Página Inicial / Voz do Pastor / Homilia Papa na Vigília Pascal

Homilia Papa na Vigília Pascal

Foto: A cerimônia da Vigília Pascal no Vaticano, foi presidida pelo Papa Francisco neste sábado, 19, e concelebrada por centenas de sacerdotes, bispos e cardeais, na Basílica de São Pedro. A celebração teve início às 20h30 (horário italiano). Refletindo acerca do Evangelho proposto pela liturgia de hoje, o Papa Francisco destacou a frase de Jesus que ordena às mulheres: “Não tenham medo. Ide anunciar aos meus irmãos que se dirijam para a Galileia. Lá eles me verão. (cf. Mt, 28, 10)”. “Não tenha medo, é a voz que encoraja”, disse o Papa. “O anúncio das mulheres chegava como uma luz na escuridão. Não tenham medo e vão à Galileia”, enfatizou Francisco. Segundo o Pontífice, a Galileia é o lugar do primeiro chamado, onde tudo iniciara. “Voltar à Galileia significa reler tudo a partir da cruz e da vitória, sem medo. Não temer. Reler tudo. A pregação, a comunidade, até a traição. Reler tudo a partir do fim que é um novo início”. Francisco recordou também que, para todos os cristãos existe uma Galileia, trata-se do principio do caminho com Jesus. O Batismo, conforme explicou o Papa, é também este início de caminhada. “Ir à Galileia significa redescobrir o nosso Batismo como fonte viva; tirarmos energia nova para nossa vivência da fé. Retornar onde a Graça de Deus me tocou e levar calor e luz aos outros irmãos”. O Santo Padre também explicou que, na vida do cristão, depois do Batismo, existe outra Galileia, uma existencial, a do encontro pessoal com Jesus Cristo. “Ir à Galileia é recordar quando o Senhor nos chamara, disse meu nome e pediu-me para segui-lo. O momento em que Ele me fez sentir que me amara”, esclareceu o Papa. “Hoje cada um de nós pode recorda-se: qual é a minha Galileia? Eu me recordo? Lembro-me dela? Eu me esqueci? Procure-a, e encontrarás. Diga-me, Senhor, qual é a minha Galileia. Quero voltar lá para encontrar-te e deixar-me abraçar pela Sua misericórdia. Não ter medo!”, refletiu.

VIGÍLIA PASCAL NA NOITE SANTA
HOMILIA DO PAPA FRANCISCO
Basílica Vaticana
Sábado Santo, 19 de Abril de 2014

O Evangelho da ressurreição de Jesus Cristo começa referindo o caminho das mulheres para o sepulcro, ao alvorecer do dia depois do sábado. Querem honrar o corpo do Senhor e vão ao túmulo, mas encontram-no aberto e vazio. Um anjo majestoso diz-lhes: «Não tenhais medo!» (Mt 28, 5). E ordena-lhes que levem esta notícia aos discípulos: «Ele ressuscitou dos mortos e vai à vossa frente para a Galileia» (28, 7). As mulheres fogem de lá imediatamente, mas, ao longo da estrada, sai-lhes ao encontro o próprio Jesus que lhes diz: «Não temais. Ide anunciar aos meus irmãos que partam para a Galileia. Lá me verão» (28, 10). «Não tenhais medo», «Não temais»: essa é uma voz que encoraja a abrir o coração para receber este anúncio.
Depois da morte do Mestre, os discípulos tinham-se dispersado; a sua fé quebrantara-se, tudo parecia ter acabado: desabadas as certezas, apagadas as esperanças. Mas agora, aquele anúncio das mulheres, embora incrível, chegava como um raio de luz na escuridão. A notícia espalha-se: Jesus ressuscitou, como predissera… E de igual modo a ordem de partir para a Galileia; duas vezes a ouviram as mulheres, primeiro do anjo, depois do próprio Jesus: «Partam para a Galileia. Lá Me verão». «Não temais» e «ide para a Galileia».
A Galileia é o lugar da primeira chamada, onde tudo começara! Trata-se de voltar lá, voltar ao lugar da primeira chamada. Jesus passara pela margem do lago, enquanto os pescadores estavam a consertar as redes. Chamara-os e eles, deixando tudo, seguiram-No» (cf. Mt 4, 18-22).

Voltar à Galileia significa reler tudo a partir da cruz e da vitória; sem medo, «não temais». Reler tudo – a pregação, os milagres, a nova comunidade, os entusiasmos e as deserções, até a traição – reler tudo a partir do fim, que é um novo início, a partir deste supremo acto de amor.
Também para cada um de nós há uma «Galileia», no princípio do caminho com Jesus. «Partir para a Galileia» significa uma coisa estupenda, significa redescobrirmos o nosso Baptismo como fonte viva, tirarmos energia nova da raiz da nossa fé e da nossa experiência cristã. Voltar para a Galileia significa antes de tudo retornar lá, àquele ponto incandescente onde a Graça de Deus me tocou no início do caminho. É desta fagulha que posso acender o fogo para o dia de hoje, para cada dia, e levar calor e luz aos meus irmãos e às minhas irmãs. A partir daquela fagulha, acende-se uma alegria humilde, uma alegria que não ofende o sofrimento e o desespero, uma alegria mansa e bondosa.
Na vida do cristão, depois do Baptismo, há também outra «Galileia», uma «Galileia» mais existencial: a experiência do encontro pessoal com Jesus Cristo, que me chamou para O seguir e participar na sua missão. Neste sentido, voltar à Galileia significa guardar no coração a memória viva desta chamada, quando Jesus passou pela minha estrada, olhou-me com misericórdia, pediu-me para O seguir; voltar para Galileia significa recuperar a lembrança daquele momento em que os olhos d’Ele se cruzaram com os meus, quando me fez sentir que me amava.
Hoje, nesta noite, cada um de nós pode interrogar-se: Qual é a minha Galileia? Trata-se de fazer memória, ir de encontro à lembrança. Onde é a minha Galileia? Lembro-me dela? Ou esqueci-a? Procura e a encontrarás! Ali o Senhor te espera. Andei por estradas e sendas que ma fizeram esquecer. Senhor, ajudai-me! Dizei-me qual é a minha Galileia. Como sabeis, eu quero voltar lá para Vos encontrar e deixar-me abraçar pela vossa misericórdia. Não tenhais medo, não temais, voltai para a Galileia!
O Evangelho é claro: é preciso voltar lá, para ver Jesus ressuscitado e tornar-se testemunha da sua ressurreição. Não é voltar atrás, não é nostalgia. É voltar ao primeiro amor, para receber o fogo que Jesus acendeu no mundo, e levá-lo a todos até aos confins da terra. Voltai para a Galileia sem medo.
«Galileia dos gentios» (Mt 4, 15; Is 8, 23): horizonte do Ressuscitado, horizonte da Igreja; desejo intenso de encontro… Ponhamo-nos a caminho!

Você pode Gostar de:

Dia de Finados e a esperança na ressurreição

O dia 2 de novembro é dedicado à comemoração de todos os fiéis defuntos, aqueles …