ser dados para na próxima. Então, nesse sentido, a Assembleia tem um ritmo próprio que proporciona a repetição do evento ano após ano com um aprimoramento crescente. Agora, evidentemente, você  manter 400 ou 500 pessoas, entre bispos, assessores, peritos, funcionários e convidados, representantes de organismos, secretários de regionais durante dez dias, em plena atividade, de maneira dinâmica, leve, gostosa e produtiva, isso exige de quem organiza a Assembleia muita criatividade, muito empenho e bastante preocupação.
Como fundador da CNBB o que dom Helder Câmara representa para a Igreja? E o que os bispos recordarão ao celebrar o seu centenário de nascimento?
Dom Helder, sem dúvida, é um dos pastores que a Igreja pode ostentar diante do mundo de alguém cuja vida foi marcada por um profetismo muitas vezes itinerante, até por conta da censura a que ele foi submetido. Dom Helder chegou a ser conhecido mais no exterior do que no Brasil, por conta do bloqueio da imprensa, da censura. Mas, sem dúvida, é o modelo de um grande pastor, um poeta, místico, alguém que viveu a sua opção pelos pobres de uma maneira muito coerente, pela própria exigência da situação muito radical em que viveu. Uma pessoa que é apresentada como modelo para os bispos do Brasil de hoje e de amanhã.
O Ano Catequético Nacional merecerá uma celebração no dia 24, durante a Assembleia. Em que o Ano Catequético contribuirá para o crescimento da fé do povo brasileiro?
Mais do que a celebração do dia 24, a celebração do Ano Catequético vai servir para levar a todos a consciência da necessidade de se colocar no caminho do discipulado. Eu dizia que o próprio processo mistagógico que nós queremos apresentar aos batizados e, ao mesmo tempo, celebrar e viver.

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