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Senhor Bom Jesus de Cuiabá

A Catedral Basílica do Senhor Bom Jesus festeja, no mês de Setembro, o Senhor Bom Jesus (14 a 24), padroeiro da Cidade e desta arquidiocese. Lembro aqui, as palavras de Miguel de Cervantes (D. Quixote): “A história é a êmula do tempo, repositório de fatos, testemunha do passado, aviso do presente e advertência do porvir”. Por isso, precisamos conhecer algumas informações históricas relacionadas com esta antiquíssima, rica e respeitável tradição religiosa cuiabana: a veneração à imagem do Senhor Bom Jesus de Cuiabá. Esta Imagem histórica foi notificada com ênfase pelo Advogado e cronista José Barbosa de Sá: “Foi esta imagem fabricada de madeira por mãos de uma mulher, na Vila de Sorocaba. Trouxe-a consigo Pedro de Morais, natural da mesma Vila, nos primeiros anos que estes Sertões foram povoados” (anais do Senado e da Câmara, crônicas de José Barbosa de Sá).

A Imagem Chegou ao porto da Vila do Arraial em 1729. Portanto, são 294 anos de sua presença nesta cidade. Chegando à Vila, a imagem foi recebida festivamente e levada à modéstia capela de palha construída por Jacinto Barbosa Lopes. A Imagem foi colocada em um altar colateral ao lado do evangelho, tendo ao fundo um belo e ilustrativo painel colorido, calcado na história destas Minas. No magnífico e imponente mosaico da nova Catedral, aparece o Bandeirante, o Índio e o Garimpeiro, cada qual fazendo a oferenda dos seus tesouros ao Orago-Mor do Arraial. Segundo Estevão de Mendonça, os cabelos anelados, que ainda adornam, até hoje, a fronte e a cabeça da imagem, representam a dádiva de uma jovem cuiabana, que deles se desfez, em cumprimento de um voto. O manto foi ofertado por uma família cuiabana devota, agraciada pelo Senhor Bom Jesus. A graça recebida foi em favor da filha que nasceu com cardiopatia congênita complexo. A mãe veio à Catedral para consagra-la e revestiu a filhinha com o manto do Bom Jesus. A cirurgia cardíaca foi bem sucedida e ela está milagrosamente viva. Este milagre nos faz recordar a narrativa do evangelho de Marcos da mulher hemorroíssa: “Ela pensava: basta tocar seu manto e ficarei curada” (Mc 5,28). Pois bem, esta veneranda Imagem permanece até hoje, acompanhando a vida e a história desta tricentenária cidade e seu povo. Nas adversidades que atormentaram o povo cuiabano no passado, como por exemplo: a guerra do Paraguai, com a consequente epidemia da varíola(1867), da Cólera (1887), da gripe espanhola(1919) e, ultimamente, a pandemia da COVID, a Catedral e a veneranda imagem se transformaram em refúgios, confortos e proteção aos transeuntes e devotos.

Esta histórica imagem é a representação do Divino mestre, único mediador da salvação, o qual proclamou: “eu sou o caminho, a verdade e a vida (Jo 14,6). Os dois adjetivos que precedem o nome de Jesus, com os quais a fé do povo cuiabano tão bem O qualifica: “Senhor e Bom”. São duas expressões teológicas, muito significativas, que exaltam a identidade e missão de Jesus Cristo no mundo. “Senhor”: É o senhor perante a qual se curvou no passado o bandeirante indômito. Ele é o senhor do mundo, senhor da história, senhor da Igreja, Senhor de nossas famílias e da nossa vida pessoal. “Bom Jesus”, significa que Ele é este poço inesgotável de bondade, de onde jorra a agua da misericórdia para todos àqueles que o invoca). Ele é o “Bom” Jesus cuja expressão de dor, de amor e resignação, infunde ânimo e coragem ao nosso povo. Ele quis estabelecer sua morada aqui e reinar para sempre sobre esta histórica e lendária cidade.

O nosso Orago-mor, continua velando por seu povo, com o mesmo desvelo de outrora e com o mesmo amor eterno. Pois, o Senhor Bom Jesus é o mesmo: “ONTEM, HOJE E SEMPRE” (Hb, 13,7)! Na vida agitadíssima e frenética desta pujante e próspera cidade, a imagem do Senhor Bom Jesus, do alto do seu trono sagrado, continua abençoando este povo amável, hospitaleiro, acolhedor e fervoroso de espírito. Unamo-nos em oração, na novena e na festa do senhor bom Jesus, e cantemos juntos o” Te Deum de ação de graças” ao verbo eterno do Pai, implorando sua ajuda. Neste ano em que celebramos os 300 anos de evangelização e os 50 anos da nova catedral, imploramos ao Senhor Bom Jesus que abençoe nossas famílias, nossa cidade, nossas autoridades e nossa arquidiocese.
Pe. Deusdédit M. de Almeida é Cura da Catedral Basílica do Senhor Bom Jesus de Cuiabá.

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