Sínodo sobre a Família

Sínodo sobre a Família.
Aconteceu em Brasília, de 28 a 30 de março, a 38ª Assembleia ordinária da pastoral familiar do Brasil. O eixo temático desta assembleia,  foi a preparação do Sínodo mundial sobre a família, convocado pelo Papa Francisco. O sínodo, “syn”(comum)“odos”(caminho), significa busca de uma caminhada comum para a Igreja inteira. O Sínodo desejado pelo Papa Francisco se realizará em duas etapas, em 2014 e 2015.  Das 267 Dioceses do Brasil, 120  responderam o questionário de preparação, o que representa uma boa participação. Em relação às Dioceses do mundo, voltaram 80% do questionário respondido. São sinais que refletem a grande preocupação nacional e mundial com a problemática familiar.

Entre as principais preocupações da Igreja, estão: 1-A preparação para o matrimônio. Chamamos de setor pré-matrimonial. Pois, uma boa, séria e remota preparação, geram famílias com bases sólidas, duradouras e felizes. 2- Os divorciados recados. É cada vez maior o número de casais em 2ª ou 3ª união, os quais precisam de um olhar de misericórdia e acolhimento da Igreja. Vale lembrar que a causa do divórcio está, sobretudo, no “improvisamento” dos casamentos, os quais tiveram pouca ou nenhuma preparação para o matrimônio. Além disso, tem a facilitação do Estado e da lei, com a promulgação do “divórcio à jato”.
O magistério da Igreja, através dos últimos Pontífices,  vêm se dedicando, com muito afinco e solicitude, ao estudo e, também, possíveis soluções, deste problema. É um problema  delicadíssimo e sensível, que atinge milhares de famílias e que exige maior atenção e cuidados especiais. A arquidiocese de Cuiabá,  em comunhão com as preocupações do Papa Francisco, realizará no dia 5 (sábado),uma assembleia,  cujo tema é a família. Nesta assembleia, serão apresentadas e aprofundadas as diretrizes arquidiocesanas  para o atendimento pastoral às nossas famílias. Tudo que queremos é o bem das famílias. Porquanto, a família é a base da vida e forjadoras dos valores humanos e cristãos.
A conjuntura cultural e os novos paradigmas  têm impactados  intensamente a Família hoje. Eis alguns aspectos dessa tendência cultural.
Primeiro: Valores  contraditórios, a maioria das famílias de hoje, carregam um misto de valores, alguns verdadeiros e outros contraditórios.  É verdade que precisamos acolher os novos valores da cultura atual. Porém, não podemos desprezar ou sepultar os antigos valores herdados dos  antepassados e passados de Pais para filhos.
Segundo: Ilusão da autonomia, a principal característica do homem e mulher da alta modernidade, é a busca de autonomia, de independência. Esta ideia de independência tende a refletir no relacionamento conjugal. Ora, o matrimônio e família criam profundos laços de pertença entre os cônjuges e com os filhos, ou seja, uma interdependência permanente. A ideia errada de autonomia dificulta o relacionamento conjugal e a convivência familiar.
Terceiro: Multiplicidade de interesses, as pessoas vivem, hoje, em função de múltiplos interesses: negócios, trabalho, estudo, viagens, lazer, etc.  por isso, correm o risco de colocar a família como mais um dos interesses. Ora, a família é uma vocação divina e não função, ou seja, ela deve unificar todos os interesses e as ações da pessoa humana. É o referencial e o bem mais importante da vida humana na terra. É o capital social mais importante para sociedade.
Quarto: Relacionamentos parciais, as pessoas vivem, hoje, relacionamentos parciais ou superficiais em função de seus interesses circunstanciais. E, com isso, corre o risco de levar estas parcialidades para dentro da família. Ora, a família deve abraçar a totalidade da pessoa humana e não apenas alguns aspectos da sua vida.
Quinto: Esterilidade, Respiramos, hoje, uma atmosfera “anti-vida”. A mentalidade contraceptiva é muito forte. Muitos casais pensam no casamento, mas não querem filhos, os quais são vistos como estorvos e não como dom e bênção de Deus. Porquanto, os filhos constituem a beleza, a alegria e a grande motivação do matrimônio.
Sexto: O individualismo, o qual  leva à indiferença e falta de solidariedade com o próximo, empobrecendo o relacionamento conjugal e familiar.
Finalmente, a Provisoriedade: vivemos hoje, também, a cultura da “provisoriedade”. Tudo que adquirimos é descartável (descartabilidade) e com prazo de validade. Esta cultura tem influenciado muito a dissolução do vínculo, o qual, de acordo com o plano de Deus, tem caráter definitivo, irrevogável e sem prazo de validade!
Finalizo dizendo que todos somos chamados e enviados a amar as famílias em nome de Cristo. E tudo que fizermos pela família é ainda pouco.
E que Deus abençoe nossas as famílias!

Pe. Deusdédit é sacerdote  e assessor eclesiástico da pastoral familiar da Arquidiocese de Cuiabá e da CNBB Regional Oeste 2..

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