Ao mostrar o contraste entre a terra seca e a exuberância da água, o Cartaz chama a atenção para a devastação da Amazônia e o descaso com a vida. Representa a esperança de encontrar uma solução para os conflitos da região com base na solidariedade e no respeito às diferenças.
Ensinai-nos a reconhecer o valor de cada criatura
que vive na terra, cruza os ares ou se move nas águas.
Perdoai, Senhor, a ganância e o egoísmo destruidor;
moderai nossa sede de posse e poder.
Que a Amazônia, berço acolhedor de tanta vida,
seja também o chão da partilha fraterna,
pátria solidária de povos e culturas,
casa de muitos irmãos e irmãs.
Enviai-nos todos em missão!
O Evangelho da vida, luz e graça para o mundo,
fazendo-nos discípulos e missionários de Jesus Cristo,
indique o caminho da justiça e do amor;
e seja anúncio de esperança e de paz
para os povos da Amazônia e de todo o Brasil.
Amém.
Hino da Campanha da Fraternidade (2007)
1.Seja o verde o sinal da esperança
Na Amazônia, rincão da aliança
Sem os males que gera a cobiça;
Com o Cristo que tudo renova,
Haveremos de ver terra nova
Nova terra onde reina a justiça!
Rios, lagos, florestas e povos,
Bendizei ao Senhor na canção,
Bendizei ao Senhor na canção,
É canção que constrói tempos novos
Nossa vida e missão neste chão!
Nossa vida e missão neste chão!
2.Os apelos de Deus pela vida
Vêm na voz de Jesus que convida
Ao convívio na diversidade.
Pelo pobre que se há de acolher
A Amazônia vai se converter
Na Planície da fraternidade.
3.Amazônia, levamos ao mundo,
O clamor que se faz tão profundo
Por justiça, trabalho e pão,
Pela vida que se manifesta,
Pelos nossos irmãos da floresta
Pela paz e evangelização.
4.Amazônia, Amazônia, este canto
Nos ajude a enxugar todo pranto
Deste solo tão forte e tão terno!
E que a vida dos mártires seja
Novo sopro de vida na Igreja
E esperança de um mundo fraterno.
Objetivos Específicos
1. PROMOVER UM CONHECIMENTO ATUALIZADO E CRÍTICO DA REALIDADE DA AMAZÔNIA BRASILEIRA, DOS SEUS POVOS TRADICIONAIS E DAS FORMAÇÕES URBANAS, NO QUE DIZ RESPEITO À DIVERSIDADE DE SUA HISTÓRIA, ECONOMIA E CULTURA, SUPERANDO A DESINFORMAÇÃO, OS PRECONCEITOS E AS FALSAS INTERPRETAÇÕES;
2. DENUNCIAR SITUAÇÕES E AÇÕES QUE AGRIDEM A VIDA, OS POVOS E O AMBIENTE DA AMAZÔNIA, COMO OS PROJETOS DE DOMINAÇÃO POLÍTICO-ECONÔMICA QUE PERPETUAM MODELOS ECONÔMICOS COLONIALISTAS;
3. APOIAR E FORTALECER INICIATIVAS CORAJOSAS DE DENÚNCIA DAS CAUSAS DA VIOLÊNCIA E DE SEUS RESPONSÁVEIS, QUE JÁ FIZERAM CORRER TANTO SANGUE NO CHÃO DA AMAZÔNIA;
4. PROMOVER A SOLIDARIEDADE E A PARTILHA DE EXPERIÊNCIAS, SABERES, VALORES E BENS, NA CONSTRUÇÃO E DIFUSÃO DE ALTERNATIVAS DE CONVIVÊNCIA DIANTE DO MODELO CONSUMISTA NEOLIBERAL, CONTRIBUINDO PARA O FORTALECIMENTO DA IDENTIDADE, DA AUTONOMIA E DA SOBERANIA DOS POVOS E DAS COMUNIDADES DA AMAZÔNIA;
5. ESTIMULAR A MUDANÇA DE MENTALIDADE QUE SE EXPRESSE NUM ESTILO DE VIDA SIMPLES E AUSTERO, RESPEITOSO DO AMBIENTE E DO PRÓXIMO;
6. APOIAR E FORTALECER A PRESENÇA E A AÇÃO EVANGELIZADORA DA IGREJA NA AMAZÔNIA, BEM
COMO SUAS INICIATIVAS MISSIONÁRIAS E DE SOLIDARIEDADE SOCIAL;
7. INCENTIVAR A PARTICIPAÇÃO E O CONTROLE DA SOCIEDADE CIVIL, COM CRITÉRIOS DE GESTÃO SOCIOAMBIENTAL, NA ELABORAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS E PROJETOS LOCAIS, REGIONAIS, NACIONAIS E INTERNACIONAIS, PARA O DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA.
Neste ano a Campanha da Fraternidade nos coloca diante da Amazônia, com sua vastidão e complexidade. Olhar a Amazônia sob o prisma da fraternidade se constitui em convite que logo nos desafia a perceber os múltiplos laços de interesses comuns que a realidade amazônica nos apresenta.
Como todos os anos, o tema da Campanha, desde o seu lançamento, vem ungido pelo acerto da escolha, e pela preciosa oportunidade de grandes consensos que ele cria a nível nacional. A Campanha da Fraternidade se tornou laboratório de causas comuns da sociedade brasileira.
Desta vez, o tema assume também uma clara dimensão mundial, pela coincidência com as apreensões diante das mudanças climáticas, que revelam sua indiscutível gravidade, e apontam para a urgência de sintonizar melhor com a natureza, se queremos assumir as responsabilidades que nos cabem com a vida em nosso planeta.
Pela primeira vez a Campanha assume um tema localizado geograficamente. Mas isto não significa que seus objetivos se limitam a uma região determinada, mesmo com a grande extensão que ela apresenta. A Amazônia merece, sim, toda a nossa atenção, pela importância que ela possui, no contexto brasileiro e mundial. Mas ela aponta para problemas que ultrapassam suas fronteiras geográficas.
Na verdade, a Campanha da Fraternidade, assumindo a Amazônia como tema, colocou sua realidade na moldura de um grande espelho. Olhando para ele, podemos compreender melhor a complexa realidade amazônica. Ela exerce um fascínio que atrai e encanta, pelo prodígio de vida que possui, e pela misteriosa harmonia que consegue realizar em meio a situações que escapam à compreensão de quem a olha superficialmente.
Mas olhando para este grande espelho do mundo, na moldura de suas fronteiras, acabamos nos reconhecendo melhor, e percebendo os desafios cotidianos que se colocam em todas as regiões, de respeito com a natureza, de conhecimento de suas leis, de cuidado com sua dinâmica, de responsabilidade na interação com ela.
Assim, a Campanha da Fraternidade nos convida a assumir melhor a Amazônica, com a riqueza que ela representa para o Brasil e para o mundo. Mas nos convida também a rever nossa relação com o ambiente em que nos encontramos, nos reeducando para respeitar suas características, percebendo melhor sua sintonia , que se constitui em contexto vital que possibilita a manutenção de suas potencialidades junto com o seu crescimento harmonioso.
E’assim que nos damos conta que a Amazônia se constitui, antes de mais nada, num grande sistema de vida, num bioma rico em potencialidades, que precisa ser melhor conhecido, e manejado com mais responsabilidade.
Quando olhamos nosso planeta como berço de vida, é claro que nossa atenção se volta, prioritariamente, para a vida humana, ápice de todo processo vital nele existente. Também ao olhar para a Amazônia, a Campanha da Fraternidade centra suas atenções nos povos amazônicos, sobretudo os ancestrais, detentores de longa experiência de como conviver com a realidade amazônica.
Promovida pela Igreja, e proposta para toda a sociedade brasileira, esta Campanha sobre a Amazônia interpela a própria Igreja. Ela é chamada a assumir agora, com mais responsabilidade, sua presença na Amazônia, continuando a longa e benemérita ação de muitos missionários estrangeiros que até agora garantiram esta presença. Foi a presença da Igreja que, de certa maneira, desenhou as fronteiras da Amazônia brasileira. A continuidade desta presença é indispensável para a manutenção desta identidade.
Por sua vez, esta campanha alerta o país para as suas responsabilidades diante da Amazônia, ainda mais diante da inquietação internacional que ela suscita.
E como a Amazônia não é só brasileira, sua vasta realidade se torna excelente convite para a partilha de responsabilidades entre os países que partilham seu território.
Este o vasto leque de intenções desta providencial Campanha da Fraternidade.
D. Demétrio Valentini – Bispo de Jales (SP)