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Dom Aquino Corrêa

DOM FRANCISCO DE AQUINO CORRÊA
ARCEBISPO DA ARQUIDIOCESE DE CUIABÁ
PRESIDENTE DO ESTADO DE MATO GROSSO
MEMBRO DA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS
FUNDADOR DA ACADEMIA MATO-GROSSENSE DE LETRAS
(NASCIDO EM CUIABÁ-MT EM 02 DE ABRIL DE 19885 E FALECIDO EM SÃO PAULO-SP EM 22 DE MARÇO DE 1956)

Neste mês de Abril de 2014 celebramos os 129 anos do nascimento do Grande Arcebispo da Arquidiocese de Cuiabá Dom Francisco de Aquino Corrêa. Nesta postagem FAZEMOS memória desse grande homem de Deus, da Igreja, de Mato Grosso e de toda a nossa amada Pátria, para tal, apresentamos a excelente biografia de Dom Francisco de Aquino Corrêa realizada pelo Reitor-Mor Rev. Padre Renato Ziggiotti, sdb, por ocasião da "carta mortuária" de Dom Aquino Correa no dia 22 de março de 1956  postada no site da Congregação Salesiana:
"Francisco de Aquino Correa, último de quatro irmãos, nasceu em Cuiabá, capital do Estado de Mato Grosso, no dia 2 de abril de 1885 do comendador Antônio Tomás de Aquino e de Maria de Aleluia Gaudie Ley.Tendo ficado órfão de mãe aos três anos, cresceu em um ambiente familiar profundamente religioso, educado sabiamente pelo pai e pela irmã mais velha Eulália, que mais tarde se tornou Filha de Maria Auxiliadora, juntamente com outra irmã ainda viva. O bom pai, modelo de piedade eucarística e de amor ao papa, lia atentamente as encíclicas, decorando trechos das mesmas, que depois defendia diante de todos com grande entusismo. Foi um dos primeiros amigos e sustentadores da Obra Salesiana em Cuiabá, e não é de estranhar que o Senhor lhe desse a honra de dar um tal filho à Sociedade salesiana e um tão grande e santo arcebispo à Igreja. Dom Aquino dele sempre se lembrava com muito carinho, mostrando comovido aos mais íntimos o anel, símples mas a ele tão querido, que levava ao dedo, presente do pai na sua consagração episcopal.

Fez os estudos primários e secundários em sua cidade natal, e apresentou-se em 1904 como primeiro candidato aos exames de madureza no Liceu Salesiano recentemente equiparado, obtendo um brilhante resultado. Em 1902 já tinha entrado no noviciado salesiano em Coxipó da Ponte onde, em 19 de março de 1903, tinha recebido o hábito clerical e iniciado o curso filosófico.Depois do exâme de madureza os superiores o enviaram para a Itália; em primeiro de outubro de 1904 emitiu os votos trienais em Foglizzo Canavese, e tres anos depois em Genzano de Roma os votos perpétuos.Contemporaneamente tinha-se inscrito na Academia Romana de S.Tomás de Aquino e na Pontifícia Universidade Gregoriana, que frequentou simultaneamente, laureando-se em filosofia e teologia. “Desde aquele tempo – escreve o Rev.mo Pe.Hermenegildo Carrá, seu companheiro de estudos e depois por 12 anos missionário em Mato Grosso – iluminava-lhe o coração o ideal de D.Bosco: “da mihi animas! “ E nós o vimos consagrar-se, corpo e alma, ao bem dos jovens do Oratório Festivo do Sagrado Coração. Lembro da sua alegria, quando um dos seus meninos ganhou o prêmio do certame catequístico entre todas as paróquias de Roma, e a sua felicidade em levar os meninos da primeira comunhão para a audiência especial concedida pelo Papa, então Pio X. Um ano depois, os superiores o escolheram como assistente do Círculo Sagrado Coração, um grupo de jovens animados que combatiam aquelas que podem ser classificadas como as primeiras batalhas da Juventude Católica Romana.”
Na capital do orbe católico recebeu todas as órdens sacras, e em 17 de janeiro coroou os seus estudos e a sua formação eclesiástica com a ordenação sacerdotal.
Retornado a Cuiabá, foi por um ano conselheiro escolar naquele colégio do qual em 1912 foi eleito diretor. Mas, somente dois anos depois, o papa Pio X o preconizava bispo titular de Prusíade, e o nomeava bispo auxiliar do venerando arcebispo de Cuiabá, Dom Carlos Luis de Amour. Consagrado na mesma cidade no dia primeiro de janeiro de 1915, com 29 anos de idade, foi ele o mais jovem bispo do mundo.
Esta sua rápida ascenção à dignidade eclesiástica foi para ele ocasião, não já de orgulho,
mas de dolorida saudade da amada Congregação salesiana, da qual teve que afastar-se tão cedo. Dom Aquino às vezes dizia:”Eu nada posso pretender da Congregação, porque nada fiz por ela. Mas não foi por minha culpa, porque dela me separaram nomeando-me bispo.”
Com a sagração episcopal abriu-se para o novel prelado um caminho impensado de apostolado e de paz entre as opostas facções do mundo político. O Estado de Mato Grosso, naqueles anos, atravessava uma profunda crise de Governo. O Governador do Estado tinha perdido todo ascendente sobre os vários partidos, todos passados para a oposição, de forma que a sua autoridade era inoperante e o Estado se encontrava numa situação caótica; nem sequer esperava-se saná-lo com novas eleições, dada a irredutibilidade das partes opostas.
Foi o mesmo Presidente Federal do Brasil que sugeriu, por meio de um seu enviado especial, a candidatura do jovem Bispo, culto e prudente, como tentativa de reconciliação dos obstinados adversários políticos. Dom Aquino,por amor pátrio, tendo obtido a devida autorização da Santa Sé, aceitou a onerosa experiência. As eleições, realizadas no dia 1º de novembro de 1917, elevaram-no com sufrágio quase unânime à mais alta magistratura do Etado, i.é à cadeira presidencial com o título de Governador. Durante o quadriênio do seu governo alcançou-se a paz no Estado, que pôde ser reorganizado em sua admistraçaõ e levado a um verdadeiro progresso econômico e moral. Ao findar seu mandato presidencial ele viu continur aquela política de união entre as correntes opostas por ele tão bem iniciada,e,tendo falecido o arcebispo de Cuiabá, a Santa Sé o destinava-o a suceder-lhe naquela vastíssima e paupérrima Diocese.
O jovem arcebispo não desanimou diante das dificuldades. Pressionado pelas dificuldades financeiras, vendeu a bela cruz peitoral herdada do seu predecessor, e um precioso anel com uma belíssima esmeralda doado-lhe durante a sua presidência, nem esitou estender o seu ministério pastoral para outas diocese, onde a sua fulgurante palavra era esperada e procurada, para pode suprir às despesas do culto e do seminário, e nem siquer envergonhou-se de mendigar, mais para os outros que para si.
O seu apartamento episcopal se reduziu, em todos os 41 anos de episcopado, a tres pobres quartos do velho Seminário. Construiu uma nova residência episcopal, mas nela não morou.
Do seu apostolado, que bem podemos chamar de missionário, dá-nos um exaustivo e autorizado testemunho o nosso caríssimo Dom Camilo Faresin, que viveu por nove anos em Cuiabá, diretor do Colégio salesiano; cedo a ele a palavra.
“Quando Dom Aquino recebeu a arquidiocese, a sua jurisdição estendia-se sobre uma zona imensa, paupérrima, com difíceis comunicaçãoes e insalubre. Embora de constituição delicada, todavia visitava regularmente todo o imenso território , de tres em tres anos, submetendo-se à vida de um pobre missionário, pregando todas as noites durante a visita e sentando no confessionário por muitas horas.Na sede reservava para si as pregações da quaresma e os retiros espirituais pascais para as várias categorias de pessoas. Certa vez cheguei a impor-lhe que deixasse a pregação, embora ele quisesse subir ao púlpeto ambora com afebre. A sua pregação era substanciosa e maravilhosa na forma, sabendo-se adaptar aos vários ambientes com uma facilidade que surpreendia.As suas cartas pastorais, pois são verdadeiras obras primas de catequese que, impressas, não deixarão de produzir granfes frutos.Algumas já tiveram várias edições, e todas foram recolhidas em tres volumes. Tinha formado um grupo de catequistas, que ele mesmo seguia e ,por muitos anos, aos domingos lhes impartia sábias normas de pedagogia e didática catequética.

Dom Aquino fez uso de seus dotes naturais assim como do seu prestígio adquirido no Brasil, unicamente com finalidade apostólica.Fez muitas conferências religiosas na Escola Militar, reduto inexpugnável do positivismo reinante na cultura do tempo, e quando pronunciou o seu discurso oficial na Academia Brasileira de Letras diante de um erudito auditório, concluiu com um hino de amor à Virgem Maria, tão cordial e vibrante, que impressionou salutarmente os que o ouviram.. Uma inteligência tão brilhante cativou muitas simpatias mesmo no campo adversário.
Durante muitos anos, a sua foi a voz oficial da Igrja e do Estado em soleníssimas ocasiões religiosas e cívicas. Fez o discurso de bertura do Congresso Eucarístico Nacional do Rio de Janeiro em 1922 e de Porto Alegre em 1948; no Concílio Plenário Brasileiro proferiu o elogio fúnebre de todos os bispos do Brasil; e foi ele tambem que fez o discurso oficial para o soleníssimo TE DEUM em agradecimento a Deus por todas as nações da América Latina representadas no Rio de Janeiro após a segunda guerra mundial.
O seu último comparecimento como orador foi durante o Congresso Eucarístico Internacional do Rio de Janeiro em 1955, quando falou para uma imensa asembleia de jovens, dando inspirado e ardente destaque àquela que foi sempre a sua primeira devoção, conforme o ensinamento de Dom Bosco, a SS.ma Eucaristia.
Como fruto de sua atividade cultural, deixa um magnífico complexo de obras leterárias de caráter religioso, em prosa e em verso: tres volumes de poesias, tres grande volumes de discursos, dois volumes de Cartas Pastorais, dois grossos volumes de reflexões sobre os evangelhos do ano litúrgico, um livro em latim de meditações para os bispos, e uma biografia de um seu colega de noviciado Pe. Armindo de Oliveira.
A morte o surpeendeu quase improvisa, lançando na consternação não somente a comunidade salesiana, mas a cidade e o Estado inteiro.
O Rev.mo Dom Antônio Barbosa,então Inspetor de São Paulo, assim descreve os últimos momentos: ”No dia 7 de março deste ano Dom Aquino teve que voltar ao hospital em São Paulo, por causa de graves complicações após um intervento cirúrgico. Depois de una efêmera melhora, o enfermo começou a piorar rapidamente por uma acentuada uremia. Alarmados, os superiores do Liceu salesiano acorreram imediatamente ao lado do augusto enfermo. O Cardeal de São Paulo enviou o seu bispo auxiliar para assistí-lo.
Advertido pela irmã enfermeira da gravidade da situação, Dom Aquino disse sereno: ”Sim, dêm-me a extrena unção e o santo viático!”
Depois das costumeira orações de agradecimento, quis que se rezasse o ADORO TE DEVOTE; em seguida acrescentou com grande humildade: ” Saiba morrer quem não soube viver”. O sacerdote que lhe estava ao lado objetou: “Mas vossa ex.cia viveu sempre bem”. “Que os anjos digam AMEN” respondeu ele. Foram as suas últimas palavras aos homens. Como que descansando a cabeça sobre o travesseiro, os olhos vítreos, os lábios continuavam em movimento de oração…E assim rezando faleceu o nosso querido arcebispo”.
No dia seguinte apó a celebração da S.Missa, “ praesente cadavere”, um avião oferecido pelo Governador de São Paulo, conseguido por intermédio de S.Ex.cia o Cardeal de São Paulo, transportou os venerados restos mortais de São Paulo para Cuiabá, piedosamente assistidos por um grupo de salesianos. Toda a cidade afluiu ao longo da ponte do rio Cuiabá, para esperar aquele que justamente era considarado o Pai das almas e da Pátria.
Durante o solene pontifical, presidido por Dom Orlando Chaves, bispo salesiano de Corumbá, com a assistência de outros quatro bispos, o seu auxiliar, Dom Campelo, pronunciou o elogio fúnebre com acentos de profunda comoção. Pela tarde, tendo melhorado o tempo após uma chuva torrencial na parte da manhã, o cortejo fúnebre percorreu as ruas da cidade , com todas as honras reservadas aos Presidentes eméritos do Estado.
O extremo adeus dado ao Pastor da Arquidiocese à entrada da catedral, antes do sepultamento, em nome do Governo, da Assembleia Legilslativa, da Magistratura, da Municipalidade e das várias classes sociais, foi a prova mais eloquente da gratidão de um povo inteiro para com aquele digno e inesquecível prelado da Igreja Católica.
Agora o venerado pastor descansa sob o presbitério da sua catedral, do lado do evangelho, segundo o seu desejo, para que os fiéis que se achegarem para a comunhão se lembrem de rezar por elr: tumba gloriosa, sobre a qual não faltarão flores e orações do bom povo cuiabano, que sempre o considerou um dos seus filhos mais ilustres, uma das suas glórias mais puras.
Também os seus irmãos salesianos não poderão se esquecer de quem deu tanto brilho à Congregação e tão bem viveu o espírito de São João Boco em todos os mais variados encargos que a Divina Providência lhe confiou para o bem da Igreja e da sua Pátria.
Lembremo-nos dele diante do altar e nas nossas comunhões, segundo seu humilde e vivo desejo."
fonte: http://www.missaosalesiana.org.br/falecidos.php?id=291

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